Estou farta deste calor. F-a-r-t-i-n-h-a de todo. Estou farta de não poder vestir collants, de o sol me deixar o pescoço e as mãos cheios de bolhinhas de água, de ter de dormir destapada, de trabalhar de ventoinha ligada, de me cansar mais que de costume. Estou farta. Estou cansada de ouvir falar em incêndios, de ver a moleza nas caras das pessoas que sofrem com este calor. Estou farta. Espero, em segredo, que o Inverno não tarde, que as mantinhas nas pernas comecem a apetecer-me, que as massagens de pedras quentes me soem a momento bom, que o verniz das unhas não crie bolhas, que não pareça ridículo vestir casaco, usar chapéu de lã, cachecóis e echarpes. Quero cá os dias dos chás quentinhos, dos banhos demorados, dos desenhos de corações nos espelhos da casa de banho, nublados pelo vapor. Quero cá os serões à lareira. Quero cá o Natal, as luvas e as nuvens que saem da boca de uma pessoa quando fala no Inverno. Quero cá o frio. É isso.
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