Jantar com o meu homem é sempre um bom pretexto para acender uma velinha. Não o faço com vontade de fazer do momento uma coisa cerimoniosa ou convencer o rapaz que sou uma Maria Chiqueza. Acontece que estes jantares, em que estamos só os dois, por tão raros, são sempre especiais. São longe da televisão, são decorados pelo som da noite ou apenas por uma música baixinho. A conversa, os detalhes, as decisões sérias e os sorrisos cúmplices fazem o resto. Não há nada de extraordinariamente excepcional nestes jantares... e a verdade é que a nossa capacidade de nos deslumbrarmos com a sua aparente normalidade é, podem crer, o que os torna tão únicos. Pode haver creme de nabiças, frango e arroz de colorau e um bolo de cenoura ao fim. Só isso, com uma golada de água de côco. Pode ser só isso e as minhas mil caras de dúvida quando garante que afinal gosta muito quando me dedico a cozinhar, mas isso chega. Chega porque o mundo lá fora pode desabar em água, que a nossa ilha está segura. Não sei porquê, mas estes jantares a meio da semana são uma receita infalível para o combate às saudades.
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