segunda-feira, 23 de junho de 2014

Uma casa de luxaria

Agora que o homem me apresentou o maravilhoso mundo do meo go, descobri o bom que é ver televisão na cama, a olhar para o ecrã do ipad ou do mac. Pois bem... não sou propriamente uma alma que se dedique a ver televisão todo o dia, mas há coisas a que gosto de tentar não faltar - e os jogos da selecção são uma delas. Ontem, pelo adiantado da hora para que o jogo estava marcado, tinha antecipado que a malta me encontraria era já em vale de mantas, a ver se recuperava do cansaço mais que acumulado um dia após o outro e a que, estou convencida, só um mês inteiro de férias agora daria tréguas. Mas não. A diversidade cultural desta casa permitiu que ele estivesse a ver, deitado do seu lado, muito solene, um programa do Canal História, enquanto eu, a básica de serviço, me degladiava com os auscultadores e berrava ao Ronaldo que chutasse na bola. Às duas por três, sensato, o meu homem apagou a luz do lado dele e abeirou-se de mim com calma. Pedi-lhe mais dez minutos de paciência e continuei o meu monólogo praguejante contra a triste sina do Nani, coitadinho, que se tinha esforçado tanto para nada, rien de rien. Dava já a tarefa por mal empregue, quando o homem me  diz, meio ensonado, que é golo. Atrevi-me a desgostar do pouco que fazia do meu sofrimento e adiantei-lhe que vínhamos para casa mais cedo. Dez segundos depois, em atrapalhada comemoração, saltaram-me os óculos, caiu-me o ipad, abanou-se o candeeiro, fez-se a festa. Estava capaz de o pôr a render, agora que o polvo Paul cedeu, e felicitei-o pelos seus poderes adivinhatórios. Não podia, mesmo, acreditar, quando, sempre deitado de lado e com um ar de quem quer mais é dormir, me diz que o vizinho de cima tinha gritado golo um tudo nada antes e que o meu ipad é que estava atrasado dez segundos... 

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