Ando há dias para vir cá dizer isto. Fiquei mesmo feliz por ele. Adorei a sua Terra Sonâmbula e continuo a recordar, pela vida fora, que "Quem dorme no colo de outro perde a alma... Os sonhos não encontram os respectivos donos quando homem e mulher dormitam entrelaçados." Foi mesmo bem entregue, o Prémio Camões.
sexta-feira, 31 de maio de 2013
Decidam-se!
Era bom que a malta se decidisse. Começo a impacientar-me, sem saber se sou demasiado gaiata ou intoleravelmente senhora. Eu, que a bem dizer sempre quis foi ser, pela vida em diante, a menina mulher que aceita com semelhante deslumbre o desafio de escolher uma lingerie e o de deixar uma afilhada fazer-lhe uma trança, ainda que esta tenha as mãos peganhentas de chupa... Há três anos, nas férias, em Londres, do alto dos meus 28 anos, ouvi, enquanto anunciava que iria a tal sítio, que não, não podia ser, porque era preciso que um adulto me acompanhasse (!!!), este ano não aconteceu, mas no ano passado ainda sofri duas ou três tentativas de praxe à Porta Férrea e a verdade é que, por exemplo na minha praia, ninguém me trata de outra maneira que não seja pelo diminutivo ou por menina. Hoje, porém, já me chamaram Dona. Dona R., pessoas... Dona R.!!! Estou deprimida!!!
Tic tac
Há muito tempo que não actualizo a etiqueta tic tac, mas este vídeo merece... E ontem vi roupas de praia para minuins e vocês sabem que isso é uma coisa que me mexe cá com o sistema :)))
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Uma sestinha
Acho que é hoje que durmo uma sesta. Estou rabugenta e difícil de aturar. Ando há várias noites a dormir pouco. E mal. Raramente prego olho depois das cinco da manhã, coisa estranha e preocupante em mim, pessoa muito fã de horizontal e sono solto. Acho que é hoje que durmo meia hora de sesta. Não sei bem a que horas, não sei bem como é que encaixo isso ali na agenda, mas acho que tem de ser... e o que tem de ser, enfim, tem muita força. Bom dia, pessoas!
Be happy, be smily :)))
quarta-feira, 29 de maio de 2013
Também há coisas que podem salvar uma relação #1
Achar que o vestígio de herpes se assemelha muito a um sinal sexy.
Há coisas que podem condenar uma relação #3
Eu: Diz-me mais coisas bonitas.
Ele: Angelina Jolie, Heidi Klum...
Ele: Angelina Jolie, Heidi Klum...
terça-feira, 28 de maio de 2013
Há coisas que podem condenar uma relação #2
Ser medricas ao ponto de, por causa de uns vestígios de herpes já moribundo, optar por me cumprimentar com um aperto de mão.
Aviso à navegação
Pequena R. Maria, aos vinte e oito dias do mês de Maio do ano da graça de dois mil e treze e na posse de todas as suas faculdades mentais (diz que), vem, pelo presente, esclarecer que não se responsabiliza pelos estragos que possam vir a ser causados por actos irreflectidos da sua parte ao passar em frente à montra da Romeu. Para o efeito, adianta ainda que devem, todos quantos com ela privam, abster-se de a fazer passear pelo Dolce Vita, coisa que em muito contribuirá para a manutenção do seu equilíbrio remanescente. Custa-lhe, que custa, falar assim de si própria, mas é menina para se conhecer medianamente, tem mais onde gastar o dinheiro, só tem dois pés e diz que vai estar um verão de dar pena, logo, em nada está justificada a conduta que a ponha a pedir esmola por ser perdulária em sabrinas e sandálias rasas. A moça é doente, mas então que se trate. Está o país em crise e não estamos em maré disso. Notifique-se.
O caso
E na impura, porque é que a professora diz relações de proximidade e depois diz familiares ou análogas como exemplo e não diz biológicas?!
Então, porque sou uma romântica e porque gosto de estender o dever de garante aos namorados.
Ah.
Não chorei
Embora tenham batido muitas palmas, tenha havido alunas a chorar, tenha havido um aluno a querer dar-me um abraço e dizer que me desejava, do fundo do coração, tudo de bom e... no último momento... tenha aparecido... um bolo! Sim, houve um bolo! Só quem conhece o sítio onde trabalho pode imaginar o inusitado de, na última aula, ter alunos que se organizam para... levar um bolo!!! Não chorei, mas emocionei-me muito... São os máióres!!!
Fim do ano
Termino hoje as aulas. Despeço-me hoje, mais um ano, de uma turma nova. Aperta-se-me hoje novamente o coração. Tanto. Desta vez, não por não me sentir ainda em casa. Acabo por reconhecer que consegui ser feliz ali, que fui suficientemente apaparicada por quem manda para não ter de suspirar para sempre pelo tempo que ficou para trás. Ao longo do tempo, deram-me renovados incentivos a continuar, confiando em mim e impulsionando-me a fazer do dia por chegar um dia em que me apetece fazer mais... e melhor. Aconteceu ainda ter este ano alunos com os quais criei laços singulares. Rimo-nos muito. Quando falamos sério, falamos sério, mas rimo-nos muito... muitas vezes. Já uma vez (ou mais) disse que não quero ser só "a professora querida e simpática", quero que se apaixonem pela minha cadeira e que um dia, na vida, ao pensarem num caso real, se lembrem do exemplo que um dia lhes dei. Quero que se lembrem de mim como alguém sério e competente, mas que sempre os tratou com a semelhança que merecem. Digo-lhes sempre que somos exactamente iguais, que não me assistem vontades de temores reverenciais, que muitos deles hão-de vir a ser meus colegas, alguns, quem sabe, meus amigos. São mais novos, ainda lá não chegaram. Só isso. Adoro a minha profissão. Adoro. Farei isto com gosto pelo resto da vida, assim mo permitam. Não sou uma académica de excelência, não sou especialmente talhada para a investigação dogmática, não vibro com a tarefa solitária da execução de um doutoramento, abomino corrigir exames, canso-me ao fim de duas ou três semanas de orais e ainda não aprendi a deixar o meu lado tão menina em casa quando a reunião é demasiado formal e os interlocutores demasiado cheios de si. Pessoas que se acham tiram-me o brilho, sugam-me a luz. Formalidades dispensáveis incomodam-me. Mas adoro a minha profissão. Disfarço-me do que for preciso para poder falar e ser ouvida sobre uma coisa de que goste. Não por gostar de ser ouvida, mas por adorar perceber as ideias a nascerem na cabeça de quem me ouve. Adoro que me entendam, fazer-me entender. Adoro ligar os fios de uma coisa difícil e desconstruí-la ao ponto de a tornar simples, fácil. Tanto como de dar aulas, só gosto de fazer conferências. É uma coisa mais circunscrita, não cria a mesma vinculação, mas compensa-nos pelo facto de nos apresentar imensas pessoas, todas muito diferentes. Nunca me lembro de fazer uma conferência e de no fim não haver perguntas. Nunca. E por ali fico, a tentar saber quem é, que história tem, que dúvida traz. Adoro a minha profissão. Adoro os meus alunos. Hoje é um dia difícil.
E porque às vezes sou mimada, voltei a ler o texto que um aluno, bem mais crescido, no ano passado, me escreveu. Ainda hoje não consigo lê-lo sem chorar um bocadinho...
segunda-feira, 27 de maio de 2013
Verdades e assim assim
De cada vez que, no yoga, é preciso fazer um exercício de equilíbrio, percebo que, de facto, não se pode ser bom a tudo.
Boa semana!
E que a semana que hoje começa nos chegue assim... Perfumada como as minhas adoradas rosas de Santa Teresinha, que emprestei desde ontem ao hall e à sala cá de casa. Que os dias amanheçam amenos e os corações despertem serenos. Que os trabalhos se façam bem, que as despedidas não custem demasiado e que o futuro seja um lugar confortável para ser visitado. Que a semana seja boa, é isso.
domingo, 26 de maio de 2013
Instintos assassinos
são uma coisa que sobe por mim acima quando o meu vizinho decide iniciar-se das lides de enlouquecer o prédio com música aos berros e batida acelerada. Acho que isto hoje já não passa outra vez sem termos de cá chamar os senhores das fardas...
Fair play é
eu ser do benfica e o melhor melhor amigo ser do vitória e, enquanto eu estou em casa e ele está no estádio, enviarmo-nos mensagens de cinco em cinco minutos a desejar boa sorte ao adversário, sendo que todas as minhas terminam com o habitual "Gostiiiiii!" ou o mais crescido "Gosto tanto di ti!" e todas as dele encerram com o preferido "Adoro-te!" ou "Eu gosto ainda mais di ti!". E é isto.
Para ti
Não te tenho respondido porque não sei o que hei-de dizer-te. Não me basta que digas que é bom ouvir-te. Na realidade, ouvir-te é importante mas não muda quase nada. Escrevo-te por aqui. Por aqui tenho a certeza que me lês sem a interferência má de quem não respeita o teu espaço. Por aqui tenho a certeza que me lês segura, sem especiais cautelas impostas por práticas más de quem não te confia. Sabes, querida, gosto tanto de ti que não consigo imaginar alguém fazer-te uma coisa dessas. Sei tão bem que não és mulher de joguinhos, de manipulações, de tricas, que me parece impossível haver que te duvide. Uma vez, disseram-me que a segurança não pode ser procurada no outro, que a segurança tem de estar em nós. Não tenho, ainda hoje, a certeza que assim seja. Uma relação é feita de duas pessoas. E, mais ou menos como diria o MEC numa crónica dele que li um dia a propósito do casamento, quando duas pessoas se casam, não passam a ser uma. Não devem passar. Deus me livre e guarde. Devem manter-se duas pessoas, zelosas, em partes iguais, por essa coisa tão boa nova que estão a construir juntas e que é a sua relação. Um casamento é um filho que não sobrevive à orfandade, querida. Um casamento, não. Um casamento, assim palavra imensa de partilha e cumplicidade, não pode depender só de um, de um querer. O que resta, nesses casos, é uma insistência vazia numa coisa que já não é. Se há algum mal em querer saber do outro, da vida do outro, do dia do outro, das pessoas da vida do outro?! Mal nenhum. Muito pelo contrário. Que me conservem sempre à vontade para dizer de onde venho e para onde vou à pessoa que tenho ao meu lado. Mas assim, natural como a sede, lembras-te?! Sem a ditadura da cobrança, da desconfiança. Isso arranca bocadinhos de genuína alegria, isso molda-nos ao outro sem critério. Querida, há coisas muito nossas, muito de dentro. Coisas que não queremos sequer enfrentar, que preferimos manter fechadas, em exercício contínuo de fazer valer o que vale a pena. Mas o desrespeito com que nos assiste o nosso suposto amor maior não pode ser uma dessas coisas. Não estás louca em questionar-te. De facto, de que vale uma construção de design, um carro topo de gama, a jóia feita à medida, a tradicional lua de mel anual ou escapadas românticas a cada quinze dias se a pessoa não tem certa, te tem presa?! De nada. De rigorosamente nada. Não acho nada que algum dia tenha sido uma deslumbrada, mas, como terás percebido, houve um momento recente em que a vida me trocou as voltas e, se não a soubesse ainda, tinha tido aí a oportunidade de aprender a lição de valorar o que realmente vale a pena. As coisas são nada, querida. Precisamos, de facto, de poucas coisas. Do que precisamos é de quem nos faça rir até a barriga doer, de quem fique ali a abraçar-nos no fim do dia sem perguntar o que nos faz querer ficar caladas, de quem mantenha a calma quando a nossa emigra. Precisamos de paz, querida. Paz. E a paz é o que tu não tens. Já te disse que sou pelas oportunidades, pelo diálogo, pela discussão de pontos de vista. Muito mais que pelas decisões tomadas em fase de exaustão, depois de uma saga infinda de silêncios mal resolvidos. Acho que as pessoas se entendem a conversar. Sentam-me, choram o que for preciso, dizem o que as magoa, o que as traz angustiadas, apresentam soluções, pedem tréguas, acertam arestas. Quando nada disto surte efeito, não sei, querida. É a resposta que não posso dar-te. É aquilo que tem de vir do teu coração. Não há ninguém que possa dizer-te vai por ali, faz exactamente as coisas desta ou daquela maneira. Sei que estou por aqui, qualquer que seja a tua decisão, seja qual for o momento e a circunstância em que a tomes, sempre. Para dizer-te que não há ninguém que possa travar-nos a vontade de acordar amanhã e procurar, incessantemente, fazer, desse dia por chegar, um dia melhor do que todos os que já passaram. É da nossa natureza, querida. Ser feliz não é utopia. Um grande beijinho.
Aaahhh... coisa mais melhor tão boa!
Bom dia, pessoínhas! Dormimos mais que as miseráveis cinco horas a que as insónias desta semana nos habituaram, acordámos sem despertadores tiranos, lá fora está o tempo amigo de pequena R., em que nem chove, nem faz sol, em que pode vestir-se um casaquinho, mas em compensação pode andar-se de sabrinas sem meias e talvez arriscar mostrar o verniz dos pés. Está bom tempo para pintar as unhas de coral, para prender o cabelo em rabo de cavalo, para usar colares às cores, para vestir jeans e acentuar as maçãs do rosto desconfortáveis por se manterem tão pálidas, com o blush muito adorado rosinha. Está bom tempo para fazer a transição do chá para o sumo de laranja natural ao pequeno almoço. Inaugura-se lá fora um domingo onde pude pegar numa mantinha e ler um pedacito do MEC ali na varanda, deitadinha na espreguiçadeira que só de tempos a tempos me conhece em repouso. Hoje almoçamos rodeados com as nossas pessoas e podemos dar xis ao mano. Só isso, já faria o meu dia... Faz-me tanta falta o xi do mano aqui sempre ao pé...
sábado, 25 de maio de 2013
Mantra dos apaixonados
Unidos venceremos. Juntos clicaremos.
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♥,
Frases com história,
Gosto de...,
Traduza-se.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
Dia de abraçar
"Tem de ser tão único e especial que te apeteça ao fim de anos e lutas e contratempos e mágoas e palavras impensadas. Tem de ser tão teu como cada parte de ti. Tem de te pertencer como o ar e faltar-te como ele se não está, mesmo estando. Tem de perder-se em ti e fazer com que te percas. Tem de te recuperar das horas findas. Tem de conhecer-te a felicidade pelo tom com que dizes "nada" e a tristeza escondida dentro de um sorriso. Tem de saber calar-se quando te adivinhar fome de silêncio. E falar-te baixinho quando sonhares que te conquiste mais uma vez. Tem de se aborrecer quando te demorares na escolha do vestido. E tem de abrir num largo abraço quando decidires que só te apetece usar jeans. Tem de reparar na madeixa que pintaste um tom abaixo e na tentativa suada de aumentar um cm aos saltos. Tem de dedicar-te os dias, agradecendo, de olhos e boca cerrados, mas o peito em voz branda, o dia que amanhece ao teu lado. E tem de ver-te dormir com vontade de te deixar para sempre serena, porque toda inteira sua. Tem de sonhar-te mãe e avó de cada filho ou neto seu. E tem de estar certo que só fará sentido assim e que a vida dele será a tua. Tem de emocionar-se com cada sucesso teu. E lutar por muitos para te poder dedicá-los nem que seja no tempo que passará a mais contigo. Tem de querer contruir-se todos os dias mais um bocadinho e saber que há coisas novas para aprender no amor. Tem de te ter certa e sentir que, genuinamente, merece. E tem de querer, mais do que tudo, ser-te todo. Tem de gostar de uma lareira acesa no inverno, de pipocas no sofá, de bonecos de neve e de passeios à beira de muitos mares. Tem de eleger-te razão de ser. E tem de ser feliz com essa escolha. Tem de amar-te doente. E tem de secar-te as lágrimas quando o amares a ele doente. Tem de saber o que toca no teu carro. E tem de te prever pelo aroma. E tem de te conhecer cada linha, sinal, curva ou cicatriz. E tem de as decorar e reconhecê-las em cada mulher em que te transformes. Tem de viver para estar contigo, porque isso lhe parece que é sinónimo de viver para ser feliz. E tem de saber disso e nunca se arrepender. Tem de ser ele mesmo. E chorar e rir, mas nunca desistir, mesmo que não desistir signifique apenas começar. Depois, no caminho, tu, deves dar-lhe ambas as mãos e a vida toda. Para seres a sua mulher e ele ser o teu homem. Se não, não vale a pena!"
R., 26 de Abril de 2009
Continuo a não saber dizer isto melhor. Continuo a achar um abraço mais profundo e íntimo que um beijo. Não mudou quase nada.
Poemário essencial
Podíamos saber um pouco mais da morte.
Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.
Podíamos saber um pouco mais
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada
sabemos do amor.
Mas não seria isso que nos faria
ter vontade de morrer mais
depressa.
Podíamos saber um pouco mais
da vida. Talvez não precisássemos de viver
tanto, quando só o que é preciso é saber
que temos de viver.
do amor. Mas não seria isso que nos faria deixar
de amar ao saber exactamente o que é o amor, ou
amar mais ainda ao descobrir que, mesmo assim, nada
sabemos do amor.
Nuno Júdice, Princípios
Eu também te amo!
A nova moda entre os meus pais é um deles atirar um beijinho ao outro quando estão a despedir-se e o outro responder "Eu também te amo!".
Almocei com eles. No fim, foi esta cena, porque a minha mãe ia para a escola e o meu pai ia à vida dele. Fiquei especada à porta do restaurante, incapaz de entrar no meu próprio carro, para eu própria vir à minha vida. Aquela gente não é normal!
terça-feira, 21 de maio de 2013
Unhas de meninas da vida
Quando andava na faculdade, tinha uma amiga que sempre que pintava as unhas de vermelho dizia que se travestia em puta. Não se comportava como puta, mas sentia-se poderosa como as putas, segundo o que ela achava que seria o poder de sedução das ditas moças. Eu achava piada àquela maneira de ver as coisas, mas nunca me senti mais ou menos sedutora em função da cor da unhas. Pinto as unhas de todas as cores, é certo, mas o vermelho é uma cor de muita eleição. Ando muitas vezes com as unhas pintadas de vermelho, talvez porque, por ser tão branca, ache o contraste giro, não sei. Tenho agora uma amiga cujo mais secreto desejo era um dia pintar as unhas de vermelho, mas, vá-se lá entender, em 2013 ainda pensava como a minha amiga da faculdade e argumentava perante as minhas insistências de se fazer o gosto, que o marido não deveria achar grande piada. Apeteceu-me partir a loiça. Disse-lhe que se há coisa que me enerva é os maridos acharem que as mulheres são de porcelana, coitadinhas, partem-se em mil bocadinhos, não se pode ramboiar com elas, tão púdicas, tão reduzidas a fadas do lar, tão apenas ladies, tão educadinhas, tão certinhas, tão direitinhas. Dá-me nos nervos. Maridos que não fantasiam e concretizam com a sua, fantasiam e concretizam com as dos outros. Por isso, muito corajosa, lá convenci a minha amiga a experimentar. Reparem: a grande aventura era pintar as unhas de vermelho. Vejam bem o nível de depravação da coisa. Pintou. Perdeu a cabeça e até pintou também de vermelho as unhas dos pés. Uma tarada, no fundo, a vir à tona. Como pitas adolescentes, eu e outra amiga envolvida nesta mudança de look com claras implicações na auto-estima íntima da moça, ficámos à espera das novidades. Diz que foi uma festa. É tão fácil fazer uma mulher feliz. E convencer um homem que a pessoa com quem casou não tem propriamente vocação para freira.
Estratégias
Ontem, o meu pai foi com a minha mãe a um sítio onde, uma vez por mês, costumam ir. Enquanto a minha mãe foi tratar das suas coisas o meu pai foi, como de costume, beber um cafezinho. Como de costume também, comeu um bolinho de mel a acompanhar. Sucede, como sabem os mais atentos, que o meu pai está diabético. E embora seja verdade que já perdeu 17 quilos, não deixa de ser igualmente verdade que não está propriamente subnutrido. No fundo, o que aconteceu foi que passou dos seus tradicionais 149 para uns há muito desconhecidos 132. O que significa passar de um 54 de camisa para um 50. Com tudo isto, o meu pai acha que está um atleta. E que, por isso, pode comer bolinhos de mel inofensivos. Sabe, porém, lá bem no fundo, que só ele é que pensa assim. Ontem, portanto, em estratégia apurada de sobrevivência a um raspanete, quando chegou ao pé da minha mãe, e porque não queria mentir-lhe, disse "Sabes, não resisti e quando fui ao café comi quatro daqueles bolinhos de mel pequeninos!". A minha mãe arregalou os olhos e terá dito que não acreditava. Ele, como quem afinal se comporta irrepreensivelmente, corrigiu os dados e fez-lhe saber "Não te preocupes. Foi só um."
segunda-feira, 20 de maio de 2013
Gosto de
Há muitas coisas de que gosto nesta casa. Gosto muito, por exemplo, de a sentir com ar de ninho acolhedor, de ser muito R. em tudo, de, no pouco espaço de que dispõe, acomodar-me como um colo, dar-me a segurança dos nossos espaços, que até hoje encontrara em casa dos meus pais, em casa dos meus avós de baixo e em quase nenhum outro lugar no mundo. Mas do que eu gosto mais, muito por sobre qualquer outra coisa, é da vista desafogada, do horizonte imenso que se espraia de cada uma das minhas janelas, de como, nestes anoiteceres vagarosos do meio do ano, a cidade a pintalgar-se de pontos de luz me serena e permite relativizar quase tudo.
A jarra
Já me deram de tudo em conferências. Já recebi livros, canetas, porta cartões, queijos da serra, compotas caseiras, flores, cds, suportes para velas, bandeiras de Câmaras Municipais, copos, canecas, pins, porta chaves, t-shirts, quadros feitos por miúdos, medalhas, varinhas de condão e eu sei lá mais o quê. Adoro a minha varinha condão, amo receber flores e estimo muito os livros e os quadros. Guardo tudo, excepto brochuras de publicidade e bandeiras (!). No outro dia, porém, recebi uma jarra. Não é uma jarra qualquer, é uma senhora jarra. Uma coisa enorme e pesada, com um fio dourado em toda a volta e... bem... esta é a parte emocionante... o símbolo do Concelho. A cores. Agora expliquem-me: o que é que eu faço com aquilo?! Virei o desenho para a parede e pu-la ali em exposição forçada, depois de ter pedido ao N. que a deixasse cair e de ele não me ter feito a vontade. A minha mãe, coitadinha, já disse que posso levá-la lá para casa e que se põe lá num armário qualquer. O meu pai perguntou se não dá para tiro aos pratos. Eu ainda não perdi a esperança de lhe dar com o cotovelo sem querer quando andar a limpar o pó.
Se tu queres, tu tens
Voltemos a falar de alguém que chamou a nossa atenção.
Toda a gente que aqui vem sabe que eu tenho um melhor melhor amigo e que o meu melhor melhor amigo tanto pode tratar-me por princesa e linda e mandar-me mensagens de madrugada só para dizer "Adoro quando sorris!" como chamar-me zé macaca ou ranhosa e ligar-me a dizer que eu sou uma inútil se se der o caso de lhe comentar um recurso de expropriações, a dizer "Não percebo nada disto!". (Não gosto de expropriações!). Quem cá vem também já terá percebido que se eu sou desastrada, o meu melhor melhor amigo é caótico. É menino para se apresentar para dar uma aula com o casaco de fato bolsado por um dos filhos ou para achar que ninguém nota que traz uma haste dos óculos presa por fita-cola. Vai daí, nada de estranho tem o episódio em que o meu melhor melhor amigo perde telemóveis ou simplesmente os inutiliza por deixar cair nos sítios mais estranhos. Na semana passada, foi mesmo no lavatório. Morreu-lhe, o bicho. Morte matada, ademais. O meu melhor melhor amigo tem, por tudo isso, 547893 números de telemóvel diferentes, para as eventualidades, de cartões que lhe calham no Presto ou oferecem em promoções de pens de banda larga (coisa que também consome muito). Na sexta feira, a meio da tarde, recebi uma mensagem que dizia simplesmente isto "Então, ranhosa?! Há novidades?!" Imaginei que fosse ele, mas quis fazê-lo sofrer. Por isso, mandei em resposta um seco "Quem é?!"Demorou quase uma hora a escrever uma mensagem. Dizia "Não é a R.?! A R. inha?! Não é a minha R. inha, de tal sítio assim assim e que trabalha em tal e tal?! Não és?!". Eu, mula, calei-me. Estava já na FNAC do Vasco da Gama a sirigaitar quando a alminha se decide a ligar. Assim que atendo, respira de alívio e pergunta se não tinha visto a mensagem. Eu digo que só tinha visto a primeira e que pensei que fosse engano, porque não era o número dele e ele seria única pessoa a chamar-me daquela maneira. Agora imaginem. Enquanto digo "embora tu sejas a única pessoa a poder chamar-me ranhosa", há meia FNAC que se volta e se cala, concentrando toda a sua solidariedade em mim. Um Senhor bem apessoado, porém, percebe que a história é mais piadética do que à partida parece e é então que se inicia a linda perseguição em que, sempre que passa por mim, o Senhor se assoa. E ri.
Poemário essencial
Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só Inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
Não é a primeira vez que o deixo aqui, mas é um dos meus poemas preferidos da
Maria do Rosário Pedreira.
É inspirador, não sei explicar...
Da profissão
Hoje disse aos meus alunos que gosto deles e que lhes chamo pinkywinkies quando eles não estão a ouvir. Ficaram a olhar para mim. No fundo, lá bem no fundo, acho que sabem que é verdade. Que esta fase do ano me custa sempre, que despedir-me deles me custa, que me emociono nas últimas aulas, que desejo, secretamente, tê-los marcado um bocadinho. Acho tão triste passarmos pela vida de uma pessoa e não deixarmos marca nenhuma...Tão triste.
sábado, 18 de maio de 2013
La piel que habito
Sempre que vejo um filme do Almodóvar, penso que aquele homem tem tanto de génio como de louco. É impressionante o que aquela cabecinha engendra.
O amor é... lixado com f.
Ontem, enquanto me faziam a conta de uma série de livros do MEC, apareciam os títulos e os valores dos mesmos num ecrã virado para o cliente. O N., pacientemente ao meu lado, distrai-se dos seus pensamentos e da nossa conversa apenas quando aparece este livro na lista. E é então que não segura um constrangido "Que título tão feio!". O que eu me ri...
Aroma
Já me disseram que cheirava bem, já me perguntaram que perfume estava a usar, já reconheceram que tinha estado num sítio por este cheirar a mim, mas nunca o meu dia tinha começado como ontem, com o recepcionista do hotel a dizer "O seu aroma é apaixonante."
Balenciaga Paris, como sempre.
Do mar, das provas, das pessoas
Já fui e já vim. Dormi num sexto andar com vista directa para o mar, onde, pela noite dentro, se afundou uma chuva inesperada para este mês de Maio. Fiz o que tinha a fazer, com mais ou menos disposição, mas fiz. Veio calado dentro de mim o que conheci ontem, como atestado inilidível do quanto a prática transfigura a lei. E comprovei, mais uma vez, que os príncipes existem.
quarta-feira, 15 de maio de 2013
As notícias
Aos 31 anos, quando nos dizem "Não vai morrer disso, mas compreendo quando me diz que é insuportável viver assim!", percebemos que está na hora de fazer alguma coisa. Há pouco menos de um ano que a saga começou. Tenho tentado viver para contar os dias em que supero esta mão gigante a apertar-me o coração, esta náusea constante, este suor frio que me gela as mãos, este latejar de uma puta de uma veia aqui do lado direito da cabeça. Felizmente, desde o dia em que a C. me levou ao hospital, não voltei a sentir aquele medo maior que se traduz numa sensação de morte iminente, mas, entre dias melhores e dias menos bons, a travessia não tem sido 100% pacífica. A viagem a Espanha foi um período de superação, onde a minha grande vontade era dar meia volta e vir refugiar-me no meu canto conhecido. Não é bem uma fobia social, que há dias em que gosto muito de ver gente, mas não deixa de ser verdade que chorei, mas chorei mesmo, quando, no domingo, com a casa cheia de gente, me apercebi que tinha louça que nunca mais acabava para arrumar e cinco faqueiros diferentes para organizar. Acentuou-se a mania da perfeição e o síndrome da confirmação. Levanto-me para ver se a porta está mesmo fechada, volto atrás dez vezes para verificar os bicos do fogão, mesmo que não cozinhe há dois ou três dias, revejo os artigos ou as apresentações de power point de uma forma desesperada e faço aquele movimento involuntário de quando se engole em seco, sempre que me lembro do doutoramento. Não tenho medo de dar aulas, nunca tive medo de fazer uma conferência, sei, sem falsas modéstias, que comunico razoavelmente e que, nos meus melhores dias, consigo fazer o meu trabalho bem. Às vezes, muito bem, até. Mas ontem dei a aula sentada e cada pergunta, cada inquietação, cada dúvida, era uma provação difícil de superar. E ontem, à noite, fiz uma conferência sentada. E no mais íntimo do meu peito soou o tempo quase todo um desejo grande que não houvesse debate. Estou intolerante ao barulho. Apetece-me esbofetear quem fala alto. E quem fala muito. Estou sem paciência. Estou cansada. Agravo este estado de coisas por não me rever nesta pessoa pouco alegre em que me transformo nestes dias, torno-me impaciente comigo mesma, intolerante ao meu próprio estado de sítio interior. Sempre gostei de conduzir, mas a verdade é que ontem não consegui. Não consegui. Gosto de doces, mas ontem não almocei e nem com muita insistência me rendi aos almendrados que o N. me comprou para o lanche. Hoje engoli um chá de manhã e uma banana à hora de almoço. Tenho um nó a percorrer-me o corpo todo, que me impede de estar bem. Fui uma criança feliz, não tenho propriamente esqueletos no armário, pertenço, com um orgulho maior que o mundo, a uma família nuclear cheia de códigos de cumplicidade e mimo, tenho os melhores amigos que podem imaginar e conquistei algum do reconhecimento profissional que era expectável nesta fase da vida e com o caminho que me propus fazer. Não há razões para ficar assim. Mas a verdade é que fico. E não é fruto da minha imaginação. Suam-me e gelam-se-me mesmo as mãos. E não é mentira contar-vos que há pouco, no hospital, a minha tensão era 18/11. Sou pouco dada a crises existenciais injustificadas e a estados de apatia só porque sim, daí que me custe horrores quando percebo a minha intolerância ao barulho e me reconheço mais na pessoa que está bem é sozinha e calada. Não acho, mesmo, que esteja deprimida. Acho que estou esgotada. E que isso se traduz numa ansiedade palerma, mas, efectivamente, incapacitante. Verdadeiramente incapacitante. As tonturas podem ainda dever-se a uma associação perigosa entre tudo isto que vos descrevi e uma infecção grave no ouvido médio, coisa que me faz estar quase surda do lado direito e ter a permanente sensação de que vou tombar para aquela banda. Mas enfim. Há-de ir passando. Amanhã, outra vez, lá vou de companhia até Lisboa, no lugar do pendura, como alguém incapaz de se bastar, coisa mais odiosa e a que sempre me neguei com todas as minhas forças. Tenho amigos que merecem, mesmo, um T5 duplex com piscina no céu. O N. é um deles. Até porque tem paciência comigo... mesmo quando eu deixo de ter paciência com ele. E é isto. Vou ver se tomo um banho e se durmo cedo.
sábado, 11 de maio de 2013
Verdades e assim assim
Gosto de estar sozinha. Não gosto de andar sozinha*.
A propósito de umas viagens de carro que me andam a consumir, digo ao melhor melhor amigo "É nestas alturas que me faz falta um namorado desempregado.". O melhor melhor amigo, sujeito avisado, corrige "Não. Tens é de arranjar um namorado com um horário flexível, isso sim!".
Só este homem para me fazer rir!
* Adoro andar sozinha de carro. Mas não nas circunstâncias em causa.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
A soleira da porta é uma instituição
Tenho cada vez mais para mim que uma das principais causas da solidão nas cidades é a inexistência de soleira de porta, assaltados que fomos nas terras grandes pela construção em altura, metidos que estamos, cada vez mais, naquilo a que o meu pai chama caixas de fósforos. A soleira da porta é um local de romaria diária, onde se sacodem problemas e se partilham alegrias, se aprende a falar na vida dos outros, mais ou menos como os outros falam na nossa, enfim. Na soleira da porta as novidades são fresquinhas, mas quando alguém está aflito, sabe que na soleira da porta encontrará alguma solução ou, pelo menos, uma palavrinha de conforto. Nas cidades há uma solidão fria de quem não conhece o vizinho da frente. Nas aldeias, isto é impensável. Tem um lado mau, esta proximidade. Meio mundo sabe a que horas saímos e chegamos, se repetimos umas calças na mesma semana e a matrícula do carro de todos os elementos do sexo masculino com quem nos damos, mas enfim, não se está sozinho, ou, pelo menos, tanto. E acho piada ao vagar de quem se senta na soleira da porta um dia depois do outro, muitos, todos, só para jogar um bocadinho de conversa fora. De quem não se fica pelo sofá e pela televisão, pelas paredes de casa e por uma imensa solidão. A soleira da porta é uma instituição.
quinta-feira, 9 de maio de 2013
Numerus clausus para amigos
Ouvi há tempos alguém dizer que estava quase sem espaço na sua vida para mais amigos, porque quando se quer ser muito amigo, não se pode ter muitos amigos, ou não conseguimos estar verdadeiramente disponíveis para nenhum deles. Fiquei a pensar nisso e acho que a pessoa talvez tenha razão. Embora me considere rica de pessoas, com gente boa em redor de mim, pus-me a fazer exercícios de delimitação de conceitos. Não há assim tantas pessoas a quem ligue a qualquer hora, a quem peça que vá comigo numa viagem só porque não quero ir sozinha, a quem possa contar tim tim por tim tim o que se passa em minha casa. Há algumas. A distância impôs, junto com o tempo, que tenha conseguido perceber melhor quem são os amigos e quem são os Amigos. Quem são os amigos de almoçar, de trabalhar junto, de trocar presente de Natal, de torcer genuinamente para que tudo dê certo, e quem são os Amigos para me apresentar quando me encontro a concurso de auto estima com os panos de chão. Depois tenho a mãe. Sempre disse que as mães não são amigas. Que acho que não devem ser, melhor dizendo. São mães. São de outra liga, vá. E é com a mãe que desamparo angústias. Quando divido um assunto com a mãe, metade do peso dos meus ombros sai-lhes de cima. Assumo que passe para os da mãe. Mas deve ser isso ser filha. Quando a mãe diz "Vai ficar tudo bem!", acende-se no meu peito uma certeza imensa de que não pode ser de outra maneira.
Ansiedades, dores no peito e cabeça zonza
Andamos em modo "larguem-me da mão, pelas almas". Sem saber bem para onde nos virar. Com crises agudas de choro, mil assuntos a buzinarem dentro da cabeça, lapsos de memória enervantes, uma tese parada, artigos em stand by, conferências, apresentações e tudo o que sempre nos deu tanto prazer a ser só mais um castigo que nos obriga a sair de casa, a fazer bonito, quando as prioridades têm de ser outras - não se anda com tempo e paciência para as pessoas. E a vida não são papéis. Há dezenas de emails por responder, cada um a pedir só uma coisinha pequenina, mas dezenas de coisas pequeninas dão coisas muito grandes, de muitas horas. Atiram-nos oportunidades profissionais para o colo em alturas em que estamos incapazes de tomar decisões, fazem-nos perguntas difíceis, põem pressões imensas nos nossos ombros e chega uma hora em que só nos apetece desistir. Fechar para balanço. Estou quase quase a atingir esse ponto no relógio.
terça-feira, 7 de maio de 2013
A melhor defesa é o ataque
Acredito que seja mais por insegurança que por qualquer outra coisa, mas esta estratégia de a melhor defesa ser o ataque, usada quando em causa está uma questão profissional, dá-me muito nos nervos. Tenho de morder a língua com força para não disparatar aos berros. Acabo de ter uma aula sobre o tema da minha tese ao telefone. Sei de facto pouco disto, mas esta pessoa achou por bem considerar que devia explicar-me, por exemplo, a diferença entre o penal e o tutelar educativo. Eu tenho de aturar cada uma, de facto.
Paps
Aceitam-se sugestões de sobremesas indicadas para diabéticos. Há disto?! Gostoso e com bom ar?! Tenho um pai com dezasseis quilos a menos desde a Páscoa mas para quem comer, designadamente doces, sempre foi um dos maiores prazeres da vida. Depois da luta que foi levá-lo ao médico e depois de as notícias não serem as mais animadoras, estamos cá para transformar uma doença chata nisso mesmo: uma doença chata. E não num drama. Festas são uma coisa a ser servida com cautela a esta pessoínha tão fã de horas de conversa à mesa. Verão, pic nic e gelados, Santos Populares, casamentos, baptizados e comunhões, enfim, tudo o que esta parte do ano que agora principia nos traz... tem de conhecer a enorme reinvenção de, pela força de vontade, não o fazer voltar aos níveis de glicémia de quase 400 de quando nos pregou um susto de morte. Há por aí quem tenha dicas?! Esgotei a minha capacidade de lhe reinventar usos para frutas ácidas e sem açúcar.
A Queima, o cortejo e os banhos
Vamos por partes. Quando andava na faculdade, o cortejo era uma coisa animada e perigosa. Não havia dia de cortejo em que alguém não se cortasse nos vidros das garrafas vazias atiradas para o chão. Era uma coisa assustadora e, também por isso, o ano em que mais gostei de ir no cortejo foi... o quarto - o ano do carro. Mesmo mais que no último, cartolada, finalista, mas a ter de medir onde punha os pés. Bem sei que naquela altura havia exageros, que os comas alcoólicos não são novidade e que gente a vender as garrafas angariadas no cortejo, depois, à noite, às portas do Queimódromo, também era fraca figura. Mas, enfim, o tempo, na sua passagem, não veio trazer melhoras. Comecemos pela ideia peregrina de desmembrar a Queima, acabando com a mística da semana do tudo ou nada. O domingo, sempre dedicado à Garraiada, depois de uma sesta dormida no areal da Figueira, no pós Jantar de Gala, servido no Quartel, deu lugar a um domingo que roubou à terça feira o protagonismo do Cortejo que precedia a noite do Quim e, pasmem, o Jantar de Gala passou para Santa Clara!!! A Garraiada é num dia que já nem consegui fixar e quer-me parecer que nem o Chá Dançante se mantém na tradicional quarta feira. Este ano os meus alunos não têm aulas. Não têm. Não damos aulas. Apesar disso, vejo-os menos envolvidos do que eu me achava envolvida. Não falam das flores, trajam pouco e resumem a Queima às noites de Parque. Não vi uma alminha que fosse a fazer a Venda da Pasta. Mas o pior não é isso. O pior é o disparate em que transformaram o momento do cortejo propriamente dito. É uma actividade nojenta e pegajosa querer assistir a um Cortejo hoje em dia, porque não há vidros, há latas (perfeito), mas há sobretudo banhos de cerveja. Banhos. Sabem o que são banhos?! Uma pessoa custa muito a vir de lá a cheirar a outra coisa que não seja cerveja. Pior. Há miúdos que devem ter transtornos graves na compreensão do fenómeno académico e que entendem que é tradição despejarem cerveja pela cabeça abaixo. E há quem o faça não sendo estudante de Coimbra, o que me dá ainda mais vontade de desatar a bater nas pessoas. Ontem estavam duas anormais à minha frente, naquela idade em que uma pessoa só por decoro é que não as vira ao contrário para lhes desfazer o rabo com porrada, que entendiam dever pedir cerveja em todos os quase cem carros e correr uma atrás da outra a despejá-la pela cabeças abaixo (!!!). Estavam possuídas. E não estavam trajadas, portanto, o mais certo era nem serem estudantes universitárias, ou, pelo menos, cá. Não. São pessoas que saem de casa um domingo à tarde para fazerem figuras tristes. Vão para rua com esse propósito. E, embora lhes falte muita coisa, não lhes falta competência para o atingirem. Como elas, há muitos. Muitos. Há demasiados. E isto estraga o que é a Queima. Isto não é bonito, é só deprimente. Fiquei lá meia hora, vi o mano, dei beijinho ao mano, fotografei o mano e... fui à minha vida. Não tive capacidade para me aventurar por aquilo adentro à procura de alunos. E tenho pena. Tenho mesmo pena. Mas não me apetecia vir de lá encharcada em cerveja. Odeio cerveja. Odeio o cheiro da cerveja. Odeio. Enfim. Já nada é como era. Tenho pena. Porque era tão bonito que tenho alguma dificuldade em imaginar que, por este caminho, algum dia consigam fazer melhor.
domingo, 5 de maio de 2013
Noites de Queima
Para a posteridade fica o momento em que, a virmos da Portagem, já de madrugada, depois de um eferrea pendurado nas grades das janelas do Banco de Portugal, diz:
Se um dia eu mandar nisto, tenho um sonho para o Jardim Botânico: meter lá frangos e leões.
O álcool é uma coisa que dá muita criatividade, de facto!
sábado, 4 de maio de 2013
sexta-feira, 3 de maio de 2013
Em compensação...
Esta é uma das músicas da minha vida, embora me acompanhe há anos, não assim, mas pela voz da Anabela e do Carlos Guilherme, num dos meus cds imprescindíveis em longas viagens de carro - Encontro.
Não consigo publicar vídeos. Help!
Verdades e assim assim
"Cheguei à tua vida com dez anos de atraso."
Fiquei a pensar nisto.
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Verdades e assim-assim
quinta-feira, 2 de maio de 2013
Esquizofrenias variadas
Primeiro, chama-me alma endemoniada.
Depois, diz que eu sou uma extraordinária (private joke) na vida dele.
Depois, diz que eu sou uma extraordinária (private joke) na vida dele.
Desvantagens de se estar solteiro
O preço dos hotéis. Há coisas mesmo interessantes se... divididas por dois. Para se ir sozinho, enfim, continuam interessantes mas fazem-me dores de cabeça, que eu fico com dores de cabeça quando gasto muito dinheiro. É isto.
As voltas
Na terça feira, passei uma manhã de cão, absolutamente arreliada com uma história de acolhimento de emergência de uma criança, onde, segundo o que me relatavam em telefonemas seguidos e absolutamente desesperados, nada fazia sentido. Nada. Estava longe, não conhecia ninguém e tudo o que sabia e sugeria que fosse feito esbarrava no aparente absurdo da solução dada ao caso. Estava incrédula. Perguntei repetidas vezes "Mas tem a certeza que os factos são esses?! Mas tem a certeza que foi essa a fundamentação?!". E a tudo que sim. Crescia em mim uma revolta gigante, que eu procurava domar, repetindo-me à exaustão que não conhecia a técnica, que a técnica nunca me tinha ouvido falar e que o mais certo era nunca ter ouvido falar ninguém com os alqueires de bom senso bem medidos. Garantia-me que era uma excepção, que estava perante uma daquelas almas do purgatório, também as há, que acham que o seu trabalho é replicar famílias de filme da Disney nos bairros sociais e a quem pais e filhos comerem da panela faz panicar. Enfim. Hoje, pela manhã, quis saber como paravam as modas. Há alguns anos que me recuso a conhecer as caras e, se possível, os nomes, sob pena de a minha vida se resumir a uma sucessão de impasses dolorosos, mas não é meu hábito esquecer os assuntos enquanto eles não estão encaminhados. Se em algum momento eles me chegam às mãos, lá haverá razão para entrarem no meu elenco de preocupações. Sinto, neste momento, um misto de alívio e tristeza. Foi tudo bem feito. Foram retirados e deviam ter sido retirados. Foram levados para longe e deviam ter sido levados para longe. Isto descansa-me. Mas... tudo pecou por tardio. Por demasiado tardio. E quando há minutos elencava as hipóteses, verificava, uma a uma, a fraca oportunidade de todas elas. Estou para aqui a pensar, a puxar pela cabeça, e, para já, nada. N-a-d-a. Tenho esperança que um dia destes ainda se consiga alguma coisa, mas não sou ingénua ao ponto de acreditar que será uma grande coisa. E coisas que não são grandes coisas, quando falamos de miúdos com 12 anos, são uma merda, é o que é!
O lado bom da vida
Logo de manhã, uma mensagem da M.. Assim, lembrou-se.
Passado um bocadinho, os habituais dedos de prosa matinais com a C..
E ainda agora, ao telefone, o lado bom da vida com o melhor melhor amigo, a esperança desejável em cada situação, a capacidade ímpar de dar colo à distância, o mimo em falta compensado em doses generosas de paciência e compreensão.
Uma mensagem do mano a dizer "Gostiii!".
E é assim. O lado bom da vida.
P.S. Também chegou uma aguardada resposta a uma coisa ligada à tese.
Bom dia, pessoas!
Adenda: Ontem, a pessoa também foi muito querida e mimimi e até disse que um mail que eu lhe mandei, do mais básico que há e em jeito de telegrama, merecia ser impresso para a posteridade porque era como as cartas que há muito se esperam receber - uma relíquia. É um exagerado. E um ciumento.
Adenda: Ontem, a pessoa também foi muito querida e mimimi e até disse que um mail que eu lhe mandei, do mais básico que há e em jeito de telegrama, merecia ser impresso para a posteridade porque era como as cartas que há muito se esperam receber - uma relíquia. É um exagerado. E um ciumento.
quarta-feira, 1 de maio de 2013
Verdades e assim assim
Voltei a dançar. Sozinha. Descalça. Em casa. Uma hora e mais qualquer coisa. Até me cansar. Até não pensar em mais nada. Voltei a dançar. Sem estar ninguém a ver. Sem avaliações para saber se o pé ou a mão estão correctamente colocados. Voltei a dançar pelo prazer de ter a cabeça cheia de falta de vergonha de parecer ridícula... e de vontade de voar. Não há nada, com os pés no chão, que nos aproxime mais de voar que dançar. Voltei a dançar. E fez-me um bem danado.
Pequenas tão grandes coisas
Pus uma mesinha e duas cadeiras na varanda. Ando a tomar lá o pequeno almoço. Tem flores à volta. E agora vou lá plantar morangos. Com uma mantinha nos joelhos, começa-se o dia melhor ali, num contraste grande entre o ferro e fogo da cidade logo pela manhã e a lentidão com que me ponho a pé. Aqueço as mãos na caneca do chá. E olho longe, a contemplar o tanto que há para ser visto. Também penso em coisas boas, elenco-as, ponho-as por ordem, conto-as. Há alturas na vida em que precisamos muito de fazer um esforço para não esquecer as coisas boas, sob pena de sermos engolidos pelas outras. Vamos lá, então. Acreditar, com todas as forças, que vai ficar tudo bem. Acreditar. É preciso acreditar. Muito. E a sério. Do fundo do coração.
Maio assim
Que Maio venha feliz, cheio de boas notícias. Que varra com ele as doenças e as angústias que os fins de Abril me depositaram no colo sem pedir licença, tão impreparada e cansada me achava para golpes desta natureza. Tenho pânico de doenças. Tenho pânico de doenças dos meus. Sinto o infortúnio imenso de não ser capaz, a frustração maior de não poder fazer nada. Que Maio venha com curas, com prognósticos favoráveis, com listas de espera curtas, com operações de sucesso. Que Maio venha assim. Que Maio venha com a serenidade capaz de aceitar, sem me causar uma dor mais funda, sempre que me diz "Não chores!", em vez de se calar calado e ficar por perto a ver-me esvaziar os olhos, em franco alívio de toda a minha alma. Que Maio venha assim.
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