Voltemos a falar de alguém que chamou a nossa atenção.
Toda a gente que aqui vem sabe que eu tenho um melhor melhor amigo e que o meu melhor melhor amigo tanto pode tratar-me por princesa e linda e mandar-me mensagens de madrugada só para dizer "Adoro quando sorris!" como chamar-me zé macaca ou ranhosa e ligar-me a dizer que eu sou uma inútil se se der o caso de lhe comentar um recurso de expropriações, a dizer "Não percebo nada disto!". (Não gosto de expropriações!). Quem cá vem também já terá percebido que se eu sou desastrada, o meu melhor melhor amigo é caótico. É menino para se apresentar para dar uma aula com o casaco de fato bolsado por um dos filhos ou para achar que ninguém nota que traz uma haste dos óculos presa por fita-cola. Vai daí, nada de estranho tem o episódio em que o meu melhor melhor amigo perde telemóveis ou simplesmente os inutiliza por deixar cair nos sítios mais estranhos. Na semana passada, foi mesmo no lavatório. Morreu-lhe, o bicho. Morte matada, ademais. O meu melhor melhor amigo tem, por tudo isso, 547893 números de telemóvel diferentes, para as eventualidades, de cartões que lhe calham no Presto ou oferecem em promoções de pens de banda larga (coisa que também consome muito). Na sexta feira, a meio da tarde, recebi uma mensagem que dizia simplesmente isto "Então, ranhosa?! Há novidades?!" Imaginei que fosse ele, mas quis fazê-lo sofrer. Por isso, mandei em resposta um seco "Quem é?!"Demorou quase uma hora a escrever uma mensagem. Dizia "Não é a R.?! A R. inha?! Não é a minha R. inha, de tal sítio assim assim e que trabalha em tal e tal?! Não és?!". Eu, mula, calei-me. Estava já na FNAC do Vasco da Gama a sirigaitar quando a alminha se decide a ligar. Assim que atendo, respira de alívio e pergunta se não tinha visto a mensagem. Eu digo que só tinha visto a primeira e que pensei que fosse engano, porque não era o número dele e ele seria única pessoa a chamar-me daquela maneira. Agora imaginem. Enquanto digo "embora tu sejas a única pessoa a poder chamar-me ranhosa", há meia FNAC que se volta e se cala, concentrando toda a sua solidariedade em mim. Um Senhor bem apessoado, porém, percebe que a história é mais piadética do que à partida parece e é então que se inicia a linda perseguição em que, sempre que passa por mim, o Senhor se assoa. E ri.
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