quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mudaste

Coisas que há uns anos eu nunca imaginaria fazer e que hoje faço na boínha: passar uma esfregona no chão enquanto falo ao telefone com a chefia. Há pessoas que falam muito... coisas que espremidas dão muito pouco sumo... são pessoas palavrosas, usam repetidas sucessões de palavras caras para dizer quase nada. Já não tenho paciência. Nem tempo. Entalo o telefone entre a orelha e o ombro e continuo a fazer a minha vida. De vez em quando digo sim, não, hum, hum, claro, claro. Uma vez por outra saco de uma frase mais elaborada, para dar ares de que as minhas conversas de sonho se situam naquele patamar. Mais raramente, e só com alguns, uso o título académico na introdução de uma ou outra frase. A malta fica contente e eu fico com o chão impecável. É isto. 

Adaptável a bater bolos à mão e a esfregar a louça sem ter a água a correr ou, tendo, fazendo de conta que se está com tosse, para não parecer que estamos a fazer chichi. Ah, claro, e a limar as unhas.

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