Chorar faz bem

Também choro muito a conduzir, quando vou sozinha, com a música em altos berros, mas ultimamente, porque passar a viver aqui retirou dos meus dias aquela hora ao volante, choro no banho. Tenho verdadeiros momentos de pranto no banho. Parece que ali, sozinha, com aquele barulho confortável da água a cair, tem mais sentido. É uma espécie de ritual. Vou-me controlando, sorrindo, meneando. Depois chego ao banho e desisto por momentos. Digo todos os disparates, anuncio todas as más decisões, risco todos os projectos que não podem ser riscados, arrisco ao limite que não devemos arriscar. Quando saio do banho, venho lavada. Por dentro e por fora.