segunda-feira, 20 de julho de 2015

Soma e segue


O Piódão era um sítio que há muito queria conhecer. Massacrei, literalmente, o meu homem para me fazer a vontade. Por qualquer alinhamento estranho dos astros, quando eu tinha quase abandonado a ideia, mais do que convicta de que ele nunca, em bom rigor, sequer me ouvira, acenou-me com um fim de semana a dois na aldeia de xisto. No sábado, levantei-me eram sete menos um quarto, depois de na sexta me deitar às duas, para conseguir levar para o fim de semana a cabeça vazia de trabalhos urgentes. Corrigi provas com o mesmo sono que ganas que tinha de dois dias (quase) inteiros de namoro, passeio e descanso. Consegui. Acordei-o com a boa nova, arranjámos meia dúzia de coisas e lá fomos. O Piódão é bonito. Então à noite, da varanda de um quarto sobranceiro à aldeia, as luzes em presépio são mesmo, mesmo, mesmo bonitas. É bonito, mas é um daqueles sítios a que se vai uma vez e está visto. A estrada para lá faz enjoar até os condutores, obriga todos os ocupantes do carro a contrair os músculos da cara com medo das ravinas. É selvagem, inexplorado, com a pacatez de um tempo que só se encontra depois de dobrados vários montes e outros tantos vales, quase incompreensível para os adeptos dos dias frenéticos de sons e afazeres. O Piódão obriga a desacelerar, quanto mais não seja pelas ruas íngremes, difíceis de subir (e também de descer), pelo polimento traiçoeiro das pedras a chamar os rabos ao chão e pelas soleiras das portas enfeitadas de gente a mastigar o vagar de sair pouco ou nada dali. Gostámos muito. Tirámos muitas fotografias. Mas está somado à nossa lista de lugares e agora, bem, agora é tempo de somar outros lugares à lista. Nas férias... que só fazem tardar, caracinhas. Boa semana.

P.S. Foto do meu rapaz.

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