Descobri ontem um sucedâneo caseiro e infalível de step. A avaliar pelas dores que hoje trago nas pernas (e braços, mas pronto, para o post não interessa tanto), aquilo é mesmo bom. De manhã fui ao yoga e parecia que tinha levado uma tareia sempre que o exercício metia esforço de pernas. A saber: Combinam com a vossa mãe um dia para pôr apresentável uma divisão de casa dela que parecia o Texas e tenciona receber gente daqui a dias. Essa divisão tem a área total da casa, uma vez que é um dos andares da mesma, praticamente amplo. Nessa divisão há uma garrafeira feita em madeira que ocupa uma parede e mais um bocadinho de outra, com mais buraquinhos que eu sei lá. A empregada dos vossos pais é uma pessoa que não aprecia minudências. Vocês têm um ataque de nervos quando vão arrumar uma garrafa desasada que encontram e reparam que o sítio livre para a dita é um hino ao pó. Convencem o vosso pai que aquela zona da casa precisa de ser arrumada a preceito e que só ele pode ajudar-vos a fazê-lo. Têm pancas de arrumações, pelo que querem as garrafas organizadas por tipo de vinho, dentro disto por marca e dentro desta por colheita (eu tenho problemas, já sei!). O vosso pai afirma "A. (o meu pai chama-me assim), é por estas e por outras que sempre que tu dizes que vais fazer umas arrumações o meu coração dispara e eu tremo por todos os lados!". Vocês vão buscar-lhe uma cadeira e garantem-lhe que ele só tem de mandar, porque vocês fazem tudo, mas percebem tanto de vinhos e licores e cenas de beber como de polo aquático. Vão buscar um escadote, um frasco de Pronto e vários panos de pó. Arregaçam as mangas. Tiram a primeira fila de garrafas, uma a uma, subindo ao escadote e descendo para as pousar na bancada. Limpam quadradinho por quadradinho, com minuciosa paciência. Repetem a operação mais três vezes. Consideram que podem começar a arrumar algumas garrafas, que já não há banca disponível. Limpam uma por uma as garrafas, pedem opinião, o vosso pai manda bitaites e vocês fazem quilómetros acima e abaixo no escadote. Passada uma horita, o vosso pai, ciente de que já não devem sentir as pernas e os braços e não vão ainda a uma décima parte da empreitada, levanta-se e começa a limpar ele as garrafas. O vosso step, porém, permanece. E os halteres também. Acabam horas depois e percebem que o bar corresponde aí a um oitavo do que têm para organizar. Continuam, que são pessoas determinadas. No dia seguinte, enfim, sem pagarem nada, têm dores nas pernas correspondentes a várias horas de ginásio. É assim. Fácil assim. Vão por mim. Ah... tudo tem muito mais piada se a pessoa que sobe ao escadote tem vertigens e pânico de alturas. É um exercício de superação sublime. Uma tarde inteira.
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