Cumprindo a anual tradição de abalar os ossos à Capital para nos pormos a par das andanças de La Feria, este sábado, lá fomos. Assim se findava o tempo de ler o Laborinho Lúcio, mas em versão romance, e de acordar depois das oito. Por estes dias, com convicção mais forte dos outros que minha, mas cá vamos indo, já damos o litro de roda d' Aquilo, a ver se acabamos Aquilo antes que Aquilo acabe connosco. Dizia, lá fomos. Vão longe os tempos de My Fair Lady, Música no Coração, Piaf ou Uma noite na casa da Amália. O espectáculo agora em cena é uma revista. E uma revista em que, na economia global, ganham a dança sapateada e o Ricardo Soler. Deixei de poder com o Ricardo Soler. Cansou-me a beleza. Privou-nos tempo de mais das peripécias da Marina, do Raposo ou do Monchique. Cantou de tudo e mais alguma coisa e prolongou uma segunda parte em agonia até às oito da noite. Do camarote onde me encontrava, via parte dos bastidores e isso, pensando que não, também diminui a magia do teatro. La Feria continua a merecer que me abale anualmente ao Politeama. Mas tem de voltar a conquistar-me com piadas das boas e não daquelas que já ouvi mil vezes e estão no Sagrado Caderno das Piadas Secas. Seja como for, valeu pelo gelado da Santini, pelo jantar no Cais da Pedra e pela descoberta, arrebatadora, ao cabo de tantos anos, dos Painéis de São Vicente e das Tentações de Santo Antão, no Museu Nacional de Arte Antiga.
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