Imaginem que A e B vão à capital e por lá encontram uma equipa de reportagem de uma televisão de um país da américa latina que está a fazer uma viagem à volta do mundo num carro com bandeiras de todos os países. Imaginem que A e B são pessoas sociáveis e metem conversa com a equipa numa estação de serviço. Imaginem que B, casado com a A, é oriundo de um país vizinho do da equipa de reportagem, estando em Portugal há 12 anos porque se apaixonou por A quando A foi àquele país de férias. B largou tudo e correu atrás de A. São bem felizes até hoje. Imaginem que a equipa diz estar empenhada em filmar tradições locais, conhecer pessoas, filmar o Portugal mais genuíno, bem mais que em levar para casa as imagens dos roteiros turísticos. Imaginem que a equipa comenta que está a caminho do Porto. Imaginem que A e B convencem a equipa a passar o fim de semana na casa de família de A, a meio caminho, uma vez que por lá se comemora o Santo António e haverá arraiais e uma família numerosa à mesa e iguarias típicas e uma matriarca cheia de histórias para contar. Imaginem que a equipa aceita. Imaginem que os pais de A, com 79 e 93 anos, são pessoas que gostam é de casa cheia, pelo que fazem uma festa quando vêem chegar aqueles "amigos" para o fim de semana. Imaginem que no domingo toda a família ali se reúne em casa e convive em amena cavaqueira com a equipa. Imaginem que a equipa devia seguir viagem depois de almoço, mas a mãe de A convence a equipa a ficar para filmar a procissão da terra, o cruzeiro enfeitado e uma tardada da sua família. Imaginem que no fim do dia já a família e os moços da equipa tinham private jokes e se despediam quase em lágrimas, prometendo-se mutuamente visitas. Imaginem que na família não houve ninguém que questionasse a sensatez do episódio, porque questioná-la seria não conhecer a família a que se pertence.
E pronto, A é a tia máinova e B o seu querido mais que tudo. Os pais de A são os meus avós. E a família é a minha.
Viver para contá-la, diria o García Márquez. Eu prefiro dizer Viver para vivê-la... Ao almoço não havia nem mais uma única cadeira disponível em casa e quando, em bando, nos deslocámos ao café da terra, éramos ainda mais do que de costume. Perguntaram à avó se não tinha medo de pôr estranhos em casa e ela respondeu que tinha medo era de deixar de confiar nas pessoas. E que em casa dela há sempre lugar para mais um. Eu já vos disse que adoro a minha avó?! Pronto. É isso. Passou o tempo a encher o prato à malta e a gabar-nos... Vamos na reportagem com a imagem de últimas coca-colas do deserto, de últimas bolachas do pacote. Não somos, mas a avó... bem... a avó é mesmo. E eu pertenço à sua gente. E tenho um orgulho do tamanho do mundo.
Só podia ser a Tua Família!!! Vocês são unicos e a avó R. uma grande senhora!!!Bjokas
ResponderEliminarSó podíamos mesmo! Foi o que eu pensei ontem... juro. Só em casa da minha avó R. é que acontecem estas coisas :) Beijinhos*
EliminarÉ só mais uma das muias histórias fantásticas a acrescentar ao livro sofre ela!! bjinhos:)
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