terça-feira, 4 de novembro de 2014

Todos os dias

Todos os dias há mais medo. Todos os dias o desespero aumenta. Todos os dias levantar-me da cama custa mais. Todos os dias me apetece desistir com mais força. Todos os dias, todos, tenho uma vontade imensa de me afogar nas lágrimas que não vou chorando para não me embaciarem a vista. Todos os dias penso que não vale a pena, que isto não vai acabar, que se isto acabar vai acabar muito mal e porcamente, pronto a encher-me de vergonha e pena de mim, da desilusão em que me transformei. Todos os dias aparece um problema novo, uma chatice pior, uma preocupação grande. Todos os dias tenho de me arrastar para o mundo e fingir que resisto, que vou resistindo. Todos os dias. Todos. Hoje, agora, outra vez. O N. diz que o meu Santo meteu férias. Eu vou-me esforçando, para lá das forças que me conhecia, para não atirar a toalha ao chão, não dizer que já chega, não suplicar pelo fim pacífico deste tormento. Vou-me esforçando, todos os dias, por perceber a mensagem. Se entregar esta tese, na sua versão definitiva, decente, a 1 de Dezembro, mais que do meu brio, da minha inteligência ou do meu trabalho, ela será, isso sim, o fruto de um imenso milagre. 

2 comentários:


  1. Es tão CAPAZ, R... Varre os medos e as teias de aranha da tua mente. AVANÇA...

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  2. Essa sensação é NORMAL...mais um bocadinho! O DEPOIS é maravilhoso. Força.

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