Ontem, pela primeira vez, reunidos os seis à mesa, mais sorrisos, muito mais, que constrangimentos, tive, desde há muitos, muitos anos, o meu momento de puro estado de serenidade. A felicidade é muito isto. Os meus por junto. Os meus essenciais, os meus maiores amores, os meus de dentro, do fundo do coração, ali, juntos, comigo. Em paz, de saúde, prontos para os desafios da construção constante da palavra família que redescobrimos agora, uns com os outros. Sou uma pessoa de pessoas. Até profissionalmente. Sou das mãos, dos abracinhos, dos beijos, das trocas de olhares, das cumplicidades sem palavras e das conversas sem pressa. Sou dos meus. Daqueles que, faltando-me, me levam com eles, como cinza do que sou quando somos todos. Sou muito menina dos papás, embora, sei-o tão bem, isso não signifique que me apequene em responsabilidades e maturidades de senhora. Mas sou. Sou do mimo e do colo. Sou a fã maior do mano, comovida uma e outra vez com a maravilha tão grande de me terem escolhido para viver com ele tão perto, tão meu, tão para sempre ali. Sou todos os dias mais deste amor sereno, contínuo, descoberto na certeza do amanhã e do depois disso, cheio dos bons vícios de quem sabe hoje tão melhor do que nunca o que quer para a vida toda. Sou dos meus. Faltavam-me os amigos, mas que sei sempre do meu lado, felizes comigo, reencontrados neste desempoeirado dos dias que nunca vivera tão intensamente. A felicidade é muito isto. Às vezes, acreditem, tenho medo de não a merecer, de, apregoando-a, a minguar em êxtase e segurança, mas é o peito todo que se me inflama em buliço por mostrar que é mesmo, mesmo, mesmo verdade que o amor é possível, que existe, que a completude não é utopia, que é certo que há dificuldades, há dores fundas, há episódios tão tristes que não depende de nós apagar, mas que, juntos, enfrentamos com outra coragem. A felicidade é muito isto. Deixa a toalha molhada em cima da cama, diz que lhe adivinho sempre o momento em que vai pegar no sono para começar a falar cheia de mimimis, mas abraça-me como ninguém, diz-me, sempre nos olhos, as certezas que tenho pedido que lhe floresçam no peito, cheias de força, e promete-me um mundo de R..inha princesa que há não muito tempo achava impossível. Ontem, conquistou os meus primeiros três amores e com eles, fundidos em estrela guia do meu devir, faz agora, de cada dia novo da minha vida, um presente tão especial que, vá-se lá entender, parece-me, sempre, que é Natal.
Foi por isso que quis passar o meu dia de aniversário dos 40 anos, apenas com os meus pais, marido e filhas. Os meus!
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