Liguei a televisão para ter a companhia das notícias enquanto engolia a salada russa do almoço e a determinada altura percebi que as novas a propósito dos incêndios que actualmente arrasam a Austrália estavam a ser dadas, em simultâneo, em linguagem gestual. A peça da Sic Notícias reproduzia o comunicado ao país, feito em inglês, perante as televisões austríacas. Ao lado do comandante das operações, que discursava sobre o drama dos incêndios descontrolados que ameaçam Sidney, estava uma intérprete de língua gestual. Acabei, inevitavelmente, a fazer a comparação com o que se passa entre nós e por me aperceber que é cada vez mais raro encontrarmos a Paula Teixeira ou outra pessoa no cantinho dos nossos televisores. A crise deve ter impedido que a prática se reiterasse, até cair em absoluto desuso. E é pena. Não temos a tradição da imprensa escrita como meio de acesso à informação pelas grandes massas. A maioria dos portugueses não lê jornais ou revistas de referência ou sabe sequer consultar on line as actualizações do que se passa no mundo. Assim, o contacto mais imediato com o "fora de portas" é feito pela televisão. As notas de rodapé são escassas. Praticamente tudo passa pela palavra falada. E os surdos, salvo se conseguirem a habilidade de leitura labial, vão, também por isto, vendo ser-lhes negada a igualdade no acesso à informação. Nunca tinha pensado a sério no assunto. Mas acho que é isto...
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