Com o calor que está, trabalha-se melhor de janelas abertas. Estou para aqui numa luta de titãs com Aquilo, a ler e a escrever (a ler mais do que devia e a escrever menos do que gostaria, mas enfim), quando, há pouco, os miúdos do prédio decidiram vir brincar, como é de seu costume, para os terraços que dão acesso às garagens. Jogam à bola, andam de bicicleta, inventam nomes para cartadas novas, trazem skates e patins e sei lá mais o quê. Depois de um bocado, cansaram-se e puseram-se todos numa amena cavaqueira, sentados nos muros ou apoiados nos gradeamentos. Falavam não sei de quê, que não lhes prestava muita atenção, quando os ouço, mais afectados, erguerem as vozes com nomes em estrangeiro. Apurei o ouvido (melhor, pelas almas!) e descobri então que a "questã", como dizem lá na minha aldeia, se prendia com as condições "assustadoras" e o espaço "minúsculo" dos quartos dos hotéis em Veneza. Todos lá tinham ido, mas havia um mais indignado que os outros, barafustando que o pai já ameaçara não estar para dar mais vezes aos 500 e 600 euros por noite em hotéis que enganam nas fotografias. Que bom, mesmo, parecia o da Abumamaimu (e pronuncia correctamente o nome da mulher do Clooney, coisa que eu ainda não faço...), mas que a mãe tinha escolhido outro, porque uma amiga lhe tinha dito que era superior. Os outros não se ficavam. E adiantavam as más experiências nas capitais praí de dez países. Os putos não têm mais de oito anos. E isto faz-me impressão. Tanta coisa linda em que pensarem e apoquentam-nos as condições "assustadoras" e os espaços "minúsculos" dos hotéis de cinco estrelas. Ai Mundo, Mundo!
Sem comentários:
Enviar um comentário