Ainda falo com voz de homem das obras, ainda tenho muito ranho para deitar cá para fora, ainda respiro pela boca (Bruno Nogueira, é só mesmo por causa da porra da faringite... não te ponhas com ideias), ainda tenho uma tosse que faz temer que me saia um pulmão pela boca a qualquer momento, as caixas dos comprimidos (vários) ainda só vão a meio, ainda sinto um miar no peito e ainda dou por mim a deixar de suar e a ir aquecer a botija de água quente, no espaço exíguo de poucos minutos. De resto, já estou boa. Segunda feira, se tudo correr bem, volto às aulas e tudo. Nunca me lembro de ter faltado a uma aula por estar doente, mas pronto, na segunda feira não falava, basicamente sussurrava e com dores na garanta como se estivesse a engolir facas afiadas. Achei que isto lá ia com chás e mel, mas o meu homem e os meus pais já sentiam falta de me ouvir e lá me convenceram (a custo) a ir ao hospital. Diz o médico que os brônquios estavam como haviam de ir e que não sabia como é que eu tinha chegado àquele ponto e que, a somar a isso, havia neve em tudo o que se via de cada vez que me mandava abrir a boca e deitar-lhe a língua de fora. Era todo um povoado de pontos brancos que fazia do meu interior uma linda réplica da Serra da Estrela. Tenho estado de molho como não há memória, imprópria para qualquer tipo de serviço mais exigente que fazer a cama ou lavar duas peças de loiça seguidas. Uma miséria. Apesar de tudo, há vantagens, nisto. Dois dias em casa dos meus pais e fiquei a saber que há três novelas à noite na SIC e que a Maya foi substituída por uma tal de Maria Helena que ontem disse que a música boa para os sagitários dançarem era kizomba (!!!) (Só de me imaginar a dançar kizomba, os meus brônquios dão sinais de quererem ficar pior...) Gostava de voltar a trabalhar, mas deve haver qualquer ligação entre a faringe e os meus dois neurónios, porque nada justifica que os tipos se fatiguem mal me dá para pensar em qualquer coisa mais séria. Tem-me restado reflectir aturadamente sobre as vantagens de cada Norte Coreano enfiar uma tigela na cabeça, cortar o cabelo à medida e a seguir gastar um frasco de laca a fazer uma poupa. É a vidinha a acontecer e eu a ver se não a deixo fugir. Voltei, pessoas. Mas ainda só a meio gás.
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