quinta-feira, 31 de outubro de 2013
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
Pasto...
Tenho a janela da sala aberta desde cedinho. Estou aqui à secretária. Entrou-me barulho pela casa dentro durante toda a manhã. Parou agora. Cheira a pasto... cortado rente, regado e enxuto pelo sol do meio da tarde. É o que me está a valer, neste dia difícil...
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Corto os pulsos?!
Gosto pouco destes orientandos impingidos, que nunca vi mais gordos, com quem nunca falei e, pior do que isso, relativamente aos quais não faço a mais pálida ideia de como pretendem trabalhar, mas enfim, não há profissões perfeitas e o facto de ter de os gramar, como pastilha amargosa, é uma pedra na engrenagem da profissão que escolhi para mim e de que, em geral, gosto muito. Nunca fui agradavelmente surpreendida por uma destas criaturas. Até hoje, os trabalhos mais sérios, as teses melhores, os alunos mais empenhados, não eram destes que nos calham na rifa porque, enfim, têm de calhar a alguém. Mas esta alma, esta alma promete. Se não viesse aqui desabafar, dava-me uma coisinha.
Acabo de receber o seguinte mail:
"Senhora Doutora,informo que pretendo iniciar a minha tese,se assim o intender no próxima 2* feira dia quatro desponibelize por favor a hora e local.
Com os melhores cumprementos."
segunda-feira, 28 de outubro de 2013
R. de...
Pequena R. desafia o leitor. O seu R. é de...?! O nome de pequena R. é, portanto, ...?!
Digam-me tudo. Há quem aposte que os nomes têm muito a ver com o que somos e como somos. Quem sabe o blog já não vos deu algumas "pistas"...
Nota: Isto não vale para os que me conhecem, tá?!
Há coisas que podem condenar uma relação #16
Andava há meses a dizer que havia de unir os sinais todos que tenho nas costas e descobrir, dessa maneira, que desenho formavam. Apontava-os com os dedos e tentava decifrar o desenho. Não conseguia. Fazia beicinho e pedia-me outra vez. Eu (já disse que sou uma namorada santa, não já?!), ontem, lá o deixei dedicar-se ao desenho. Antes isso que decidir picotar-me, pensei. Com uma caneta de tinta permanente, concentrou-se muito no seu papel e desatou a fazer-me riscos na costas. A meio, arriscou que aquilo havia de formar uma árvore, mas... não. O rapaz... e agora digam-me como é que eu posso namorar com uma pessoa assim, acabou por concluir que eu tenho... um galo de Barcelos nas costas. Aquilo, para mim, é mais um cão, mas ele teima que até vê a crista ao galo. Eu, que estou numa de não me chatear, sugeri-lhe que começasse, então, a tratar-me por có, diminutivo de có-có-ró-có-có. Se aceitasse, eu passava a tratá-lo bó. E, para todo o sempre, seríamos, enfim, o casal BÓCÓ! Ele diz que não quer. É um... TÓTÓ!
sábado, 26 de outubro de 2013
Poemário essencial
...
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.
Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te directamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.
Pablo Neruda, in "Cem Sonetos de Amor"
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
Violência doméstica
Estou a tentar encontrar alguma lógica nos boatos em torno da separação da Bárbara Guimarães e do Manuel Maria Carrilho. Definitivamente, só quem mora no Convento é que sabe, mesmo, o que lá vai dentro...
E que irónica é esta sucessão de posts...
Do amor... em sentido lato!
Há coisas sem as quais eu não sei viver e, honestamente, não quero aprender. Sustentam muito mais de metade da minha capacidade de ser sã e seguir em frente. Eu não posso viver sem o amor dos meus, não consigo viver sem as doses certas de atenção e compreensão que me permitem sabê-los presentes, por mais que estejam longe. Eu não posso viver sem as palavras. Alimento-me de palavras. Preciso delas escritas e faladas. Preciso delas carimbadas em gestos e cedências, porque não me nego a fazê-lo também. Não acho que as palavras se gastem e, muito menos, que se banalizem. As palavras são como os dias e as noites. São sempre dias, são sempre noites, mas nunca são iguais. Porque em cada momento a palavra é ela própria e o sentimento que depositamos nela. Gosto muito da frase que diz que a palavra dita é como a pedra atirada, não volta atrás. É verdadeira. É de uma aparente simplicidade que se esvai facilmente quando a deciframos e percebemos a profundidade do seu sentido. Ainda que eu diga cem vezes num dia que gosto de alguém, há, em cada uma dessas vezes, uma dimensão nova do meu gostar. Porque as palavras são uma obra de arte. E não há escultor mais talentoso que aquele que sabe escolhê-las... agrupá-las... reinventá-las. Eu não posso viver sem palavras. Porque calar as palavras é uma forma, às vezes, de agir muito determinadamente. Não é uma omissão, se quiserem. Calar uma palavra que teima em formar-se no peito e é só feita de uma vontade genuína de agradar a alguém não é saborear uma dose certa de silêncio. Eu não posso viver sem abraços, sem beijos, sem mimos, sem cumplicidades. Não posso viver sem recebê-los e, tão autêntico como isso, eu não posso viver sem dá-los, como se me azedassem no coração os sentimentos mais nobres que lá se formam. Eu não posso viver como uma pedinte de afectos, porque isso me mata o encantamento e eu prezo ser uma alma encantada pela vida, pelo ontem, pelo agora e pelo depois, pelas pessoas.
Verdades e assim assim
Estou a pensar imprimir esta foto para usar quando os meus filhos não quiserem comer a sopa. Dizer que se vai ligar ao homem do saco ou ao cigano já não assusta ninguém.
O Sócas, o Mimi e a maralhada toda
Agora que levar com o Mimi é dado assente, Sócas, a quem uma amiga costuma chamar chefe da quadrilha, ameaça, sim, ameaça regressar à política. Para tanto, vão-lhe valendo os comentários no canal do Estado, as bocas para o ar e, mais recentemente, o lançamento da fecunda tese de mestrado em filosofia política. Escolheu bem o tema, que imaginar que a ameaça do tipo se cumpre é, de facto, uma enorme tortura. Para mim, é. E estou convencida que, para a democracia, também. Tudo encaixa, portanto. A apresentação da obra esteve a cargo de Mário Soares, pessoa que, enfim, já conheceu melhores dias e, em rigor, se apresenta em melhorzinho só mesmo quando adormece nos actos de Estado e, por efeito disso, fica calado e, pasmem-se todos, por Lula da Silva. É verdade. Já não me bastava o Lula ser Doutor Honoris Causa lá por Casa, agora ainda é gajo para se abalar à metrópole a fim de apresentar a tese do Sócas. Onde é que isto vai parar, é a pergunta que, pelo menos em mim, não quer calar. Onde é que isto vai parar?! Às vezes acho que entrámos todos num filme de terror político e a qualquer momento alguém vai desatar a abanar-nos e a gritar, como faria a "minha" Nô, "tou a bincar contigo!!!". É a minha esperança. Mas estou a perdê-la.
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
Pequena R. pede ajuda ao leitor
Careço de almofadas indiscutivelmente de Inverno. Quentinhas e fofas. Os linhos são permitidos, se grosseiros. Só. As preferências vão para os nude, os beges, uns rosa escuro deslavados e os verdes secos. Ampla guarida a bolinhas, dizeres e pinceladas abstractas. Preferencialmente arredadas de flores e riscas. A minha sala agradece. Eu também.
Do acesso à informação
Liguei a televisão para ter a companhia das notícias enquanto engolia a salada russa do almoço e a determinada altura percebi que as novas a propósito dos incêndios que actualmente arrasam a Austrália estavam a ser dadas, em simultâneo, em linguagem gestual. A peça da Sic Notícias reproduzia o comunicado ao país, feito em inglês, perante as televisões austríacas. Ao lado do comandante das operações, que discursava sobre o drama dos incêndios descontrolados que ameaçam Sidney, estava uma intérprete de língua gestual. Acabei, inevitavelmente, a fazer a comparação com o que se passa entre nós e por me aperceber que é cada vez mais raro encontrarmos a Paula Teixeira ou outra pessoa no cantinho dos nossos televisores. A crise deve ter impedido que a prática se reiterasse, até cair em absoluto desuso. E é pena. Não temos a tradição da imprensa escrita como meio de acesso à informação pelas grandes massas. A maioria dos portugueses não lê jornais ou revistas de referência ou sabe sequer consultar on line as actualizações do que se passa no mundo. Assim, o contacto mais imediato com o "fora de portas" é feito pela televisão. As notas de rodapé são escassas. Praticamente tudo passa pela palavra falada. E os surdos, salvo se conseguirem a habilidade de leitura labial, vão, também por isto, vendo ser-lhes negada a igualdade no acesso à informação. Nunca tinha pensado a sério no assunto. Mas acho que é isto...
Da discórdia (private post)
Hoje abri o facebook e a primeira coisa que me apareceu foi este anel... O destino é, de facto, um indivíduo muito reinadio...
Susto... caos
A minha agenda até meados de Dezembro. Estou a organizar-me para, nas horas vagas, trabalhar na tese. Ahhh... e tentar tomar banho e dormir. Também era bom namorar. Vamos ver se dá.
terça-feira, 22 de outubro de 2013
Ai oh pá...
Então o Michael Bublé tem um concerto agendado em Portugal para dia 1 de Fevereiro de 2014 e ninguém me diz nada?! Saíram-me cá uns amigos, vocês... vou-vos contar!!!
Escolhi esta música porque:
Gosto muito;
Já há coisas de Natal a aparecer nas lojas;
Gosto de ser assim querida e deixar sugestões de presentes que me fariam muito happy. Não precisam agradecer.
E agora, ao cair da noite, mais a sério
Foi na passada sexta feira que o país acordou atordoado pela notícia de que há quem ache que o Tribunal Constitucional tem lá dentro marionetas, que a Constituição da República é uma lei perfeita para ser ambígua e que os acórdãos em que não se diga Amen ao governo são, nada mais, nada menos, que expressões de como as pessoas do mal podem, querendo, ser forças de bloqueio. Gosto sobretudo da expressão "forças de bloqueio", como se o governo quisesse levar-nos para algum lado decente e o TC andasse a prendê-lo por uma perna. Gosto também muito da ideia bacoca de que somos todos uma cambada de atrasados mentais (sem ofensa para os atrasados mentais) que achamos normal ouvir e calar quando, assim de repente, se lembram que bom, mesmo bom, era arrasar com o princípio da separação de poderes ou, melhor ainda, subsumir a legislatura e a jurisprudência à deriva dos artolas que teimam em achar que governar é mandar nisto. O governo está para o país como os pais para os filhos a quem não dão cavaco (palavra curiosa no contexto) ou como os maridos para as mulheres a quem perguntam opinião, já de mão em riste acaso lhes ocorra dá-la. A bem dizer, eu cá até acho que há pouco mais a fazer num país que, de facto, "nem se governa, nem se deixa governar", portanto, eu nem me irrito com as medidas (com algumas irrito, mas pronto, adiante), mas sim com o ar de virgens ofendidas que a escumalha de governantes faz quando nos fode reiteradamente e a maus modos. O pormenor de luxo, porém, estava para chegar pela boca do Zé (há cada vez mais Zés nestas histórias), que se lembrou que bom, mesmo, era o TC aproveitar a experiência dos juízes sociais e chamar a malta para decidir com ele. Tenho sempre medo de juízes sociais. Acho que é uma lotaria serem bons e tenho a certeza que se há coisa em que não convêm lotarias é na aplicação da justiça. Esta ideia, porém, não bebendo do rigor técnico que agora lhe imprimo porque o Zé, em verdade, deve perceber tanto de colectivos e juízes sociais como eu de lagares de azeite, tem um pequenino senão: não tem pés nem cabeça. Só almas iluminadas pelo "venha a mim" podiam lembrar-se de coisa tão peregrina. E eu cá juro que se fosse conselheira teria hesitado muito, sem saber se havia de me rir ou de chorar por me respeitarem tanto como às rodas do carro do Padre, que até andam pelo chão. E é assim que vai o meu país. Cheio de pobreza, mais que muita em todo o lado e um tudo nada ainda superior no espírito de meia dúzia que, por azar dos azares, calham de falar e ser ouvidos.
A boa filha, à casa torna :)
Em pausa no meu Balenciaga Paris, já dei muitas voltas, mas voltei, como sempre, a render-me ao Envy me. Estes dois estão sempre no meu coração... nada a fazer!
É mesmo assim
Não acredito em vidas sempre cor de rosa e em que tudo está sempre muito bem. Irritam-me as pessoas que nunca se destravam, que nunca choram de tristeza, que nunca pensam em baixar os braços. Porque não podem, mesmo, ser genuínas. É da vida haver altos e baixos, dias melhores e dias piores, zangas e pazes. Quem nunca chorou de tristeza, não sabe cultivar o momento em que pode chorar de felicidade. Quem nunca pensou desistir, não pode valorar devidamente o que consegue alcançar. Quem nunca se destravou, não aproveita com a mesma alegria a serenidade dos momentos de paz madura. Vidas perfeitas não existem. O que não me impede de acreditar que há vidas boas. A minha, por exemplo, é uma vida boa. Tem pormenores delicados e difíceis de gerir, mas é cheia de pormaiores que fazem valer tudo a pena. Além disso, com o tempo, venho aprendendo a guardar cada vez mais só o que é bom... nem que sejam as lições das horas más. E tenho o coração em paz e a certeza segura de que vai ficar tudo bem... sempre. Porque é merecido, porque podemos cansar-nos, mas nunca desistimos a sério de ser felizes e porque lá no fundo sabemos que a vida, para ser real, tem dias maus... para nos ensinar a agradecer e saborear melhor ainda os bons, os muitos e bons que estão por vir. A vida é boa, pá. E o mantra é este. É preciso é cultivar as nobres artes da paciência, do respeito, das desculpas e, do fundo do coração, do amor pelo outro.
Do que a vida muda
Hoje é dia de assinar um documento muito, muito, muito importante. À primeira vista, dele depende, em muito, mais um ano da minha vida profissional. Mas... a verdade é que ele leva consigo sonhos muito maiores do que esses que se percebem à primeira vista. Há um ano, assinei um documento semelhante à pressa e com uma caneta bic cristal, provavelmente. Hoje, demoro-me a namorá-lo e assino-o com uma Montblanc. O que mudou na minha vida não foi o upgrade das canetas, foi saber que hoje, ao assinar este documento, eu não estou sozinha. E no desenho do meu nome, feito assim nesta companhia, eu sei que vão sonhos meus, sempre, mas cada vez mais, também, sonhos nossos. Que em boa hora o assine. Que siga o seu caminho. Que traga boas notícias. Que seja o fim e o começo, a eternidade e o momento, o sempre e o agora. O meu... e o nosso futuro.
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Do Estado das coisas...,
Verdades e assim-assim
Morrer sozinho
Suicidou-se uma pessoa próxima. Assim, sem que nada o fizesse prever, matou-se. Era uma mulher inteligente, cheia de vida, uma profissional reconhecida, cheia de planos, com um marido que amava muito e uma filha por que vivia acima de todas as coisas. Escolhia móveis de design e quadros autênticos para uma casa de sonho. Um dia, chegou a casa e tinha os papéis do divórcio para assinar. Não fez fitas. Chorou muito em minha casa, mas lá, naquela hora, não fez fitas. Perguntou porquê e ouviu-o, cheio de calma, dizer que a vida de médico o tinha levado a conviver cada vez mais com aquela específica enfermeira e que, pronto, se tinham apaixonado e ela estava grávida. Assinou os papéis, prescindiu da casa e dos sonhos, foi viver, de favor, num apartamento pequeno e sem alegria. Fui lá uma única vez. Era uma festa de aniversário da filha. Não havia objectos pessoais marcantes. Parecia que aquelas duas tanto podiam viver ali como em outro sítio qualquer. Passaram quinze anos. A vida levou-lhe a filha para longe, onde abraçou uma carreira brilhante, também como médica, como o pai. Ela reformou-se. Estava desejosa. Dizia que estava farta de miúdos e só queria descansar. Na Páscoa, reformou-se. E passou a viver sozinha, numa casa que nunca foi sua, sem a filha por perto, sem o seu grande amor, sem motivos para se levantar de manhã. Passou a viver uma vida que mais não era que um dia a seguir ao outro. E descansou. E ter-se-á cansado de descansar. E não suportou sobreviver assim. E suicidou-se. Inevitavelmente, pergunto-me sempre, o que leva alguém como ela a fazê-lo. E acho mesmo que é a solidão. Porque a solidão não é estar sozinho, que até é coisa boa. A solidão, não sei bem, mas acho que é estar vazio. E ela, de facto, deve ter percebido, cheia de dores, que não tinha nada... Tenho tanta pena...
Al Berto
e uma vez acordou
caminhou lentamente por cima da idade
tão longe quanto pôde
onde era possível inventar outra infância
que não lhe ferisse o coração
Sintra report
Conheci bem Sintra (já lá tinha ido antes, mas sem guardar grandes memórias) em 1998. Passei uns dias na vila e rendi-me a ela. Ouvi, lembro-me bem, naquela altura, o senhor que conduzia a charrete dizer que, sem ser uma autarca perfeita, Edite Estrela tinha dado uma nova vida aos monumentos e ao centro histórico e que, pelo menos ali, naquele espaço central, se notavam importantes progressos e investimentos. Apaixonei-me por Sintra nessa altura. Voltei, com algum tempo, no verão de 2004 e acabei por contagiar a minha companheira de viagem pelo país, fazendo-a render-se, em doses semelhantes, a Coimbra e a Sintra. Nos últimos anos, por razões profissionais, voltei inúmeras vezes a Sintra, mas sempre para me enfiar numa sala ou auditório qualquer e ouvir e/ou falar durante horas a fio. Desde 2004, seguramente, que não ia à Piriquita ou me espaçava em qualquer recanto da minha Sintra. Até este fim de semana. Os planos eram os melhores, as expectativas estavam nos píncaros da minha vontade e imaginação. Era a cidade mais romântica do país para conhecer de mão dada com o amor e redescobrir pelos olhos curiosos dele. Escolhi o hotel mais badalado do momento nesta altura por aquelas bandas, por ser novo, por ser boutique, por ser central e mimimi pardais ao ninho. E vim desolada. Sintra, fora dos auditórios onde me tenho enfiado, como no Olga Cadaval, não melhorou nada. Parou num tempo lá atrás, impulsionada pelos anos de glória de 90 e estagnada pela crise que há muito se consolida nas contas das autarquias. Sintra está velha, está escura, está suja, está fria. A Pena está em obras e sem o glamour de outros tempos. A Vila deixa um dó na alma de tão pobrezinha em história, com as míticas chaminés a esfarelarem-se em tinta por ali abaixo cozinha adentro. Vê-se pouca gente, paga-se muito em todo o lado, não há flores viçosas, não se percebem quaisquer cuidados com a mata e há quem ache melhor a Piriquita II e esqueça a primeira, a original. O comércio tem muito pouco de tradicional e só com alguma condescendência pode dizer-se que há muito a separá-lo das lojas chinesas ou das velhinhas lojas dos trezentos. Chegámos a Sintra depois de um triste périplo por Galamares, tendo o GPS reconhecido uma rua igual na aldeia e optado por enviar-nos para cem metros depois do cu do mundo. Enfadonhos, os sentidos proibidos e obrigatórios, a escuridão da noite e o deserto das ruas numa hora em que o céu se desfazia em água, levaram-nos a um desespero tal que chegar ao hotel não foi uma alegria, foi um alívio. E aqui, esperava-se, começaria tudo de novo, para dois dias como folhas em branco. Mas o hotel, sendo novo e tendo alguns pormenores, não é só o que dizem, lindo e maravilhoso e tudo de bom. Fez-me lembrar as pessoas que de quererem ser tão clean se tornam aborrecidas. É branco. Tudo branco. Tudo pálido. Tudo, tudo, tudo, tudo, tudo asséptico. Sendo solícitos e empenhados, os empregados são demasiado jovens e inexperientes, com tendência para calinadas no português que muito podem bulir-me com os nervos. E tudo isto, assim junto, com um desequilíbrio mais que muito entre o que esperava ter e o que foi possível alcançar, faria deste fim de semana uma ruína imensa. Mas a vida também tem maus dias, maus fins de semana, más escolhas. E tudo isto faz agora parte não da minha, mas da nossa história. Só por isso, como carapaça que se engrossa, vale a pena. Porque enfim, estávamos juntos e agora sabemos que, tão depressa, não voltamos a Sintra.
segunda-feira, 21 de outubro de 2013
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
Nem de candeia acesa se acha uma namorada igual, de tão querida e amiguinha que sou!
Estava a dizer-lhe que queria ir a Paris, mas depois ele soube o IVA que tinha para pagar e eu passei então a dizer-lhe que se me desenhasse uma Torre Eiffel e me cantasse La vie en rose eu já ficava contente.
quinta-feira, 17 de outubro de 2013
Que semana!!!
Tem sido uma semana cadela. Meus doentes, queridos desavindos, alguns incompreendidos, a puta da crise a bater a portas próximas, muito mais cruel que o habitual. Sei lá. Preciso de desopilar. Por isso, se tudo correr como previsto, é já amanhã. Boto faladura toda a tarde, sou profissional, respondo a perguntas, apresento números, dou conselhos que me parecem bons e depois, bem, depois dispo a farda, é possível que me descalce, dou-lhe a mão, estico os pés para cima do tablier e conto os minutos (muuuuuiiitos) até chegar ao destino. Faça chuva ou faça sol, precisamos ir. Sozinhos. Sossegados. Recarregar as baterias para, segunda feira, começar tudo outra vez, logo bem cedo. Voltar a pegar nas palavras, a muni-las de força bruta ou de meigo encorajamento, em lutas várias por uma semana menos cadela que esta. Raios.
terça-feira, 15 de outubro de 2013
Há coisas que podem condenar uma relação #15
Fiz creme de cenoura com ervilhas. As ervilhas não são das miudinhas, congeladas, de compra. Não. São ervilhas vistosas, grandes, rijinhas. Já sabendo que ao rapaz custa mastigar as ditas, cozi as ervilhas à parte, durante o mesmo tempo de cozedura dos restantes legumes da sopa (!) e só as juntei quando os tinha reduzido a creme. Deixei ferver mais dois minutos e desliguei. Para mim, a sopa estava óptima. No entanto,
Mãe: Querem levar sopa?
Ele: É melhor, é, que a sua filha fez um creme com umas ervilhas de ferro de tal maneira difíceis de comer que, se caírem ao chão, tenho a sensação que são capazes de saltar e partir uns quantos mosaicos.
domingo, 13 de outubro de 2013
Family
A minha família é grande. Fomos quatro, somos seis. Há dias, porém, em que a minha família são dezoito. Outros em que são mais ainda. Há dias em que a minha família se ajeita aos modos dos amigos dos meus pais, outros em que o faz pelos meus amigos. Há dias em que conheço mais família e enfeito a minha de um povo novo, aumento-me em pessoas que nunca vira até aí. Sou tia. Há momentos tão felizes, mas tão felizes, que salpicam os dias a seguir, como pó mágico que se espraia vida fora.
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Mousse de maracujá
Há lá coisa mais fácil que juntar o interior de 25 maracujás, 1 lata de leite condensado light e 4 iogurtes gregos, mexer bem, despejar numa taça e levar ao frigorífico duas horas antes de servir?! Não há, pois não?! Bem me queria parecer.
Ataques de pânico
Talvez esteja na altura de voltar a falar deles aqui no blog. A bem dizer, tenho cá vindo contá-los quando acontecem, ou seja, quando estou no centro de turbilhão e sem a capacidade de distanciação suficiente para os ver com olhos mais atentos (aqui, aqui). Mas isto, seja lá isso o que for, parece-me serviço público. Não há mal nenhum em ter ataques de pânico. E esta é a primeira regra para não dar o tilt. Não estamos doidos, estamos a exigir demasiado de nós, só isso. Sempre fui muito perfeccionista, o que, inevitavelmente, traz consigo doses reforçadas de ansiedade. Tenho dificuldade em concluir um artigo, por exemplo, porque acho sempre que posso fazer melhor, tenho a nítida sensação que não sou má no que faço, mas sinto, frequentemente, que as pessoas esperam de mim mais do que posso dar, ou, dito de outro modo, é muito comum sentir que acham que sou melhor do que realmente sou. Costumo, sem falsas modéstias, dizer que não sou especialmente boa em nada, embora tenha optado por dedicar-me a áreas em que reconheço que também não sou uma nódoa. Pauto-me por critérios de normalidade e, aí, acho que cumpro o meu papel. Acontece que há alturas em que temos de mostrar competências reforçadas e uma capacidade de gestão do tempo e das tarefas que não se aprende sem mazelas. O meu ano é, como sabem, o ano lectivo. Por isso, não é de estranhar que em Maio, Junho, Julho, ande a dar as últimas. Começo a dormir mal, a comer pior, a ver o tempo esgotar-se e tanto ainda por fazer, a pensar nos mil projectos que terão de ficar adiados mais um ano, enfim... começo a ceder a um certo pessimismo que costuma trazer consigo uma ansiedade maior ainda. Tive o meu primeiro ataque de pânico em 2012. Aconteceu depois de um episódio de desmaio, numa fase em que alternava entre directas e noites com duas horas de sono e em que me debruçava sobre uma tarefa angustiante - corrigir pilhas de exames à noite, enquanto fazia dezenas de orais de dia. Nunca tinha sentido nada igual. A sensação é de morte iminente e, naquele momento, não vale a pena dizerem-nos que vai passar, simplesmente porque, é genuíno, sentimos que vamos morrer ali, em segundos. Quando dei entrada no hospital, o meu estado era de tal forma aflitivo que houve necessidade de me priorizarem e despistarem um enfarte. Estava incapaz de falar, com uma dor lancinante no peito, sem forças nos membros, uma tensão arterial altíssima e os batimentos cardíacos completamente alterados. Fizeram-me de tudo e concluíram que estavam perante o meu primeiro ataque de pânico. Não me medicaram, mas pediram-me que descansasse e abrandasse o ritmo. E eis-nos aqui chegados a uma das coisas mais difíceis de aceitar: não somos todos iguais e o facto de ao nosso lado haver alguém que faz o dobro, não significa que tenhamos de fazer também. Explico: estou rodeada de pessoas muito boas, com uma capacidade de trabalho impressionante e que, apesar disso, não têm episódios destes para contar. Paciência. Custou-me, mas tive de aceitar. Os meus limites são diferentes, a minha capacidade de lidar com o stress é menor. Nunca tive um ataque de ansiedade que não tenha sido provocado pelo trabalho, pela vida profissional. É o que me vale. Não tenho esqueletos no armário, venho de uma família com os seus problemas, mas em que vinga uma ternura imensa e onde, ao longo da vida, tenho sido muito mimada. Sou uma privilegiada. Tenho amigos presentes, a profissão que escolhi, algum reconhecimento profissional, a possibilidade de, vaidosa, poder dizer que já recusei convites que, para muita gente, seriam irrecusáveis. Vivo comodamente, numa casa com livros e música, cheia de miudezas que a tornam um ninho acolhedor para mim e para os meus. Não me falta nada que seja essencial. Gozo de uma saúde razoável e disponho dos meios suficientes para, de quando em vez, poder cumprir-me numa viagem ou num fim de semana de hotel. Janto fora, vou a concertos, posso ir ao cinema e sei que, se poupar um bocadinho, consigo ter alguns pequenos luxos mais adiante. Não sofri nenhum desgosto incorrigível, nem nada me vincou irreparavelmente a personalidade. Quando menos esperava, encontrei um príncipe. Portanto... tudo está bem. Não estou, apesar disso, livre de um novo ataque de pânico. Hoje, amanhã, daqui a um ano ou daqui a vinte. Este ano, quando, em Maio, voltei a trazer comigo todos os sinais, soube que, quando se tem o primeiro, nunca mais se está a salvo e eles podem repetir-se as vezes que entenderem. Em Maio, reconheci o momento mau que atravessava. Sentia a cabeça zonza, tinha insónias frequentes, olhava para a minha agenda e, quando vi, numa semana, quatro conferências, comecei a sentir a fraqueza das mãos e das pernas, a dor aguda no peito, o coração a mil, a respiração diferente. Tinha, uns dias antes, sentido que não estava muito bem quando, depois de uma outra conferência e antes do debate, tive de sair do auditório e ir vomitar para a casa de banho. Sobem-me uns nervos estranhos pelo corpo acima, ouço as pessoas muito longe, tenho medo de multidões e só quero que me deixem em paz, no escuro. Deixo de sorrir, amareleço e vou-me entristecendo porque, curiosamente, nunca perco a noção do que me está a acontecer e sei, por A mais B, que não quero estar assim. Este ano, deixei de conseguir conduzir ou comer. Não comia, simplesmente não conseguia. Vivi umas duas semanas à base de leite e iogurtes. Um enjoo. Tinha um nó no peito e vontade de desaparecer e me enfiar em casa. Tive amigos muito ao pé, capazes de fazer quilómetros só porque sim. Tive a capacidade de, sozinha, um dia, ir para o hospital. Cheguei lá, registei-me, pedi que me vissem com urgência porque estava a meio de um ataque de pânico, mas era hipertensa em situações de stress e portanto precisava de ser medicada com urgência. Tinha a tensão a 18/11. Fui imediatamente atendida e, desta vez, vim com umas doses mínimas, mas medicação. Tenho-a cumprido escrupulosamente. Não vivo aterrorizada pela possibilidade de um ataque destes se repetir, mas não gosto dessas más fases. Prezo a minha liberdade e independência. Sou feliz a comandar a minha própria vida. Muito dona do meu nariz, envelheço quando, por alguma razão, deixo de ter pulso sobre mim e passo a depender de alguém para tarefas básicas do meu dia a dia. Desta vez, deram-me também um ansiolítico para SOS. Nunca o usei. Passadas umas semanas, já melhor, resolvi procurar a médica que me tinha atendido e esclarecê-la. Achei que devia dizer-lhe a verdade. E a verdade é que não estou deprimida, não tenho tendências suicidas, não entro em modo "oh que desgraçada sou, oh que triste vida a minha". Não. O que eu sinto é uma inquietação, uma raiva imensa por estar assim, como se se me afinassem o espírito crítico para comigo mesma e falta de paciência para fases cinzentas. Disse-lhe com todas as letras que não tenho vocação para desgraçada, que quero tudo menos uma vidinha, que nem nas horas piores me fica a faltar a vontade de fazer... e de fazer bem. O que me consome é essa coisa enervante de me tornar, momentaneamente, ainda mais incapaz de fazer bem... e sozinha. A médica sorriu. Pegou-me na mão e disse-me que bem tinha visto que não estava, logo no primeiro dia, perante um caso de depressão. Não. O que me acontece é isto, sem mais nem menos: entro num estado tal de ansiedade que crio resistências irracionais aos aspectos mais comuns da minha vida. Adoro sirigaitar e nessas fases o barulho e muita gente só me enervam. Dá-me vontade de desatar a distribuir lambada quando alguém me aluga tempo demais para questões menores. E, muito mau, passo a ter ainda menos filtro, uma paciência inversa à de Jo para mariquices e salamaleques. Sou pouco dada ao beija-mão, já de mim. Nessas alturas, então, sonho com a possibilidade de mandar pessoas à merda e tenho de me controlar muito para não desabafar. Enfim. E é isto. Agora, aqui, longe desses dias maus, sentada em casa, motivada para o trabalho, com uma agenda preenchida, mas cheia de alegria com isso, em vésperas de mais um aniversário do meu pai, em preparativos para uma festa em casa, só vos digo: os ataques de pânico são maus, são péssimos, são uma dor de alma, mas... não são o fim do mundo e, acreditem em mim, não podem ser, sequer, um fim para nós.
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Outra vez as casas...
Para o meu homem, é preciso cor. Eu, bem, eu tenho de ter a cor a vir de tralha. Mas que bom é concordarmos também nisto: casas de revista não são para nós. Ainda que nos eduquemos para o minimalismo, precisamos de livros, de flores, de música e de vida numa casa. Somos uns acumuladores de insignificâncias e detalhes.
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
Vestidinhos do meu coração...
Este, da Lanidor, é do mais R. que pode haver. Podia bem vir morar cá para casa que o meu deste feitio já está velho e cansado. Tem para aí uns oito anos e já cumpriu bem a sua missão no Mundo. E é isto.
Natal
Não, não venho (ainda) dar-vos uma extensa lista de coisas giras e que me apetece muito ter. Desta vez, venho convidar-vos a terem um Natal muito melhor que de costume. Toda a gente sabe que sou perita em episódios dignos de relato piadético quando me dá para comprar presentes de Natal para pessoínhas pequeninas e que não conheço. Apesar de tudo, não desisto, e continuo a achar que o Natal faz mesmo mais sentido assim. Desta vez, não venho falar-vos, porém, dos Anjinhos do Exército da Salvação. Acho bem que continuem a participar nas iniciativas deles e de todos os que entenderem, mas hoje venho falar-vos de um projecto que conheci de muito perto, vi com os meus próprios olhos, toquei com os meus próprios dedos. Um projecto cheio de gente boa e que me emocionou. Está longe, se não, talvez os visitasse mais vezes. Recebe, ao que sei, muitas vezes, o lixo que as pessoas querem tirar de casa, e isso é feio. Recebe brinquedos mutilados e roupas que não dão sequer para pano de chão. Vai daí, do que se precisa neste Natal é de... bom senso. E bom senso é coisa não vos falta. São os meus seguidores e são os melhores do mundo. Eu bem sei. Em breve, darei aqui conta de uma lista de coisas que fazem muita falta e comunicarei a morada para onde poderão enviar os vossos contributos. Por agora, peço-vos que, ao passarem por Massamá, deixem para lá a casa do Primeiro, que não interessa nada, e parem é em frente à quinta da casa cor de rosa. Peçam para entrar. Se forem por bem, deverão ser muito bem recebidos. E venham de lá riquíssimos. Há gente fantástica. Há casas fantásticas. Há vidas melhores quando se cruzam com gente assim, numa casa daquelas. Vão por mim. E levem qualquer coisinha. E vontade de ajudar. Muita vontade.
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
Lisboa... boa... boa...
Tenho muita pena que seja chegar e virar, mas a verdade é que a minha vontade de voltar à capital é sempre tão grande, a minha paixão pela cidade é sempre tão maior que... vale a pena, nem que seja assim a correr. Tenho muitas saudades de um determinado projecto que nos levava todos os meses uns dias até lá. É certo que tenho saudades de ter mais tempo para estar com o melhor melhor amigo, que ainda hoje me enviou uma mensagem a dizer "Já não queres saber de mim?! :(", tudo porque não falamos há uns dois dias...; é certo que descobri a minha paixão imensa por sushi na capital; é certo que corri quanta capelinha havia para correr, a descobrir sítios giros e diferentes; é certo que reencontrava amigos de mais longe, mais vezes; mas é ainda mais certo que o que me fez apaixonar mais e mais pela cidade também foi, muito, o que aprendi nos bancos daquela casa antiga, prima do Chapitô, com o rio aos pés. Tenho saudades da capital e daqueles tempos porque tudo aquilo personifica uma vida profissional onde abracei um desafio que adorei, a que me dei sem reservas. Não queria voltar atrás no tempo, não é isso. Tenho hoje, comigo, pessoas e certezas que me compensam as ausências do que ficou para trás e me dão, de sobra, motivos para adorar os meus dias, mas se a tudo isto pudesse juntar um OPA como já tive (acho que poucos viveram aquilo com esta alegria), então... seria perfeito.
CH - Nunca desilude, de facto!
A-D-O-R-O! Babo, mais propriamente. E, pensando bem, o meu casaco vermelho também já pede a reforma. Aaaaahhh, que me está a dar uma coisinha...
Habemus monograma
Continuamos sem haber é guardanapos. Raisparta. Das três uma, ou me dedico a aprender, antes de mais, o ponto cheio, e lhe bordo assim a peça, ou, em alternativa, em vez de lhe bordar eu as cenas, dou-as a bordar a quem sabe, naquele linho grosso que quase forma o quadrilé, ou ainda, por último, em vez de lhe bordar guardanapos, bordo-lhe é um lindo conjunto de banho que também é bem útil e mimimi.
Tutorial
Há tutoriais para tudo e mais alguma coisa. Vai daí, tenho esperança que algum de vós, meus queridos e fiéis dois seguidores e meio, me diga como é que eu hei-de (como é que eu hei-de, como é que eu hei-de me ir embora, com as perninhas, todas à mostra... (ler a cantar) adiante!) passar um monograma que está numa folha de papel lisa para um monograma em ponto cruz. Passo a explicar. Tenho um monograma de uma pessoa. Quero, porque sim, bordar o dito cujo. Não quero fazê-lo em nenhum outro ponto senão em ponto cruz, pelo que não me chega decalcá-lo para um tecido (estão a acompanhar?! óptimo!), tenho de adaptá-lo a papel milimétrico (eventualmente... foi do que me lembrei) e depois, a partir daí, fazer o bordado. No fundo, preciso de transformar o traço numa sucessão de quadrilé. Mas não está fácil. Há ideias?! Dou um xi e dois beijinhos a quem me arranjar uma solução.
Fall / Winter 2013 - a lista
Preciso de umas botas pretas.
Preciso de um casaco comprido preto.
Preciso de um chapéu camel, Anos 20, novo (o meu está descosido...).
Preciso de um chapéu de chuva giro.
Preciso de vestidos. Nunca são suficientes.
Preciso de uma carteira que não seja nem preta, nem castanha. Maybe vermelha, verde ou azul.
E, claro, já agora, de tralha de enfeitar, de um perfume e destes vernizes
Preciso de um casaco comprido preto.
Preciso de um chapéu camel, Anos 20, novo (o meu está descosido...).
Preciso de um chapéu de chuva giro.
Preciso de vestidos. Nunca são suficientes.
Preciso de uma carteira que não seja nem preta, nem castanha. Maybe vermelha, verde ou azul.
E, claro, já agora, de tralha de enfeitar, de um perfume e destes vernizes
Jantares
Jantar com o meu homem é sempre um bom pretexto para acender uma velinha. Não o faço com vontade de fazer do momento uma coisa cerimoniosa ou convencer o rapaz que sou uma Maria Chiqueza. Acontece que estes jantares, em que estamos só os dois, por tão raros, são sempre especiais. São longe da televisão, são decorados pelo som da noite ou apenas por uma música baixinho. A conversa, os detalhes, as decisões sérias e os sorrisos cúmplices fazem o resto. Não há nada de extraordinariamente excepcional nestes jantares... e a verdade é que a nossa capacidade de nos deslumbrarmos com a sua aparente normalidade é, podem crer, o que os torna tão únicos. Pode haver creme de nabiças, frango e arroz de colorau e um bolo de cenoura ao fim. Só isso, com uma golada de água de côco. Pode ser só isso e as minhas mil caras de dúvida quando garante que afinal gosta muito quando me dedico a cozinhar, mas isso chega. Chega porque o mundo lá fora pode desabar em água, que a nossa ilha está segura. Não sei porquê, mas estes jantares a meio da semana são uma receita infalível para o combate às saudades.
Bom tempo
para uma limpeza geral. Comecei tímida lá pelas oito e meia e determinei que não andaria toda a manhã nisto, seria uma coisa rápida e, por isso, não tão eficaz assim, mas que serviria. Não consigo. Ou bem que é, ou então não é. Amanhã estou fora, no fim de semana não terei tempo para isto e para a semana não prevejo sequer uma manhã assim mais "vaga" para a lide. Tenho papéis para tratar, telefonemas para fazer e uns parágrafos que teimam em ficar mal comórraio e que quero ver se componho entretanto, mas trabalho muito melhor numa casa limpinha e organizada. Se me perguntarem se estava suja, sou obrigada a dizer-vos que não estava assim nada de extraordinariamente deplorável, mas sou um bocado exigente e quando hoje reparei na acumulação de pó no rádio onde havia passado um pano ontem, reparei que a coisa exigia medidas mais drásticas, como arredar móveis e caçar o filho de uma égua do cotão que se esgueira pelos cantos mais inusitados. Além disso, hoje tenho as unhas sem verniz e para a semana queria ver se voltava ao meu preto cremoso, o que, diga-se de passagem, não se compadece muito com limpezas e assim. E pronto, está sol, dá para ter as janelas abertas, apeteceu-me, estou cheia de energia e a casa agradece. É isso.
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
Agora, falando muito a sério!
Ando há uns dias para vir cá falar da notícia que dá conta de uma proposta Andaluza, segundo a qual passam a ser limitados e passíveis de rigoroso escrutínio os movimentos bancários dos doentes terminais. Pasmemo-nos todos em conjunto. Vale de muito pouco, mas já é alguma coisa. Sob a capa de medida de manifesto acerto contra a fraude fiscal, mais especificamente contra a evasão aos impostos sucessórios, a medida, a votação, reduz a nada a dignidade do doente terminal, esvasiado, para esta gente, de legitimidade até para movimentar os seus próprios bens. Desde há muito que, por motivos que não vêm ao caso, venho dizendo que há por aí muito boa (?) gente a confundir velhice e/ou doença com incapacidade. Está errado. Está profundamente errado. Esta nova moda de achar que os idosos ou doentes não sabem o que fazem e não podem ser donos do seu nariz, passando os demais a tratá-los como crianças, é uma coisa que me aflige. Não deve haver nada mais triste para um idoso que reduzirem-no a atrasado mental. Lá porque o corpo se lhe desacelerou, isso não acarreta, necessária ou até previsivelmente, um desaceleramento mental. Portanto, se me chocam os contratos de adesão de Lares, dados a assinar a filhos, transformados ad hoc numa espécie de encarregados de educação mas tratados como se juridicamente pudessem dizer-se tutores, esta notícia choca-me ainda mais. Espero, sinceramente, que a coisa não vingue.
Ontem, outra machadada nos valores do humanismo e respeito pela dignidade que toda a gente enche a boca para defender e mimimi. Os húngaros decidiram que ser sem abrigo ainda não é suficientemente mau e resolveram juntar a essa condição a possibilidade de punir as pessoas que durmam nas ruas de certas zonas das cidades. A minha pergunta é: Está tudo doido, não está?! Os sem abrigo não são um problema do direito contraordenacional e muito menos do direito penal. Muito mal vão as cabecinhas que ainda não tenham percebido que os sem abrigo são um problema social. Ninguém gosta de ver sem abrigo a dormir nas ruas (se passearmos pela nossa Avenida da Liberdade à noite, percebemos que é impossível refestelarmo-nos calma e comodamente na nossa caminha a seguir, perseguidos por aquela imagem triste, retrato de um país a falhar), mas a única maneira decente de acabar com essa imagem avassaladora é dando abrigo às pessoas, não é optando por puni-las.
Há dias em que ser deste mundo me mergulha numa vergonha imensa. Sinceramente.
terça-feira, 1 de outubro de 2013
October
Gosto muito de dias assim. São perfeitos para nos embrulharmos numa mantinha e ficarmos em casa a trabalhar. Rendem, porque não acarretam distracções. Por outro lado, são também os meus dias preferidos para preguiçar, para me esgueirar da cama para o sofá, confortável na moleza morninha de uma tardada de séries, filmes, bolo no forno, livros e boa música. Mas sair de casa com este tempo para enfrentar uma tarde que durará entre o meio dia e meio e as oito da noite... está a abalar-me a estrutura. A chuva é precisa e linda e mimimi, mas até eu, que sou a maior fã de frio, sei que pode bem haver Inverno sem isto... pelo menos nos dias em que uma pessoa tem mesmo de sair do ninho.
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