E pronto. Aos vinte e nove dias do mês de Novembro do ano da graça de dois mil e doze, pequena r. maria escreve o post que marca a viragem na opinião que os seguidores têm dela, mas está impaciente e não consegue calar a coisa. Pequena r. maria sempre disse que gostava de criancinhas e até tem aqui uma etiqueta, chamada tic-tac, a esse propósito. Há, porém, no correr dos dias, alguns dos ditos em que pequena r. maria se entristece sobremaneira e quase se vê obrigada a acreditar que o instinto maternal lhe falta. Pois que pequena r. maria gosta de crianças e até tem paciência, desde nova que participa nas visitas de estudo organizadas por sua mãe e fica responsável por uma catrefada de criancinhas, ensaia peças de teatro com criancinhas, escreve cartas ao pai natal com criancinhas, tem seis afilhados e diz que as criancinhas filhas de amigos são sobrinhos. Pequena r. maria tem um irmão preferido mais novo onze anos, dois meses e cinco dias menos cinco horas e, embora em tempos lhe tenha arreado, ainda hoje se penitencia pelo facto e pede ao mano que a perdoe. Pequena r. maria toma conta de putos na praia se for preciso, deixa que lhe mexam no cabelo, dá papa e dizem as mães que o colo de pequena r. maria é um bocadinho mágico porque os filhos rabetos às tantas lá adormecem. Pequena r. maria canta e dança e vai ao teatro e ao cinema com as criancinhas, tem um cartão de sócio do Imaginarium e gasta a legítima em chupas e livros e cenas para gente pequena. Porém... pois, porém, há horas do demo e é nessas que pequena r. maria perde o filtro e tem muita vontade de mandar um berro à criancinha e outro à mãe da criancinha. Mas um berro bem mandado, daqueles de se verem as amígdalas. Pequena r. maria gostava que as pessoas de Viena a tomassem por penteada e, além do mais, antes de, lá pelas duas da madrugada, pôr pernas ao caminho, ainda tem um jantar semi formal. Ambas as coisas obrigaram pequena r. maria a ir ali num instante ao salão ver se lhe domavam a juba (ainda falta pintar as unhas, mas faço isso daqui a nada, depois de tomar banho e antes de me vestir para o tal jantar). Pequena r. maria quis ocupar aquela hora a ler sobre a vida de Luciana Abreu e ninguém tem nada com isso, porque pequena r. maria é livre e paga impostos portanto lê o que lhe dá na realíssima gana. Acontece que pequena r. maria não conseguiu ler nada da notícia, nem perceber como vai ser o Natal da família, porque teve toda a santa hora uma criancinha a guinchar ali ao lado. Estava a mãe a pintar o cabelo e a filha a guinchar. A mãe era tia e disse para aí umas três vezes "Não faça isso!". Enquanto a cena decorria, pequena r. maria engolia o berro. E custou-lhe. Chegou a casa e teve de beber água e tudo. Não sabe se lhe apetecia mais berrar à filha, se à mãe, e talvez ainda venha a parir filhos que guinchem e com um pai assim desta raça de desligados que continue a ler o jornal e a dizer "Não faça isso! (bem... não, que diz que há-de ver se cumpre o pré requisito de não querer tratar os garotos por você nem exigir que ela lhe trate os pais por tios). É isto. Está com uma dor de cabeça medonha. E com a vocação periclitante. Sabe agora lá se nasceu para sorrir e achar tudo lindo e maravilhoso só porque a criatura lhe cresceu na barriga dilatada. A ver. Por ora, apoquentam-na os guinchos da criancinha dos outros. E não é pouco.
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