quinta-feira, 9 de maio de 2013

Numerus clausus para amigos

Ouvi há tempos alguém dizer que estava quase sem espaço na sua vida para mais amigos, porque quando se quer ser muito amigo, não se pode ter muitos amigos, ou não conseguimos estar verdadeiramente disponíveis para nenhum deles. Fiquei a pensar nisso e acho que a pessoa talvez tenha razão. Embora me considere rica de pessoas, com gente boa em redor de mim, pus-me a fazer exercícios de delimitação de conceitos. Não há assim tantas pessoas a quem ligue a qualquer hora, a quem peça que vá comigo numa viagem só porque não quero ir sozinha, a quem possa contar tim tim por tim tim o que se passa em minha casa. Há algumas. A distância impôs, junto com o tempo, que tenha conseguido perceber melhor quem são os amigos e quem são os Amigos. Quem são os amigos de almoçar, de trabalhar junto, de trocar presente de Natal, de torcer genuinamente para que tudo dê certo, e quem são os Amigos para me apresentar quando me encontro a concurso de auto estima com os panos de chão. Depois tenho a mãe. Sempre disse que as mães não são amigas. Que acho que não devem ser, melhor dizendo. São mães. São de outra liga, vá. E é com a mãe que desamparo angústias. Quando divido um assunto com a mãe, metade do peso dos meus ombros sai-lhes de cima. Assumo que passe para os da mãe. Mas deve ser isso ser filha. Quando a mãe diz "Vai ficar tudo bem!", acende-se no meu peito uma certeza imensa de que não pode ser de outra maneira. 

5 comentários:

  1. Eu tenho muito poucos amigos, amigos...porque só considero amigos amigos aqueles que estão comigo em todos os momentos. Sobretudo os que se sentem genuinamente contentes quando algo de bom me acontece. Porque quando algo de mal acontece aparece tudo que nem abutres.

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    1. Tocaste aqui num ponto sensível. Não podia concordar mais. Há aquela velha ideia de que os amigos se vêem nas horas piores. Eu acho que não, que os amigos se reconhecem é nas horas melhores.
      http://poraquipasseimesmoeu.blogspot.pt/2011/12/dos-amigos.html

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    2. E nada disto tira rigor, nota, ao post. Porque embora eu acredite que os amigos são os que ficam felizes por nós, quando estamos muito felizes, a verdade é que só a esses se pode desnudar, sem se entrar em roteiros de pornografia emocional, o tal momento em que estamos a concurso de auto estima com os panos de chão. Acho eu.

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  2. Concordo muito. Por mais que gostássemos, não podemos ser os melhores amigos de toda a gente - aliás, para sermos verdadeiramente bons amigos de alguém, a amizade que lhe dedicamos tem de ser alguma coisa de especial - que apenas partilhamos com os poucos que nos dizem tanto ao coração. :)

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  3. Sempre fui de ter poucos Amigos, até porque não consigo o meio termo amigos. Mas, talvez o menos possa entrar nesse tal grupo dos amigos. Quem sabe,um dia chegareinaos Amigos:);)

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