sábado, 20 de outubro de 2012

E o S. Martinho que não chega...

Andamos de roda da minha mãe para acender a lareira. Confesso que não está assim frio de rachar por aqui, que estou a trabalhar com uma camisola de manga comprida, um casaco de malha por cima, calças e meias de algodão e que me basta uma mantinha nas pernas para estar confortável, que as mãos não me gelam e que ali fora, na espreguiçadeira, ao sol, até está um calorzinho, mas gostamos de lareira e gostamos ainda mais de sábados à tarde com lareira, de andar por aqui em trajes de conforto, de aquecer as mãos nas chávenas do chá, de fazer biscoitos caseiros ou um bolo daqueles de massa simplória, que não há riqueza maior para o paladar de Outono, mas a mãe insiste. Todos os anos é a mesma saga: antes do S. Martinho, que não, que não Senhor, que ainda não apanhámos pinhas nem paus pequeninos, que é um gasto de lenha medonho, que não, que não, que não. Há pouco lá lhe disse que no próximo fim de semana não vinha "à terra". Saiu-lhe muito pronta a insinuação: o outro é quase prolongado, podia vir, podíamos fazer compota e... acender a lareira. Despachar os homens para um programa de gajos e ficar ambas as duas sozinhas a pastelar pelo menos um sábado à tarde. Que à noite trabalho para recuperar e mimimi. Estamos em negociações, portanto. Que eu faço o que for preciso para dentro de pouco tempo poder enfiar os pés e as mãos na beira de uma lareira que crepita contente, a assistir a esta família. 

1 comentário:

  1. Adorei a forma como descreveste. Até eu gostava de estar á lareira, a crepitar, com esta chaveninha de chá que tenho agora na mão!

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