terça-feira, 17 de abril de 2012

Os HUC e a crise

Por razões que não vêm ao caso, tenho ido, nos últimos dias, todos os dias, visitar uma pessoa aos HUC. E há uma coisa que me impressiona. De todas as vezes, eu arranjei estacionamento com a maior facilidade e quase à porta. Mesmo no domingo. Lá dentro, nos elevadores, andam poucas pessoas. Muito poucas. Já subi e desci algumas vezes sozinha. As camas estão cheias nos internamentos, mas muitas pessoas passam dias sem receber uma única visita. Os sinais da crise fazem-se sentir, por exemplo, quando há pouco, para uma ala inteira, com mais de 60 camas, estavam à vista dois enfermeiros. Só dois. Mas também se fazem sentir nos quartos só ocupados por doentes. Sem mais ninguém. O preço dos combustíveis, a necessidade de poupar em tudo, a obrigatoriedade de repensar os orçamentos abalados pelo desemprego e outras mazelas impuseram aquele silêncio hospitalar quebrado pelo som dos programas da tarde. Tocam telemóveis, mas não se tocam as pessoas. E isto faz-me uma confusão danada.

2 comentários:

  1. Nós vivemos num mundo em que se caminha cada vez mais para a solidão das pessoas. Não deveria ser assim...

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  2. é a mais pura das verdades.
    hoje em dia, as pessoas nascem no hospital e são devolvidas ao hospital para morrerem lá, longe da família.. não sei se é o resultado da crise ou da falta de educação/respeito. já não vale a pena fazer um sacrifício para visitar um familiar hospitalizado?! em relação aos enfermeiros são cada vez menos e estão cada vez mais cansados, saturados... e o apoio/acompanhamento aos doentes é menor.

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