Voltamos ao ritmo devagar e a medo... Se é verdade que queremos muito acreditar que vai correr tudo bem, não deixa também de ser verdade que olhamos para tudo o que há a fazer e nos perguntamos como é possível encaixar as horas e a serenidade suficientes para a tese. Sabem bem que aquilo me consome e há dias em que penso que podia bem viver sem esta consumição. Podia dedicar-me a fazer tudo o mais que tenho a fazer sem este peso constante nos ombros e esta responsabilidade a mais na mente e ainda assim não poderia dizer-se que fosse propriamente uma tipa desocupada. Há mil e um projectos em mãos... alguns com os quais acredito que podia deliciar-me a valer e que vão ficando para baixo, para o fim, na pilha imensa de tarefas pendentes. Às vezes, a dormir, sinto-me afogar em papéis e sair de lá tolinha ou então espantada comigo mesma por ter decidido virar a mesa e mandar tudo às urtigas, dedicando-me a uma casa de chá, a fazer bolos para fora, a bordar ponto cruz ou a ser mãe. Só. Tanto. Depois, de repente, penso no tudo que já andei para aqui chegar, nas vezes em que, ávidos, grávidos de esperança, os meus depositaram em mim expectativas tão grandes, e volto a sentar-me, a pegar no computador, no livro mais ao pé, e a arrumar o pensamento. É o caminho escolhido. Nunca fiz um caminho imposto. E isso há-de valer de alguma coisa. Tenho um medo irracional de falhar, um pânico que se agiganta no meu peito e me sussurra que não vou ser capaz, uma mão má a parar-me o raciocínio de cada vez que me passa pela lembrança desistir, acomodar-me a esta gestação constante de incapacidade de fazer tudo o que esperam de mim. Ao fim do dia, proponho-me sempre fazer mais a seguir, ser melhor no dia por vir. E nunca faço. E nunca sou. Há momentos em que acho que exijo demasiado de mim e em que concluo que sou, de facto, a minha pior inimiga. Há outros em que... tenho a certeza. E, não sei porquê, é nesses, precisamente, que vou ganhando forças para ir adiante, pé ante pé, à espera para ver se consigo não desiludir ninguém e, de uma vez para sempre, convencer-me que não sou uma fraude.
Minha querida, não és a única com essas oscilações entre o "vou conseguir" e "não vou conseguir". Claro, que se quiseres a sério conseguirás. E, daquilo que vou conhecendo por aqui, a serenidade com que escreves e transmites, tenho a certeza que, um a um, passo a passo todos os projectos, desde este maior até ao mais pequeno se vão realizar. Não deves é nunca agir em função do que os outros esperam de ti. Sei que é um lugar comum dizer isto, mas só deves fazer aquilo que tu realmente queres, por ti e não pelos outros.
ResponderEliminarSe servir de consolo, sinto exatamente o mesmo e há dias tenho pesadelos com a minha, ela é um monstro e me engole... Rs
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