terça-feira, 17 de abril de 2012

O comentário que deu post #1

O título é roubado à Rita, mas acho que ela não se vai zangar comigo...

Este post reproduz um comentário que deixei no post anterior, a propósito de um eventual projecto de doutoramento do pedro b.

Como não é a primeira vez que me perguntam por que raio me meto nisto se depois é para me andar a queixar, talvez o post ajude a entender o que se passa comigo.

E é isto:

Pedro, uma vida normal é aquela em que não tens de carregar sobre os ombros e, pior, na tua mente, uma preocupação constante com um projecto laboral que parece não ter fim... anos a fio nisto. Porque mesmo quando não estás a trabalhar, sentes-te mal... porque devias estar. E há alturas em que não trabalhas, de todo, ou porque a tua vida não pode e não se resume àquilo ou simplesmente porque não consegues, ficas ali dias inteiros a escrever 1 frase e a apagar 15.
Mas isto é a minha visão das coisas, não quero mesmo que me leves a sério e deixes de o fazer se achares que vai ser bom para ti. A questão prende-se mais com isto: eu não sou feliz a fazer teses, nunca fui. Eu faço estas coisas porque são a única maneira de poder continuar na profissão que amo. Para mim, elas não são um fim, mas um meio, entendes?! Ora, quase sempre os meios para se alcançarem os fins são uma coisa que prezamos menos. Eu gosto de dar aulas, gosto de escrever artigos pequenos (20/30 páginas), gosto de investigar um tópico para saber mais daquilo, gosto de pensar sobre as coisas mas sem uma deadline que não seja a da minha disponibilidade para me inteirar melhor do assunto, enfim...
Para alguns, e talvez acertadamente, eu não serei uma académica por excelência, mas é o que temos.
No fim, sinto um profundo orgulho do que faço, mas mesmo aí tenho dúvidas que não somem (eu só as calo e fico com elas só para mim) e continuo a achar que os anos de vida que se perdem, os cabelos brancos e as rugas que se ganham e o frangalho humano em que em algumas fases nos tornamos não compensam. O meu sonho de felicidade passa por coisas bem mais simples, mesmo bem mais simples.
Mas enfim... como te disse no princípio, isto é a minha opinião. Há gente que delira de alegria com estas empreitadas...
Espero que faças a escolha certa. E que sejas feliz... à tua maneira!

4 comentários:

  1. Oh pá, estou furiosa com o roubo do título. É hoje que te bou à cara! :D (isto lido à porto)

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  2. Sinto exactamente o mesmo...Não estou só!!!

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  3. todas as pessoas que eu conheço que estão a fazer doutoramento (ou já o fizeram) argumentam mais ou menos a mesma coisa. aliás, eu fiz uma tese de mestrado e sei bem o que é perder um dia inteiro para escrever um mísero parágrafo. bom, não é a mesma a carga de trabalho e a pressão é muito maior, e por isso também só pensei no assunto, mais ou menos embalado pelo doutoramento do meu irmão e pela falta de rumo que a minha vida parece ter agora.
    no meio disto tudo, posso ainda dizer que está muito mais gente à minha frente para tentar subir um nível académico, gente que acredito que tenha muito mais vontade e qualidade para isso mesmo.

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