quarta-feira, 5 de junho de 2013

Da amizade

Um amigo está sempre lá. Um amigo sabe que, numa hora difícil, precisamos dele e... não falha. Um amigo aparece mesmo que não o convidemos, só para não nos deixar sozinhos. Um amigo, por outro lado, fica ali connosco também nas horas mais felizes, a rejubilar com a nossa alegria, a ser contente connosco. Tenho um amigo assim. Chama-se período menstrual. Nunca vem sozinho. Regra geral, traz uma turma de dores lancinantes e que me levam a querer passar o dia deitada, com uma botija de água quente sobre a barriga. Este meu amigo nunca me falha. Nem em festas, nem em exames. Este meu amigo está sempre lá para mim no único dia do Verão em que a bandeira da minha praia está verde. Este meu amigo costuma acompanhar-me nos fins de semana em que decido instalar-me em hotéis com piscina. É um amigo que gosta especialmente de desafios e se diverte a aparecer-me se andar de calças brancas. É um amigo de anos, que há-de cá ficar ainda por muitos anos (esperemos). E é assim. Um querido. Hoje, lá se lembrou que eu tinha o exame final de alemão e... aí está ele. Exultante. Presente. Todo rodeado da sua turma de dores. A fazer-me sentir que... enfim... não estou sozinha. 

Já diz o outro: Desconfiai dos seres que sangram todos os meses e, ainda assim, percorrem as ruas do mundo como se nada lhes doesse. Somos as máióres, é o que vos digo.

1 comentário:

  1. Passei por aqui e deparei-me com este texto. Como mulher não pude deixar de me identificar com ele. Antes de começar a tomar a pílula (comecei a tomá-la muito cedo por orientação médica - acne, o raio da mentruação também se lebrava de aparecer nas alturas piores - fins-de-semana de provas de natação em que ter dores era o mais inconveniente -, às vezes estava dois meses sem o ter e, aquando a prova, ela aparecia.
    Com a pílula, as dores que antigamente eram quase insuportáveis acalmaram bastante (mas continuam a doer bem!
    DM

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