Estive 47 minutos à espera de ser atendida nos correios. Mais ou menos a meio do tempo, arranjei lugar para me sentar. Estava capaz de espancar alguém com a barulheira e a lentidão que para ali ia, mas ainda tive discernimento para perceber que tinha acabado de entrar uma senhora grávida até à sétima casa... quase a parir, basicamente. Tinha-me sentado há menos de um minuto, seguramente. Não chegara a aquecer o lugar. Era quem, de toda a malta presente, estava mais carregada com tralha e devia ter ar de esfomeada porque eram quase três da tarde e não engolia nada desde as oito e tal. Olhei de relance. Não houve uma única alma, entre dois homens mais ou menos da minha idade e duas miúdas adolescentes, que tenha tido a decência de se levantar para dar o lugar à senhora grávida. Passou-me pela lembradura desatar aos berros sobre boas maneiras, mas achei que seria em vão esse gasto excessivo de latim. Levantei-me. E dei o lugar à grávida. E fiquei a remoer três dias onde raio vai parar um país onde pitas e homens permitem que tenha de ser uma senhora a dar lugar a outra. Quando for velhinha, estou-me a ver de bengala, em pé, para dar espaço e condições à marmelada adolescente, pegada, de algum casal efervescente.
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