domingo, 22 de abril de 2012

Talvez eu seja um tudo-nada maçadora, vá!

Quando hoje cheguei a casa dos meus pais, o mano ainda dormia. Sob o protesto habitual da minha mãe de "Não arrelies o garoto. És pior que ele." e mimimi, fui acordá-lo. Primeiro subi a persiana toda. Depois comecei a cantar (m-e-d-o!) e a dar-lhe muitos beijinhos e a despenteá-lo e a dizer "Minha pessoa preferida do mundo. Coisa mais melhor boa da sua mana. Gajo mais giro de todo o universo. Gooooossssstiiiii tantissimo. Gostas de mim?! Sim?! Diz que me amas infinitamente e que eu sou a tua pessoa mais preferida entre todas. Diz. Diz. Diz. Anda lá. Diz. Diz." Ele, estremunhado, suplicava "Oh mana, deixa-me. És, és a preferida, mas agora cala-te e vai-te embora. Gosto. Gosto. Pára. Se não páras eu não gosto mais de ti!". Este tipo de ameaças só me faz aumentar o nível de histeria, razão pela qual intensifico os beijinhos e xis e declarações de amor. Nisto, já tinha o meu pai e a minha mãe à porta do quarto a protestarem "Vocês ainda se aleijam. Isso não acaba sem vocês se aleijarem." O costume, portanto. Também lhe diziam "Oh filho, ela é tão chata, não é?!" E o mano respondia "Tu és impossível de aturar, mana. Fogo. Tu não tens pena de ser assim?! As pessoas sabem que tu fazes estas figuras?!" E riam-se todos. E eu continuava a declarar o meu amor àquela pessoa pequenina que já mede um metro e oitenta e oito. Nisto, o mano, ligeiramente enervado, levanta-se, seduz-me para um abracinho e dá início a uma sessão de cócegas. Como eu fujo e entro no meu quarto, o mano aproveita e fecha a porta à chave por fora e, enquanto me dirige palavras tão amorosas como "chata", "impossível" e "arreliadora", diz "Agora ficas aí até alguém te salvar!". Peço auxílio, refém no meu próprio quarto. Dizem-me em coro "Quando estivermos prontos, abrimos-te a porta.". Lamento-me. Dizem-me que é o preço a pagar por pôr toda a gente em alvoroço. Sento-me na cama e aguardo serenamente. À socapa, a mãe salva-me. Sinto-me a filhinha do seu coração. Percebo depois que não... precisava apenas que eu a ajudasse a escolher os sapatos que ficavam melhor no vestido! Aquela família maltrata-me, pessoas. 

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