Aprovado o OE, de que, dizia-se, e parece confirmar-se, não havia Plano B, as 40 horas, os cortes dos salários, das pensões, etc, etc, etc, assistimos hoje ao primeiro sinal, na minha opinião, verdadeiramente preocupante de endurecimento da luta. Reparem que, por exemplo em Coimbra, nem os Correios escaparam e os protestos cresceram espontaneamente com gritos "de guerra" por anónimos de olhos raiados de fúria. Enquanto na minha faculdade se assiste a pérolas musicais entre as aulas e em minha casa se veste o ar de quentinho natalício, o mundo lá fora enlouquece a passos largos. Soares previne a violência em discursos tão atabalhoados que se acredita que estivesse a incitar a ela. O Papa diz que a subserviência à economia a atira para o lugar de nova forma de tirania. E o meu país perde-se, correndo a direito sem olhar a nada, o meu país perde-se num caminho sem saída, sem inversões possíveis na marcha, sem desvios. O meu país perde-se num destino em que parece que não podia acontecer mais nada senão perder-se... E eu, confesso, começo a achar que isto é capaz de estar a ficar perigoso. Caminhos sem retorno e pessoas desesperadas dão becos sem saída emocionais. E pessoas sem nada a perder são capazes de quase tudo.
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