Guia da rapariga de hoje

Venho-me perguntando, ao longo da vida, muitas, mesmo muitas, vezes se a minha maneira de ser menina-mulher não se deve muito a facto de ter lido, de facto, o Guia da Rapariga de Hoje. Já aqui admiti que é um dos livros da minha vida e que me marcou em muitos aspectos, que volta meia volta o revisito, que se um dia tiver uma filha lho hei-de dar a ler como a minha mãe mo deu a mim, enfim... Mas quando, para ir cinco dias até casa dos meus pais, a não mais de meia hora da minha, preciso de pegar na minha lista de viagem e fazer uma mala com conjuntos completos, que incluem brincos e elástico de cabelo de cores diferentes, forço-me a pensar que isto só pode revelar que tenho alguns problemas. Entre uma viagem ao Douro na sexta feira e um domingo com as peculiaridades da Páscoa na nossa família, de facto, a maior parte do tempo vou andar com a minha mãe a fazer gulodices, a plantar flores ou na converseta. Os nossos homens da casa andarão a trabalhar e, quando muito, reuniremos com eles ao fim do dia para lhe sabermos como param as modas na rua, a que não pretenderemos ir muito, mais amigas de nos passearmos de pijama e, no limite, roupa adequada para dar banho aos cães. Além do mais, eu tenho lá roupa. Não é assim a de eleição, mas dá para sair à rua sem ser com ar de pessoa expelida pela máquina do tempo. Enfim... Já sabia que a minha veia princesa-ervilha (como lhe chama a minha P.) me obrigava a aceitar as limitações decorrentes das alergias várias, já me havia consciencializado do quão esquisita posso parecer com todas as manias de limpezas e pancadas de arrumações, mas acho que, com a idade, estou a piorar. Só pode. Bem... vou ali começar a organizar as coisas para a mala que só fecharei amanhã antes de seguir viagem. Não sou má mocinha, que não sou... mas também não tenho as 3/4 bem aferidas, quer-me cá parecer.