Há dias em que nos dá para as arrumações de fundo, o que vale por dizer que organizamos o que anda dentro de armários. Desta feita, no sábado, a propósito de não estar a encontrar uma determinada toalha de chá de estimação, passámos horas, horas, eu e a mãe, a arrumar gavetas e arcas antigas. Decidimos pôr mãos à obra por volta das dez da manhã e já passava das quatro quando fechei a arca-banco do hall dos quartos. Não arrumámos tudo, só a roupa de casa, excepção feita à roupa de cama e aos atoalhados de casa de banho. Portanto, a lide incluiu toalhas da mesa (aí umas cinquenta), entre melhores e piores, de renda, de linho, bordadas à mão, bordadas à máquina, mais de ter a uso ou não, da cozinha, de chá, da sala, entre temáticas de Natal e Páscoa e bilros, ponto crivo, compradas com o primeiro ordenado da minha mãe ou bordadas à mão pela senhora que morava ao lado da escola de A., onde deu aulas há vinte anos, toalhas redondas, quadradas e de três metros, com e sem guardanapos, jogos de quarto, de cozinha, panos de tabuleiro, de tapar o jarro da água, de cesto do pão, individuais, almofadas decorativas, aventais, panos da louça, pegas, sacas do pão de tecidos vários e outros alinhados, bordados, rendados e parentes dos ditos. Foi uma estafa, mas temos tudo tão organizadinho que dá gosto abrir as gavetas. Para a próxima, vamos para os lençóis e colchas de cama. Confesso que enquanto a tarefa durava, me convencia muito que há dois tipos de pessoas: as que nascem filhas de mães como a minha, que sabem de cada base de copo com bordado minhoto que têm em casa, que fazem enxovais, pelo menos às filhas meninas, onde se inclui de tudo um pouco e que lhes passam esta teimosia quase ultrapassada de não servir um chá num tabuleiro sem pano, usar muitas vezes guardanapos de tecido e olhar para uma toalha bordada à mão e quase se emocionarem e... as outras. Há coisas que uma pessoa traz de casa e que, definitivamente, nos marcam para sempre.
Minha querida tenho uma mãe que é assim. Ainda hoje, em casa dela, nunca se usam guardanapos de papel. Tem horror! E ele é arcas e mais arcas carregadas de lençois e toalhas e paninhos...que para seu grande desgosto eu não quis trazer quando casei...mas o que é certo é que agora aprecio cada vez mais essas peças...acho que é da idade.
ResponderEliminarOntem perguntei à minha filha se quer começar a fazer enxoval (vai fazer 19 anos!). Resposta pronta: - Credo mãe! (Exatamente a mesma que dei à minha mais ou menos com a mesma idade). Se eu soubesse o que sei hoje... ;)
ResponderEliminarLá está, Nani: a minha mãe não perguntou. Quando dei por ela, tinha uma arca antiga cheia de lençóis, colchas, toalhas, paninhos de tudo e mais alguma coisa, enfim. E como depois, aos 18 anos, compraram uma casa onde, tivesse a minha vida seguido outro caminho, viveria agora, completou-se o enxoval com tudo o que possas imaginar, de faqueiros a cobertores, jarras a arraiolos, varinha mágica, batedeira, trem de cozinha, copos, pratos e tuditudi. A verdade é que, neste momento, metade dessas coisas estão a uso. Como deves imaginar, não fui viver para aquela casa, mas não tinha sentido tê-la equipada com tudo e andar a comprar duplicados para a minha casa actual (e que deve manter-se pelo menos até acabar o doutoramento). Os pratos que tenho na cozinha, o faqueiro que tenho a uso, a jarra da entrada, as toalhas da casa de banho, os lençóis da cama,... tudo de lá :) Imagina só o que eu poupei :)
EliminarBeijinhos***
É o que dá ter filhas com gostos peculiares e que não gostam de 'paninhos de loiça nem jarrinhas'. Esquisites dizem alguns (?!) Seja! Eu também fui esquisita. Ninguém é obrigado a gostar dos enxovais das mães, apesar de achar que até sou uma mãe que tem bom gosto. E não acham isso todas as mães de si próprias? ;)
EliminarA diferença entre mim e a minha mãe? É que eu perguntei à minha filha se quis enxoval. Não querendo, tem a opção de ter um 'pé de meia' para mais tarde o comprar ela. Eu não tive essa opção!
Longe de mim forçar a minha filha a comer em pratos 'fatelas'. Era 'bué' mau. ;) Imagina o que ela vai poupar, mesmo que a poupe eu não a castigando por ter nascido 'esquisita'. ;)
Beijinhos
Também é verdade :) Eu é que sou toda dada a panos e paninhos, pelo que o enxoval acabou por me assentar :) Beijinhos***
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