terça-feira, 23 de outubro de 2012

Uma escolha difícil

Fui almoçar com uma amiga com quem almoço pelo menos uma vez por mês. A minha amiga tem uma hora certinha para o almoço, pelo que aproveitamos sempre o tempo o melhor que podemos e sabemos, o que implica não inventar muito e almoçar num sítio bem perto do seu local de trabalho. A minha amiga começou há uns dias a trabalhar no Polo 3. Eu nunca tinha ido ao Polo 3 (shame on me). Vai daí, ainda por cima sabendo que havia estacionamento fácil e tudo e que eu também não podia pastelar muito, combinámos no Polo 3. Fomos à cantina. É grande e airosa, limpa, arrumada e organizada. Há social e outra, há bar. Há cadeiras para toda a gente. E mesas. Está mesmo, mesmo, mesmo ao lado dos edifícios das aulas, numa mini cidade universitária que pode rivalizar com qualquer outra cá dentro ou lá fora. As salas são amplas e luminosas, todas cheias de tecnologias e a cheirar a novo, o piso é certo, há gabinetes para toda a gente e bancos de jardim numa espécie de alameda que percorre a mini cidade. Estou em estado apoplético. Amo de paixão poder dizer que há treze anos que a minha segunda casa, o meu local de trabalho, é um monumento nacional, fundado há mais de setecentos anos, que todos os dias atravesso uma porta com quase quatrocentos anos e que cada uma das minhas salas tem as marcas, na sua história, da formação de alguns dos homens e mulheres mais ilustres deste país. Mas a verdade é que a equação diária a que somos obrigados, de escolher entre ter luz e ouvir um zumbido permanente ou não ficar com dores de cabeça mas ver os alunos apenas por entre o lusco fusco ou a ginástica imprescindível dos meses das orais de Inverno, em que é preciso combinar com os colegas das outras salas qual é o período do dia em que podemos ter um aquecedor ligado, embora só num botão, porque pedir mais que isso ou juntarmo-nos todos em revolta pelo quentinho faz disparar o quadro, ou a vaga sensação de coisa esquecida que nos dão algumas janelas sem vidros, os pilares suportados por ganchos de ferro que lhes trincam a pedra sem dó ou as escadas gastas que convidam às quedas, tudo junto, faz quase invejar o Polo 3. Só não ganha à companhia dos claustros, ao cheiro a livro que vem das portas, à serenidade dourada da capela contígua e à certeza maior de todas de sermos nós, ali à saída da sala 1, os únicos a poder dar pontapés na raposa que, dizem, transforma os exames difíceis em provas para meninos. 

2 comentários:

  1. Eu andei lá, eu andei lá!!!! Amo de paixão! Não trocava por nada mais moderno!

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  2. A biblioteca do Pólo 3 é dos meus locais preferidos para trabalhar. Digo-te, condições luxuosas, mas há alguma má construção em determinados locais.

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