Que na vida, tirando o preto e o branco, nada, mesmo nada, é preto ou branco assim sem mais... todos sabemos. Mas... Andamos demasiado enfadados para, nas particularidades mais sérias da existência, nos determos o tempo suficiente para reconhecer que essa coisa dos lados é uma infantilidade e espartilhamos as opções que fazemos sem desperdiçar o conforto da máxima "quem não está por mim, está contra mim". Sonhamos muito... e alto. E é nisso que revelamos a perfeição maior. Quando concretizamos, ou nos martirizamos pelo bolor do ideal ou aceitamos, resignados, a lógica do assim-assim. Numa ânsia de domínio sobre o nariz, arredamos a crítica e avançamos de modo implacável pelo que anunciámos, tantas vezes quando já perdemos a vontade de o fazer. Toleramos tudo, menos perder. E mostrar fragilidades. Dizer "Não sou capaz". Cumpro escrupulosamente esta mesma receita para ser gente, reconheço-me as características todas de quem não passa de normal. E, no entanto, ao assistir há pouco à reportagem da TVI sobre a devolução de crianças em período de pré adopção, não esqueço a mediocridade com que, há pouco mais de dois anos, me dispus a conhecer-lhes as histórias. Todas, sem excepção, têm um ponto final. E nem só de coisas tristes vivem os que amassam estes "era uma vez". No entanto, invariavelmente, sempre que recordo alguns, questiono-lhes a pontuação. Se são erros?! Não creio. Perdi a inocência quando parti o espelho e vi a história de todos os ângulos. Não há vencedores e vencidos. Pior, muito pior... não há os bons e os maus. E é isso que faz estas histórias insuportáveis. Porque seria bem mais simples, como na TV, aceitar que as coisas são pretas ou brancas. Mas não são. E têm a pontuação toda mal.
E sabem, ainda não conheci ninguém que me tenha provado que é a mão dos homens a que pode mudar os pontos...
Este post não quer comentários. É que este post, assim cinzento, tem o meu nome no fim.