domingo, 23 de novembro de 2014

Ainda esta semana, se Deus quiser,


hei-de ter a recompensa de tantos dias, tantas noites, tantas semanas, tantos sábados e tantos domingos sentada a uma secretária. Hei-de ter tempo para fazer a mais bonita e desejada árvore de Natal, vestir a casa de christmas mood e acender grinaldas de luzes a guiarem o meu caminho de agora em diante.


Isto é muito difícil. Isto cansa-me como não podem supor. Já fechei as primeiras partes da tese mais de vinte vezes. Volto sempre para corrigir mais qualquer coisa, escrever mais meia dúzia de linhas, introduzir só mais um artigo, ver se agora as coisas fazem mais sentido, estão mais explicadinhas, eu sei lá. Tenho a terceira parte a sair-me com dores. São dores nas costas, muitas, muitas, muitas, são dores nos pulsos, dos movimentos rotineiros, são umas putas de umas guinadas aqui do lado direito da cabeça, são angústias a esfrangalhar-me o coração, e o diabo a sete. A terceira parte sai-me como um parto... um parto a ferros, quentes e afiados. Um parto a lâminas, ou o raio. Não estou sozinha e mesmo assim volta meia volta desabo e choro como se o mundo fosse acabar. O meu homem trabalha na mesa da cozinha, não descansa, dorme pouco, mima-me muito, faz-me as refeições, lava-me a louça e inventa novas disposições para as almofadas decorativas da cama. Ainda consegue vir aqui de hora a hora dar-me um beijinho na testa e dizer que está quase. A mim só me apetece desistir e arrumar as botas. Estou farta. E vazia de palavras.

3 comentários:

  1. Essa sensação é normal, fica sempre, tanto, tanto, por "limar". Há que saber parar. Seguramente está muito bem...Está quase! Força.

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  2. Querida R., quero apenas mandar-te um grande beijinho para este último fôlego e um abraço pela coragem e determinação em chegar ao fim!! A vida só te pode sorrir!

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  3. R...nha: muita força! Falta pouco.Vem aí a bonança...

    Bj.
    C (en).

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