terça-feira, 21 de maio de 2013

Estratégias

Ontem, o meu pai foi com a minha mãe a um sítio onde, uma vez por mês, costumam ir. Enquanto a minha mãe foi tratar das suas coisas o meu pai foi, como de costume, beber um cafezinho. Como de costume também, comeu um bolinho de mel a acompanhar. Sucede, como sabem os mais atentos, que o meu pai está diabético. E embora seja verdade que já perdeu 17 quilos, não deixa de ser igualmente verdade que não está propriamente subnutrido. No fundo, o que aconteceu foi que passou dos seus tradicionais 149 para uns há muito desconhecidos 132. O que significa passar de um 54 de camisa para um 50. Com tudo isto, o meu pai acha que está um atleta. E que, por isso, pode comer bolinhos de mel inofensivos. Sabe, porém, lá bem no fundo, que só ele é que pensa assim. Ontem, portanto, em estratégia apurada de sobrevivência a um raspanete, quando chegou ao pé da minha mãe, e porque não queria mentir-lhe, disse "Sabes, não resisti e quando fui ao café comi quatro daqueles bolinhos de mel pequeninos!". A minha mãe arregalou os olhos e terá dito que não acreditava. Ele, como quem afinal se comporta irrepreensivelmente, corrigiu os dados e fez-lhe saber "Não te preocupes. Foi só um."

1 comentário:

  1. Apesar de ter a noção que um doce para um diabético pode ser veneno, achei a tua história de uma doçura tão aconchegante. Gosto destas pequeninas crónicas sobre pessoas. gosto muito de ler doçuras destas. (só não gosto de mel :))

    ResponderEliminar