Ontem diziam-me que não tenho escrito posts com alma. Contra factos, podia poupar-me a argumentos. Mas prezo de mais o poraquipasseieu para não me deter perante uma verdade tão absoluta. A normalidade que aqui destilo é a que me tem acompanhado na vida. Nunca vos disseram que, mesmo que o vosso coração esteja partido em mil pedaços, o mundo não pára à espera que o consertem?! Não?! É pena. É uma informação útil para se guardar na algibeira. Fiquem com ela para futuro. O mundo não pára. Por cada dia em que se perderem em pensamentos e choradeiras, lamento informar-vos, ganham apenas... menos um dia. Não quero com isto dizer-vos que não os percam e não seja essencial que se percam neles. Quantas vezes não precisamos nós de perder-nos para... lá adiante, nos encontrarmos?! Nem mais. Mas um blog, por mais intimista que seja, é um espaço público. Ora, meus queridos, há dias em que tudo o que não precisamos é de público que nos assista à alma. Podia, bem é de ver, não escrever nada. Têm razão. Mas a cada adensar do meu silêncio, conheço-me bem, competiria seu mergulho mais fundo no pantanoso mundo da mágoa. Não quero isso para mim. Não me desejo tamanha fraca empreitada para a vida. Preciso levantar-me, sacudir-me, repontuar-me, como vos disse, e recomeçar. Devagar, devagarinho, mas cada passo em frente é um adeus maior ao que fica para trás, é um contorno novo no fim que se escreveu. Acho que já vos disse, não sei quando, mas até mais do que uma vez, que sou incapaz de calar um gosto de ti, de engolir o que me parecem os bons sentimentos por alguém, de conviver com uma disciplina em matéria de me dar. É a marca de um feitio que não me vejo mudar. É em nome dele que não me calo enquanto me resta uma esperança pequenina. Digo tudo. Insisto. Não desisto. Prefiro cada vez mais que seja assim. Sei que me esgoto, mas que é por uma boa causa. Só esta maneira de me entregar permite a paz de espírito com que, adiante, me repontuo. Não se trata de um jogo de tudo ou nada. Mas quase. Porque depois de dar tudo, dizer tudo, esventrar-me inteira, posso, sossegada, secar e renascer se a história não se cumpre. É a partir daí que os silêncios passam a fazer sentido, que me calo, que peço encarecidamente que se calem, que, por amor às pessoas, preciso tratar-me daquela pessoa, que esmoreço e me questiono, mas sigo em frente. Lá chegará o dia em que nada no meu pequenino mundo se abala mais. A este propósito, já pensei muitas vezes fechar este blog e começar outro, precisamente porque me esventrei diante de, pelo menos, 105 pessoas. Mas não o farei. Ninguém vive sem passado. É ele que nos molda o presente e o futuro. Não somos figuras estanques da história. Levamos na alma (lá está!) o que nos doeu. Como os gatos escaldados, que aprendem a ter medo até da água fria. É por isto tudo que não vos escancaro a alma. Estou a consertá-la. Tenho a vontade e a vida toda pela frente. É quanto me basta. Reconheço-me as ansiedades próprias das pessoas que se impulsionam para a frente, mas não tenho urgências por cumprir que me impeçam de reconhecer que ainda sou bem feliz. E é isto. Vou comprar legumes que logo quero fazer uma sopa. Lov u all, pessoas.
:) aqui está ela: a alma! E que bonita alma...
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