sexta-feira, 26 de abril de 2013

Kikis

Tenho-os aqui ao lado, sentados no sofá, cada um de bolacha Maria (a que tiveram direito (4 cada um) depois de uma peça de fruta e um iogurte, que não quero que os pais digam que eu educo mal as crianças) em riste, hipnotizados pela história que está a dar no Panda. Fui buscar a I.. Cheguei à escola e, enquanto a funcionária verificava que o meu nome consta, desde o início do ano, no elenco de quem pode ir buscá-la, ela dizia "Olha... ela é a minha tia. A sério. Eu posso ir.". Fez confusão à Senhora eu não ser tia, tia, tia, mas enfim, o nome estava lá, a miúda já estava de mão dada comigo e não devo ter cara de raptora de crianças, pelo que lá viemos, com varinhas mágicas a cair da mochila e a creche do irmão como destino seguinte. Pelo caminho, e porque à sexta ao fim da tarde pare a galega nas ruas de cá e sai tudo à rua e uma pessoa conhece por um bocado o conceito de hora de ponta, dá-se esta pérola:

I. (6 anos): Oh tia, tu tens alguma coisa em casa para eu e o Kique brincarmos?
Eu: Não, pipoca. Mas jogamos qualquer coisa ou vemos o Panda.
I: Olha, e quando tu tiveres filhos como é que vais fazer? Eles têm que ter brinquedos.
Eu: Então, nessa altura peço os teus e os do Kique emprestados, que vocês já não vão precisar deles.
Silêncio
I.: Olha... sabes... nós não podemos emprestar os nossos. Eu tenho a certeza que quando tu tiveres filhos eu o Kique ainda vamos ser crianças. Temos de pensar noutra maneira de os teus filhos terem brinquedos na casa deles.
Eu: Oh... eu a contar com os vossos e tu agora dizes-me uma coisa dessas. Ai, meu Deus... Como é que eu hei-de, então, fazer?! Terei de comprar tudo?! Pode ser que vocês já sejam crescidos...
I.: Não. Vamos ser crianças. Mas se tu pedires aos tios todos para comprarem um brinquedo aos teus filhos eles já vão ter muitos e tu não tens de gastar o teu dinheiro todo. Nós podemos dar alguns dos nossos. Todos não, porque então o Kique ainda vai ser mesmo criança e eu mesmo que já seja um pouco adulta vai ser pouco e ainda vou brincar. Mas eu digo à mãe e ao pai e eles dão um brinquedo aos teus filhos, está bem?
Eu: Está bem. E vou fazer o que tu sugeres. Vou pedir aos tios. Ora vai-te lembrando aí. A quem posso pedir?
I.: Fácil. Podes pedir ao tio M. e à tia C., podes podes pedir ao tio N. e podes pedir à tia C. 
Silêncio
I.: Pelo menos! Mas se eu me lembrar de mais pessoas que podem ser tios dos teus filhos, eu aviso-te, está bem?!
Eu: Combinado!

E é isto. 

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