Quantas vezes devemos nós tentar corrigir um "e se"?! Uma ou muitas?! Sempre tive um medo enorme de perder uma história por uma palavra que não disse, um gesto que não tive, um convite que não aceitei, um telefonema que não fiz, um encontro a que faltei. Sempre. Por isso, quando perdi uma história em que não tinha dito algumas coisas, tinha evitado alguns gestos, tinha recusado alguns convites, tinha controlado a vontade de fazer alguns telefonemas e tinha faltado a alguns encontros, conheci o gosto amargo do "e se" de quando se perde. Teria sido bem mais fácil deixar sobre os ombros do destino o mau bocado que passava, mas fui educada para assumir as minhas responsabilidades e orgulho-me disso. Digo desculpa com a facilidade com que me sinto em falta com alguém e reconheço que preciso de fazer alguma coisa quanto a isso. Não cultivo qualquer mania de razão constante e sei que há sempre muitas leituras de um mesmo acontecimento. É por isso que não me custa emendar a mão, voltar atrás, baralhar e tornar a dar, fazer os "e se" de que me julgo devedora. Às tantas, porém, podemos ter de confrontar-nos com um desfecho diferente do que esperávamos na sequência de um caminho sem "e ses" pendurados. Pode, concedo, ser porque os "e ses" têm um tempo para acontecer e não podem compor-se noutros contextos. Pode, é certo. E com isso deixaria de fazer sentido todo o processo. Pelo que não é essa a verdade por que me guio. Pode, por outra banda, aquele "e se", afinal, não ter poder nenhum, não ser motor de mudança de nada, nem ontem, nem hoje, nem amanhã. E fica a dúvida: porque é só nosso ou porque soa a fraco sucedâneo ao outro e requer investimentos maiores?! Quantas vezes devemos nós tentar corrigir um "e se"?!
Confesso que os "e ses" me assustam.
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