quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Meninas-mulheres


Tenho evitado falar de uma das notícias mais brutais dos últimos dias. Uma menina de 8 anos, que não conseguiu furtar-se a um casamento de conveniência familiar com um homem de 40, morreu na noite de núpcias, na sequência de lesões internas provocadas pela vivência sexual a que foi submetida. Tenho evitado falar sobre isto, não só porque, ainda que não seja para aqui chamada a razão, o tema me é particularmente caro, mas porque, infelizmente, pertenço àquela amálgama de gente que dá voltas à cabeça mas não encontrou ainda maneira de pôr termo a atrocidades como esta. Opto por não deixar no post o nome desta vítima, nem tão pouco o link da notícia que dá mote à discussão neste momento. Acho, muito honestamente, que é melhor assim. Que é preferível encarar o fenómeno como uma questão da Humanidade, sem necessidade de personificação em A, B ou C. O Iémen não é, sequer, o único país em que isto acontece. Histórias destas são recorrentes, tal como histórias de mutilação genital e outras. À humildade em reconhecer na vastidão da diferença o direito a essa mesma diferença, somo uma inquietação crescente pela apatia dos Estados ditos desenvolvidos. As Magnas Cartas dos direitos fundamentais das crianças do Mundo (Declaração Universal dos Direitos da Criança e Convenção dos Direitos da Criança) são, com episódios destes, grotescamente escarradas diante da impávida de todos nós. É certo que escrevemos que não pode ser, que peticionamos o alargamento da aplicação internacional dos diplomas dos direitos, das liberdades e  das garantias, mas... e depois?! Ficamo-nos pelas intenções, sem capacidade de transpor a law in books para uma verdadeira law in action. Não sei como, não sei quando, não sei quem. Sei que é preciso fazer alguma coisa, urgentemente, pessoas do mundo.

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