Tinha acabado de se levantar da mesa quando me ouve choramingar em gritinhos:
"Nãããooo, não me deixes aqui. Por favooooorrr, não te vás embora assim. Aaaaaiii, aaaiiiii que sofrimento."
Parou, confuso, a olhar para mim que, de pé, continuava com um ar de sofrimento imenso a proferir a ladainha, acrescentando, já mais séria:
"Coitadinha! Está tão triste!"
É então que, cheio de coragem e vencendo o susto, me pergunta o que é que eu tenho. Muito calma, expliquei-lhe:
"Eu ouço os objectos. E, neste momento, aquela cadeira que tu não puseste para o sítio e deixaste ali desasada da mesa está profundamente magoada."
Ele conteve-se. Enfiou o rabinho entre as pernas e foi pôr a cadeira no lugar. De novo voltado para mim, abanou a cabeça, como que a dizer-me que eu tinha problemas.
Eu, toda sorridente, fiz a alegada voz de cadeira e agradeci-lhe dizendo:
"Obrigaaadaaaaa B., obrigaaadaaaaa amiguinho! Agora sim, podes ir em paz!"
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