Domingo há festa em casa dos meus pais. Moram numa aldeia e fazemos por manter algumas das boas tradições dessas terras mais pequenas em que as festas são religiosas e profanas em peculiar equilíbrio de forças, em que há procissão com banda filarmónica, mas também grupos de baile a actuar nas noites de sexta e sábado. Vêm emigrantes e há fitas com flores em papel presas a árvores e postes de electricidade. Em casa dos meus pais, há azáfama na cozinha e um gentio alegre durante o dia de domingo. Há mesa corrida e bancos de madeira. Há pão quente, comidas de forno de lenha, sobremesas, louça fora dos armários, muitos copos e talheres, torneios de matraquilhos e ping pong, rebeldes que se penduram da tabela de basket para desespero da minha mãe, mantas estendidas para sestas no jardim e espreguiçadeiras juntas a cadeiras para que as pessoas passem a tarde a deitar conversa fora. Há flores desfolhadas para enfeitar a rua e histórias repetidas e novas da minha avó. Desde há anos que acrescentei pessoas a esta festa, a esta reunião de amigos e gente do coração. Não vão só os amigos dos meus pais, cujos filhos são meus amigos desde que nascemos. Vão também os meus amigos, aqueles que a vida adulta me apresentou e de que não mais prescindi nos momentos de ser feliz. Da primeira vez, lembro-me como se fosse hoje, o meu pai entrou em stress e andou uma semana a protestar que não tinha paciência para engravatadinhos com mania (movo-me num mundo em que é difícil acreditar que há gente normalzinha!). Prometi-lhe que as minhas pessoas eram sujeitas a rigorosos critérios de selecção e que mais apertados ainda eram os critérios para escolher aquelas que lhes apresentaria. Ninguém desiludiu ninguém e dá gosto ver que os meus amigos e os meus pais e os amigos dos meus pais convivem em amena cavaqueira pelo menos uma vez por ano. Em resposta ao meu pedido de confirmação para domingo, recebi, de uma das minhas pessoas, este mail. É delicioso.
R.
bem sabes que para o clã xxxxx a festa de zzzzz equivale às corridas de cavalos de Ascot em Inglaterra.
Para nós é como a abertura da Saison, o equivalente ao primeiro de Maio para os sapatos brancos.
É, ao fim e ao cabo, o anúncio de que está aí a Primavera e o bom tempo e a confirmação de que os bons amigos também se conhecem à mesa e à conversa em casa de outros amigos.
Conta com os três de wwwww!
Beijos ao clã yyyyy.
P.
Adoro festas assim e ainda mais adoro ver os meus amigos reunidos com a minha família. É uma alegria. beijinho
ResponderEliminar:)
EliminarBeijinho, Leope.
Volta sempre!
Me too. Adoro arraiais, bailaricos,ranchos folclóricos ( em tempos tive muita vontade de pertencer a um clube destes...), festas de coreto, fanfarras...
ResponderEliminarBj.
C (en)
Eu só não aprecio muito é ranchos folclóricos, confesso. Acho aquilo um bocado repetitivo :)
EliminarBeijinhos*