sexta-feira, 26 de julho de 2013

Lar

Continuo a acreditar que uma das coisas que distingue uma casa de um lar é a alegria de receber os amigos, o sentido que tem o aroma dos bolos no forno, as mesas postas, as flores nas jarras, as velinhas acesas, as gargalhadas pela noite fora. Se há lição boa que recebo dos meus pais desde sempre é esta: gostar de casa cheia. Amo o sossego e o silêncio de uma casa só para mim, onde me passeie em pijama um dia inteirinho ou em que organize gavetas de camisolas por cores sempre que muda a estação, mas tudo isso só faz sentido quando a mesma casa sabe receber, recebe, acolhe, se faz ninho para os amigos, para a família do coração, para as gentes que escolhemos guardar pela vida fora. Uma casa em festa não é uma casa, é um lar. E eu gosto de lares, muito mais que de casas. Os lares não têm os espartilho do tamanho das suas paredes... são do alcance do coração de quem lá mora. Ah... como é bom um lar. Como a inexcedível casa da minha avó Rosa, tão minguada nas áreas e tão imensa no aconchego. Não há natais como aqueles, em que nos acotovelamos à mesa e há miúdos sentados à meia noite no chão da sala, entre papéis e fitinhas, mas uma avó imensa, uma mãe insuperável, uma mulher tão singular. Um dia, quando for grande, quero ser uma avó daquelas, um campo de oportunidades de dar e receber lições, uma maravilha do mundo.

2 comentários:

  1. Em plena sintonia com o teu texto...gostei muito!
    Bjs
    Maria

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  2. Não sei bem do que gostei mais: se da ideia de lar, se da Avó. :);)

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