terça-feira, 31 de agosto de 2010
Eu gosto de ouvir a voz dos meus amigos
O H. é o amigo-irmão. Sabe da minha vida como poucos. Vivemos juntos no tempo da faculdade. Fez centenas de quilómetros para ir ter comigo a Itália porque eu chorei ao telefone a dizer que não queria ir a Roma sozinha. Casou com uma das melhores pessoas que conheço. Das melhores amigas que se podem encontrar por aí. Liga-me quando menos espero, só para deitar conversa fora. E eu gosto de ouvir assim a voz dos meus amigos. Faz-me bem.
Pequena R. na cozinha
Não deixei esturrar as empadas de galinha. (Sim... eu nunca fiz mais que pô-las no forno e... mesmo assim... às vezes consigo destruí-las, deixando-as esturrarem-se todas!!!)
Em compensação, o arroz de legumes adoptou o lema de "unidos, venceremos". (Eu até faço um arroz mais ou menos... mas hoje... não sei... não calhou!)
Deve haver uma explicação científica para esta minha limitação relativamente à culinária. A sério que sim... Isto não é normal!
Não gosto...
Não sei se têm noção que neste momento começou a trovejar ininterruptamente em Coimbra. E agora mesmo vi um raio. Não gosto disto...
Pitas histéricas
No raio de uns dois km, tudo ficou a saber que a Bê (?) tinha curtido com ele, mas que não tinha sido bom. E risos. Estas manifestações públicas de estupidez acompanhadas de gritinhos, suspiros e expressões como "dasse" "bué" e "ca cena" dão-me vontade de desatar a distribuir estalada e berros de "calem-se, por caridade!".
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
O nosso mundo
Que importa o mundo e as ilusões defuntas?...
Que importa o mundo e seus orgulhos vãos?...
O mundo, Amor?... As nossas bocas juntas!...
Florbela Espanca, in "Livro de Sóror Saudade"
Não resisto*
Foi publicada hoje a 19.ª alteração ao CPP.
Não gostei de algumas coisas.
Não me seduz a nova redacção da al. d) do 68.º e ainda estou a tentar digerir a novidade da sentença oral!
* Não gosto muito de falar de trabalho aqui... mas isto era imperdível... Agora falta a lei substantiva, meus amores... Vão lá ver se não querem mesmo alterar nada... Ponham-se a ler, ponham-se a ler...
Vá, coragem...
Na estrada
Sabem quando vão para um sítio novo, onde não conhecem ninguém, não têm gps (ou não o sabem usar...) e recorrem ao velho método de parar e perguntar a quem vai a pé? Pois bem... numa recolha familiar das melhores piadas a esse nível, encontrámos esta lista de imperdíveis.
Bom dia, sabe dizer-me como é que se vai para X.?
1) Isso não tem nada que saber... Ora bem... deixa cá ver... ahhh... hummm... como é que eu agora lhe explico?! (Pois...)
2) É sempre em frente. (Mas... em frente estava o rio Douro...)
3) Ah, isso é fácil, chega ali à casa do meu irmão e vira à direita. (E... quem é o seu irmão?!)
4) Oh... isso agora tem de ir dar uma ganda volta! (Jura...)
5) Oh... isso não é para aqui. O melhor é virar e ir perguntando por aí. (Ah... tá... obrigada!)
E as mais espectaculares... verídicas!
Então e isso ainda fica longe?
1) Bem... daqui lá são para aí uns 5 km, mas para si, que vai de carro, fica mais perto. (Luxos...)
2) Olhe... eu cá quilómetros não sei, mas de burro demora-se sempre uma tarde! (ahahahah)
Tic tac
Pérolas da inocência... o que eu me divirto com isto...
Episódio 1
F. Tia, aqui não é onde há aquele restaurante da China que à frente tem uns barcos?
Tia: É um bocadinho lá mais para baixo, o chinês de ao pé da ria.
F. Sabes, um dia destes podíamos ir lá outra vez... gostei tanto daquele arroz tó-tó...
Episódio 2
F. R., tu podes ter filhos gémeos?
R. (?) Não sei... talvez...
F. E tu gostavas?
R. Também não sei...
(Cinco minutos depois)
F. E filhos triplés?
R. Filhos quê?
F. Dois gémeos e mais outro gémeo. Filhos triplés.
sábado, 28 de agosto de 2010
Ir às flores
Não é florista quem quer... é florista quem pode!
Em Coimbra, depois de longas demandas rua acima e rua abaixo ao longo dos últimos 10 anos, encontrei A florista. É verdade que há outras que fazem bem decoração de eventos, ou ramos de noiva, ou até, pasmem-se, conseguem ter arte para tornar menos horríveis aqueles emaranhados de flores com folhas de metro que por cá se usam nas mesas dos conferencistas. Pois bem... a Dona C. faz mais que isso. Faz de cada oferta um presente inesquecível. Foi ela que concebeu a mais bonita "molhada" de tulipas brancas que já recebi... com um travo a eucalipto. Hoje, há pedacito, fui buscar uma encomenda que lá tinha deixado. Umas flores para a dona da casa onde almoço amanhã. Tinha pedido uma mistura. Não... não precisam de ser só tulipas brancas... não é para mim... Confio em si. Vá... Até amanhã. E, mais uma vez, conseguiram fazer de um punhado de flores de toda a raça uma obra de arte. A simplicidade das obras de arte mais perfeitas. A luz das melhores obras de arte. A cor, a suavidade, a singularidade... tudo lá.
Porque... melhor que um ramo de flores feito a pensar em nós... só mesmo uma flor do campo com uma gota de orvalho ainda visível.
sexta-feira, 27 de agosto de 2010
Podia bem acontecer...
Eu sou tão simpática com as pessoas da Romeu... e com as meninas da Pedra Dura... e com o menino da Almedina... e com quem trabalha em lojas de roupa gira...
Aconteceu
O sapateiro não me levou nada de arranjar umas sandálias porque, segundo ele, sou muito simpática. Insisti. A sério que sim. Mas ele continuou a dizer que não era nada e a acompanhar-me à porta, com um "Vá com Deus, menina!".
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Verdades e assim assim
Estou a precisar urgentemente de uma secretária. Isto de trabalhar no sofá não está a render o que devia...
Entretanto,
vou só ver o Shrek e o Toy Story, porque não se pode apagar a criança que habita em nós...
A menina quer...
Ir ver o bailado "Romeu e Julieta", pelo Moscow Ballet, dia 23 de Setembro, ao TAGV.
Ir ver "Sexo? Sim, mas com orgasmo", monólogo da Guida Maria, até dia 3 de Outubro, ao Auditório do Casino Estoril.
Ir ver o Cirque du Soleil, entre 13 e 24 de Outubro, ao Pavilhão Atlântico.
Ir ver "O lago dos cisnes", no gelo, entre 16 e 21 de Novembro, ao Coliseu do Porto.
Reduzi a lista ao máximo. Só lá pus o que ainda não vi mesmo. Não peço para repetir a Carmina Burana, nem o Quebra Nozes, abdico de peças mais ou menos convidativas e não ouso fazer muitos olhinhos a cinema e exposições... Fui muito contida, é o que é. Se vivesse em Lisboa desgraçava-me nestas coisas...
Depois há ainda os imperdíveis concertos de Natal e Ano Novo do CAE, que não são novidades, mas a que também não posso faltar, porque são, vá, clássicos destas minhas listas de vontades!
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Equilíbrio
Nós temos cinco sentidos:
são dois pares e meio de asas.
- Como quereis o equilíbrio?
são dois pares e meio de asas.
- Como quereis o equilíbrio?
David Mourão-Ferreira
Recado #2
Os golpes do baú não costumam ser praticados por raparigas inteligentes, mas sim por tipas espertas. Os golpes do baú não são um modo de vida para mulheres com carreira, mas para achadiças que nunca souberam fazer nada. Ninguém que pode discutir os padrões na nova colecção, versos da Florbela Espanca ou crimes de perigo abstracto marca almoços com amigas para falar de golpes do baú.
Há homens que não merecem as mulheres que lhes aparecem à frente, sinceramente!
Recado
Homens: há uma diferença muito grande entre ser bruto e ser sincero! MUITO GRANDE!
E pensar que ela ainda põe a hipótese daquilo ter sido mesmo sinceridade. Pelo amor da Santa... Deus me livre e guarde...
Sometimes girls talk about boys...
Uma: Amiga, estou apaixonada!
Outra: A sério?! Fico tão feliz por ti!
Uma: Calma. Ele já me partiu o coração.
Outra: Oh... não pode ser... Conta-me tudo.
Uma: Já conto. Diz-me de ti.
Outra: Pois... se calhar... sei lá... um dia destes também te digo que estou apaixonada.
Uma: Mas... do que é que estás à espera?!
Outra: Calma...
Uma: Não me digas que ele também já te partiu o coração?!
Outra: Não! Mas digamos que também ainda não teve oportunidade...
Sorriso
Sorriso audível das folhas
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.
Não és mais que a brisa ali
Se eu te olho e tu me olhas,
Quem primeiro é que sorri?
O primeiro a sorrir ri.
Ri e olha de repente
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.
Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
Para fins de não olhar
Para onde nas folhas sente
O som do vento a passar
Tudo é vento e disfarçar.
Mas o olhar, de estar olhando
Onde não olha, voltou
E estamos os dois falando
O que se não conversou
Isto acaba ou começou?
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
terça-feira, 24 de agosto de 2010
Rifem-me*
Acabo de queimar um vestido de seda com o ferro.
Não, não é a primeira vez que passo a ferro. Não, não é a primeira vez que passo seda a ferro. Sim, já queimei uma peça de roupa. Tinha uns 14 anos e fui passar uma écharpe da minha mãe para um casamento, porque ela estava muito mais atrasada que eu e... queimei a écharpe. Desde aí, não, nunca mais queimei nada. Até hoje. E, sim, tinha o ferro programado para seda. E estava a passar do avesso. Só não tinha um pano entre o ferro e o vestido. Foi o meu único erro. E valeu-me um vestido.
* Isto há-de ser o "Clic off" mais imediato para qualquer sogra. Andar uma mãe a criar um filho para ele se deixar levar por uma triste que nem tratar da roupa sabe.
Cicatriz
Já posso usar pomada cicatrizante. Momento de alegria. Uma coisa como as pessoas. Breve. Informação médica. Por uma questão de precaução alérgica, vou usar...
...
...
...
adivinhem...
...
...
...
pensem lá...
...
...
...
vá... um nome ao calhas...
...
...
...
sem medo...
...
...
...
arrisquem...
...
...
...
HALIBUT (pomada... aquela que cheira a... pomada, sei lá!)!!!
Sou uma rapariga simples...
segunda-feira, 23 de agosto de 2010
Step by step
Quando começas a procurar músicas pelo título e perdes tempo a ver as letras... já estás que não dá para aturar. Eu já te conheço, pequena R.. E tu já devias saber que é assim que começa sempre aquela vida que acaba num mar de lágrimas e sussurros de "porquê, mas porquê, mas... pooorquêêêêê?!".
Ora então...
agora que já disse umas coisas que estavam aqui entaladas, vou pôr roupa a lavar e depois pintar as unhas!
Entretanto, tenho de continuar nos meus treinos. As últimas sandálias que comprei magoam-me um pedacito, por isso, quando estou em casa, à noite, ando de camisa de dormir e sandálias (tão fina), para ver se se dão mais ao pé...
O infeliz
Um par de estalos
Um par de estalos a quem disse a este miúdo que "Olhe, tenha lá paciência, mas NÃO!". Dois pares de estalos a quem manda no desgraçado que deu a cara para dizer NÃO. Três pares de estalos a quem, depois de uma notícia destas, começar a assobiar para o lado ou a falar da artrite reumatóide. E, não, não vou dizer que "é o país que temos". Acho mais sensato admitir que "é o país que somos". E pensar que conheço gente cujos filhos têm escalão A desde a primeira classe e que se passeia de Jaguar... Era agora todo um tratado. Começávamos aí e acabávamos no Rendimento Mínimo e nos 13 motoristas do nosso Primeiro. Nem há mãos para tanto par de estalos em falta...
Estou tão feliz...
Gosto tanto deste tempo...
Dispenso a chuva quando tenho de sair de casa... Mas a temperatura, a temperatura está perfeita!
sábado, 21 de agosto de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
Verdades e assim assim
Pus-me a ler porque me apetecia... acabei por encontrar o que, mesmo, mesmo, não queria!
As pessoas sensatas e eu
Há as pessoas sensatas. Depois existo eu. Hoje tive de ir a uma das capitais de consumo cá da terra. Ia já a sair, depois de 10 segundos para entrar na escada rolante, quando ouço beijinhos repenicados a serem mandados justamente para mim. Viro-me... convencida... e eram mesmo. Dela! A G. é uma amiga kika maravilha que o blog me deu. Já me deu outras amigas e amigos... e acho até que mais cedo ou mais tarde me há-de dar o amor da vida... Pois bem... Vi-a e quis voltar atrás... E então, o que é que eu penso fazer? Ou melhor, o que é que eu não penso... Sim... porque só quem não pensa... Descer as escadas... que iam a subir. Ora, se bem se lembram, eu torço pés a andar descalça, eu nunca na vida consegui saltar aquela coisa que era um cavalo de madeira na Educação Física. Começava a correr, chegava lá e... alto! Travava! Portanto... eu tinha boas notas a Educação Física quando, por sorte, lá torcia um ou dois pés e a minha avaliação era feita com trabalhos escritos (tive 5 num de patinagem... sem nunca na vida ter calçado uns patins...). No máximo, dava alguma coisa para a caixa quando o professor não estava para se chatear e nos deixava jogar ao mata. Adoro jogar ao mata. Eu, pessoas, quis conquistar o A., quando andava na segunda classe... e lembrei-me que infalível, infalível, era saltar o muro de chapisco, como faziam os rapazes. Está-se mesmo a ver que não há tipo que resista a uma princesa, de trancinhas e vestidos de bordado inglês, destemida ao ponto de saltar muros de chapisco. E saltei. E caí. E esmurrei-me toda. E pronto... o A. foi à vida dele. Tosco. Pois bem... eu, uma pessoa que tem este historial, decidi ir ter com a G. a descer a escada rolante que subia. Valeu a rápida, providencial e sensata manifestação de "tem juízo" e "não te mates já aqui" da rapariga, que me relembrou que eu podia subir e depois... descer. E assim foi. E demos um xi. E marcámos qualquer coisa para qualquer dia em qualquer lado. E gosto dela. Mesmo sabendo que é pitosga. E que, por isso, diz que eu sou linda. E acredita. Mas as pessoas que veem mal são assim. E não têm culpa. Coitadinhas. É coisa de saúde.
Burocracia, a quanto obrigas...
A Universidade informa que só me contrata se eu provar que concluí o mestrado, pré-bolonha, com 18. Onde? Na Universidade.
Ora bem, Universidade, importas-te de te organizar? De criar aí uma gaveta onde ponhas o nome das pessoas a quem dás títulos? Fica-te mal não saberes a quantas andas. É que, vê lá tu, vou ter de... te pedir um certificado para... te entregar depois a ti! O que te vale é que eu sou uma rapariga que hoje nem está para se chatear. Ah... e também ajuda ter amigos. Sabes onde? Na Filantrópica. Conhecem-me desde quando tinha 17 anos e achava que o código civil era para os alunos de... Engenharia Civil (está-se mesmo a ver!!!). Aturaram-me a fazer requerimentos de melhoria de nota, suavizaram a voz para me dar as notícias de chumbos, inscreveram-me nas orais obrigatórias. Foram eles que me avisaram que tinha acabado o curso, por volta das 10h da manha do dia 1 de Julho de 2004. Foram os primeiros a dar-me os parabéns. Fazem-me todos os favores, tratam-me como se tratam os amigos, dão-me mimo à carrada. Foi para eles que enviei postais todos os natais e foram eles que souberam antes de quase toda a gente as notas que tirei em Itália. Também lhes mandava postais de lá... Portanto... vão abalar-se, ainda hoje, em tempo record, para me conseguir, de ti, aquilo que depois eu tenho de ir entregar... tcharam... a ti! Só tu, cachopa! Deves estar a ficar tótó... mas pronto... quem me dera chegar à tua idade e ainda estar aí para as curvas! És uma manienta, é o que é!
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Wishlist
Um "dorme bem", acompanhado por um beijinho na testa e a promessa de que, amanhã, sem falta, íamos comprar amêndoas laminadas para despejar na embalagem dos flocos*. Era isso.
* Eis das declarações de amor mais genuínas... Paciência para nos aparar os pequenos jogos... capacidade de nunca nos negar os mais simples mimos.
Reclamação
Senhores da Nestlé, os meus flocos preferidos são os Clusters de amêndoas. Do que eu mais gosto é das amêndoas. As amêndoas laminadas. Os flocos são de amêndoas. São meus preferidos por serem de amêndoas. É normal que a parte de que eu mais gosto sejam... as amêndoas. Então... podem explicar-me por que razão as embalagens trazem cada vez menos amêndoas?! É que se continuarem assim, é melhor mudarem o nome para Clusters de tudo menos amêndoas. E isso vai deixar-me triste. Porque eu gosto é das amêndoas. Podem, por favor, investir mais em amêndoas?! Obrigada.
Laurissilva
Eu e o G. trabalhamos sempre juntos, parecemos o Roque e a Amiga. No ano passado, a trabalho, tivemos de ir à Madeira. Já ambos tínhamos estado na ilha, mas nunca juntos. E isso faz diferença. Quisemos organizar-nos para um programa diferente. Mas eu estava a dias de defender a tese e ficou ele com a tarefa de nos organizar o roteiro para o fim de semana que colámos aos dias de trabalho. Pois bem... o rapaz decidiu que a malta ia conhecer... a Laurissilva! Ora, a Laurissilva não é uma floresta com um portão à entrada e cercada por um arame farpado. Mas nós achávamos que sim... Portanto... demos duas voltas à ilha, vimos em mapas e nunca encontrámos a porta. Até que decidimos recorrer ao velho método de parar numas bombas para perguntar. Ficou tudo com pena da nossa ignorância. Estávamos, segundo o senhor, no meio da Laurissilva, menina. Mas... por onde é que eu entrei? É tudo a Laurissilva, menina. Tudo. E nós a achar que a floresta era linda, pois era, mas se aquela era assim... então a Laurissilva devia ser brutal. Saímos das bombas e demos mais umas voltas. Eu batia-lhe, maldizia a figura triste e ria-me à gargalhada... Ele, solene, repetia "Aprecia a Laurissilva".
Estava agora a dar uma reportagem sobre a Madeira. Falaram da Laurissilva. Não resisti. Mas ainda lá hei-de voltar com tempo de andar a pé... agora que sei que se pode entrar por qualquer lado. Duh!!!
A Arte da Alegria, pp. 526-527
"Agora percebo, aprendi muitas coisas na vida, mas nunca a prevenir o amor... Pode-se prevenir a inteligência dos outros, os acontecimentos históricos, até o destino - admito, até o destino - mas nunca o amor! E se... não me dizia, como podia eu saber que a indiferença que julgava sentir por aquele homem, a distracção... mais não eram do que tentativas de fuga daquele compromisso misterioso que sempre incute receio...
Mas agora que descobrimos, se quiseres, podemos seguir caminho juntos por algum tempo. Há muitos anos que estou sozinho, e andar pelo mundo sozinho cansa. Queres vir comigo?
E foi assim que a vida, com um gesto simples... me ofereceu o presente mais bonito que uma mente infantil alguma vez podia imaginar. E daquele homem... descobri dia após dia, ano após ano uma riqueza de experiências e de conhecimentos que só um corpo adulto pode ter. Com ele aprendi a arte, que ainda desconhecia, de entrar e sair da... terra, de a esquecer pontualmente, viajando por continentes e oceanos diferentes... Para não falar das nossas tardes e noites. Quem me dera poder detê-las! O estarmos sozinhos, mãos nas mãos, olhos nos olhos, a contar um ao outro impressões, intuições, palavras. Não, não se pode comunicar a ninguém esta alegria cheia de excitação vital de desafiar o tempo a dois, de se ser companheiros a dilatá-lo, vivendo-o o mais intensamente possível..."
Aluga-se
concentração. Urgente. Caso de pessoa que precisa de trabalhar e só faz caçar pensamentos rebeldes e tentar domá-los. Grata.
Be free, be happy
Tão, tão, tão verdade...
Eu quero a paz de viver da melhor maneira que souber, o conforto de poder ser o melhor que conseguir, a felicidade de não ter de falar quando não quiser, não ter de perdoar quando souber que não é possível esquecer, de, nunca por nunca ser, permanecer só porque tenho medo de ir. Quero. Quero isso... afinado a quatro mãos, amadurecido em dois corações. Com a naturalidade do que é... porque só tem sentido a ser.
Icanread, where else...
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
Pressoterapia*
Já fiz. Aquilo aleija. Muito. Parece que estamos a sufocar. Só que só nas pernas. Não resolveu nada. Estrias: estão cá! Celulite: acho que até já ia sentir falta dela se um dia desaparecesse... é uma amizade de anos. Volume, densidade, textura, o diabo a sete que eles inventam... tudo na mesma. Com bónus de uma cicatriz, agora, e tudo. Lá no meu Spa do coração bem tentam convencer-me a voltar... que desta é que é... mas não vale a pena. Já disse que aquilo aleija? Muito? Pois... uma pessoa já tem dores que não pode evitar... Ainda agora pagar para lhe sufocarem as pernas... Não vale a pena!
* Se algumas pessoas soubessem a figura que nós, mulheres dadas a estas experiências, às vezes fazemos... É que é com cada figura... Isto, máscaras faciais, envolvimentos de corpo e depilações em lugares remotos... são a visão da treva...
Incendiários e pirómanos
Por mim, era atirar-vos ao mar com uma pedra atada a cada perna e as mãozinhas algemadas.
Nota: É melhor que eu nunca chegue a mandar nada na justiça deste país...
Pendura
Eu sou um bocado má companhia para viagens à noite, de madrugada e depois de almoço... Digamos que... me dá o sono! E com isto quero dizer que inclino o banco e durmo. Durmo mesmo. Não ressono, porque, ao que consta, não ressono mesmo, mas durmo. É o que conta.
Se bem se lembram, eu adoro conduzir. Mas é se for sozinha, sem ninguém a meter conversa, com a música aos berros e a cantar tão mal que há pássaros que até voam mais alto só para não ouvir. Melhor que isso, só mesmo ser pendura de alguém com uma condução certinha, um bocadinho acelera (eu não gosto de andar a pisar ovos), mas que me dê o conforto da segurança. Nesse caso, converso muito bem... sou muito boa companhia. Só peço é que, para evitar maus humores, quando me dá o sono, me deixem dormir!
terça-feira, 17 de agosto de 2010
Só porque
...
Nesse verão, o vento despenteou os campos
e os barcos andaram aos gritos sobre as ondas.
...
Já não sei o que disse e o que disseste:
o verão desarrumou os sentimentos.
Maria do Rosário Pedreira
Pequena R., pequena R.,
deixa-te estar sossegadinha. Ainda te magoas. Sossega, criatura. O que tiver de ser... dizem que será!
Esqueci-me de uma coisinha...
um pequeno pormenor de pouca importância...
Preciso de uma televisão em condições.
Estou indecisa: ou a peço aos meus pais como presente por eles fazerem na próxima semana 30 anos de casados ou começo a suspirar de cada vez que vejo um LCD e pode ser que eles tenham pena de mim...
Também há a hipótese de jogar no Euromilhões, ou de investir parte do subsídio de Natal ou de adiar a viagem para que ando a poupar (sim... eu também sei ser poupada, não se ponham a atirar pedras)... mas isto são tudo soluções um bocado demoradas...
Parece que sim
Vou deixar de ter só 4 canais...
Estou um bocado contente, portanto :)
*As mordomias da casa dos papás habituaram-me mal... Ele é videoclube na TV, ele é parar o Telejornal para ir tomar banho, ele é ver a minha querida Mafaldinha a cozinhar, ele é o Panda, ele é CSI, Houses and so on à hora das novelas da TVI... Tinha de fazer este investimento... era uma necessidade... não um luxo...
E uma pessoa sem se poder rir...
- Tenha em conta que o juiz pode querer conferir isso.
- Não tenho medo nenhum. Quem quiser conferir, cunfra.
Verdades e assim assim
As minhas violetas estão em agonia... 15 dias sem serem regadas deram nisto... Desde que cheguei que, de hora a hora, lhes prometo não as deixar sozinhas tanto tempo nunquinha mais... Não sei se vai resultar...
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Como é que eu não hei-de adorá-los?!
Kika minuin: R..inha, a minha melhor amiga é a M.S., que é da minha idade, percebes?!
Eu: Sim. Mas tens outras amigas, Kika. Olha, por exemplo, as meninas que vão sempre aos teus anos, são tuas amigas...
Kika minuin: Sim... Mas a minha segunda melhor amiga és tu.
Eu: Eu? Mas eu sou tua madrinha.
Kika minuin: Eu sei. E as minhas amigas não percebem quando eu digo que tu tens de ser a minha segunda melhor amiga.
Eu: Pois. Porque eu já sou um bocadinho grande.
Kika minuin: Mas eu já expliquei. É porque tu és como as outras madrinhas, só que muito mais simpática e muito mais linda.
domingo, 15 de agosto de 2010
Honorários
Uma carta para o Delegado de Saúde vale...
...
...
...
...
...
um bilhete para ir ao circo que está no mercado velho da Praia.
Eu acho isto tão giro...
Há dias, só por um conselho, recebi uma saca de cavacas!
Adorei!
Ódio de estimação XIV
Penteados com canudos a saírem de apanhados ou farripas que descem pela cara abaixo e tapam os olhos...
Arranjar o cabelo para casamentos, baptizados, comunhões e jantares de festa corresponde a um banho de salão com uma máscara um tudo-nada mais hidratante que aquela que usamos todos os dias e um esticadinho mais perfeito ou uns caracóis naturais mais definidos à custa de alguma paciência que em casa nos falta.
Não... nem nos bailes de gala me rendi a pendurezas com brilhantes e laca e gel e coisas assim...
No máximo... na loucura... lembro-me do dia da comunhão solene, em que usei a minha trança de todos os dias, só mais direitinha, com rosas de Santa Teresinha aqui e ali. Ah... e porque ia de hábito. Básico. Não... na minha terra não se usam mini vestidos de noiva para comungar.
A que preço?!
Mestrados cresceram cerca de 600 por cento
Nada de apologias de "no meu tempo é que era". Nunca gostei que me dissessem isso a mim. Tento não o dizer a ninguém. A não ser que se trate de uma situação verdadeiramente escandalosa. Esta é. O meu tempo foi há meia dúzia de anos. Não importa. A mudança, a reviravolta, a bomba... é bem mais recente. Sem esparguete. Podia ter sido um passo de gigante em direcção a uma coisa tão melhor... Não foi. As aulas práticas continuam a ser frequentadas por 200 alunos. Os professores continuam a não poder aderir ao modelo da avaliação contínua. Ao todo, há dois anos, havia 837 alunos inscritos na minha cadeira. Três pessoas a corrigir. Orais obrigatórias para mais de metade daquela gente. Chumbos directos a reclamarem umas 7 ou 8 épocas especiais de exame. Enfim... o caos. Lembro-me de 5 semanas seguidas a 18 orais por dia, cinco dias por semana. Chegámos ao fim e aterrámos. Não havia hipótese. Sonhava com perguntas para as melhorias. Tinha de ler 3 ou 4 vezes um acórdão para retirar a questão controvertida. Mas isso não é o pior. É mau. É péssimo. Mas não é o pior. O pior são as teses tiradas do google e da wikipédia. As introduções de 10 linhas e as conclusões que começam por "É assim". Isso, meus amigos, é que é pior... Tão pior que há quem nem acredite. Mas é verdade. Eu vejo... ninguém me conta.
Prova dos nove
Ontem tirei a prova dos nove a esse grande assunto de debate nacional que são as bolhas nas unhas. Eu já tinha uma ideia, mas ontem, a vagar, confirmei-a. Digamos que me tenho rendido, nos últimos tempos, a tons mais que muitos de cor de rosa. Portanto... já não pegava no verniz da discórdia há semanas. Ontem, lembrei-me de voltar ao coral. Não tem havido bolhinhas a povoar as minhas unhas, tudo certo. Era garantido. Base. Primeira camada. Três bolhas no anelar esquerdo e uma no indicador direito. Segunda camada. Compasso de espera. Distraí-me na conversa. Olho e... Aaaaaiiiii... As putas. Em matilha. Por todo o lado. Como se as minhas unhas fossem os Alpes. Tirei o verniz. Optei por outra cor. Estão lindinhas até agora.
Pessoas: as bolhas nas unhas dependem do verniz*.
*Pequeno senão, equivalente à excepção que confirma uma regra. Só fico com bolhas nas unhas das mãos. Nos pés não acontece. Esses, estão com as unhas pintadinhas de coral, que bonitos, até agora... sem medo...
Gosto tanto vs nem posso ver
Gosto tanto das dicas da Mafalda Pinto Leite. A sério. Farto-me de anotar receitas. Tenho esperança de um dia ainda conseguir cozinhar com aquela naturalidade com que ela o faz.
Já nem posso ver a Ana Rita Clara no programa de viagens em que muda de roupa 30 vezes em meia hora e quer dar ares de quem chega a qualquer lado e é absorvida pela cultura e ritmos locais. Enerva-me. A miúda enerva-me. E faz jeitos com a boca enquanto fala. Enerva-me.
sábado, 14 de agosto de 2010
Adenda aos posts anteriores
Apaguei o perfil de hi5.
Foi a gota de água.
Eu já não tenho coração para sustos destes.
Só a mim...
é que... só... a... mim!
Recebi um convite para o facebook. Não conhecia a moça. Puxei pela cabeça. Nada. Mas já se sabe que pode ter sido minha colega de turma 12 anos e agora a senilidade não me deixar estar a ver bem. Cliquei lá no link. Cabelos ao vento, foto de perfil... Puxei pela cabeça o mais que pude. Nada. Como se não tivesse mais nada que fazer (afinal só começo a trabalhar mesmo a sério segunda), procurei a moça no hi5. E encontrei. É a (ex?) namorada. Agora digam-me: estas coisas só me acontecem a mim, não é?! É que só a mim...
A (ex?) namorada.
A sério... só a mim!
A palavra mágica
Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.
Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.
Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.
Carlos Drummond de Andrade
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
*
Escuto mas não seiSe o que oiço é silêncioOu deusEscuto sem saber se estou ouvindoO ressoar das planícies do vazioOu a consciência atentaQue nos confins do universoMe decifra e fitaApenas sei que caminho como quemÉ olhado amado e conhecidoE por isso em cada gesto ponhoSolenidade e risco
Sophia de Mello Breyner
Cada cavadela, cada minhoca
De manhã estava frio. A areia estava molhada. Decidimos bater perna.
Entramos numa loja e a minha mãe decide que quer comprar umas sandálias. Experimenta 20. Insisto 20 vezes que as primeiras são as mais giras. Estava decidido. Iam as primeiras. Já ao balcão, a mum lembra-se de me pedir que lhe chegue só mais aquelas. Suspiro e acrescento que "Por favor... aquelas não... são um bocado pirosas." Armada em engraçada e não contente, reincido e digo para a dona "Desculpe lá, mas são... Mas pronto... a senhora até pode ter umas iguais...". Ouço-a, já esforçando-me por escavar um buraco no chão, que sim, é verdade, tem mesmo.
Saímos dessa loja e entramos noutra. Vou distraída com um saco da montra quando sou abraçada e rodopiada por um homem alto e giro, muito boa figura, que me trata pelo diminutivo, associado a um "linda". Olho para ele e transfiguro-me em atrapalhação. Conheço-o, mas não sei de onde (familiar, esta cena, não, caros leitores?!). Como ele continua a mostrar a sua emoção de me ter encontrado, não consigo disfarçar mais e digo, envergonhada, que sei que o conheço, mas esta minha cabeça, valha-me Deus, não sei de onde. "Muitas fotocópias" é a resposta dele, que continua a passar-me a mão pelo rabo de cavalo e a perguntar-me a minha vida toda. Acredito que vou recuperar em segundos daquela amnésia e faço conversa de circunstância. "Ah, pois, fotocópias." A cena dura dois minutos. Não aguento mais. Já a matemática era assim... não conseguia ficar com dúvidas... Viro-me e digo "A sério... desculpa... mas é que eu não estou ainda a conseguir situar-te num cenário de fotocópias da minha vida... Help." Ri-se. Eu penso que, pronto, foi o gajo que me levou os apontamentos de administrativo para África e nunca mais voltou (tive de estudar pelos apontamentos da Xana), será o menino de onde pus a tese a fotocopiar, ou alguém da secção de textos... Não estou a ver. Conta-me tudo como se eu fosse muito tótó (Ricardo, não te atrevas a dizer outra vez que achas que o adjectivo está muito bem aplicado!). Era o terceiro menino da secção de textos. Vejam bem. Saiu há seis anos. Eu também. Lembro-me dos outros dois, não me lembrava dele. Coro feita parva. Pergunto finalmente coisas com nexo. Casou, está feliz, estava de férias. Tudo bem. Damos um abraço final e ele volta a chamar-me pelo diminutivo. Eu devo ser muito espalha brasas... o menino da secção de textos trata-me pelo diminutivo seis anos depois de nos termos visto pela última vez...
Verdades e assim assim
Fui eu que pus no lixo papel que o T. tinha na casa de banho e que dizia "Temos casa de banho, mas também vendemos café." Tenho a certeza que estava enervado quando escreveu e afixou o recado. Não lhe fica bem. Conheço-o desde que nasci e comecei a fazer praia. Um dia, quando souber, ainda me há-de agradecer.
Como é que é possível?!
Ligo-lhe a dizer que segunda começamos a trabalhar e ele pergunta se terça podemos fazer um pic nic...
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
Tenho pena
que Coimbra não seja uma cidade plana. Gostava de voltar a aviar recados de bicicleta, como quando era miúda!
Pequena R., irritada no seu limite, põe o dedo no nariz a um senhor mal educado...
Eu precisava de um peixinho grelhado. Precisava. Mesmo. Só peixinho. Nada de batatas (Não gosto. Só fritas... mas isso é pecado...). Só peixinho e uns verdes para ter o prato compostinho. E lá fomos, em parelha, procurar mesa num canto famoso pelo peixinho. Estávamos na praia. Não era assim nada do outro mundo querer peixe. Mas pronto... Uma fila como da biblioteca geral ao parque verde (vá, menos um bocadinho... digamos do Politeama ao arco da Rua Augusta, pronto)... Pequena R., moça gentil, oferece-se para ir buscar mantimento de revistas cor de rosa. E vai. Pelo caminho acena à senhora da fruta. Chega ao quiosque e está o dono a debater-se com um caramelo a gesticular e a falar francês. Tinha um postal de um barco, a tirar as redes, e queria um poster. Lá percebi e respondi que não havia. Pergunta-me, então, já em inglês (?!), se há numa casa mais abaixo. Respondo que não. Vai a sair e diz para o filho "A gaja diz que aqui não há e lá em baixo também não!". Estive para lhe mandar com o porta moedas no meio dos olhos, mas tive medo de não me fiarem as revistas e eu precisava delas. Paguei. Jurei ao senhor que não tinha nada que agradecer e que lhe gabava a paciência para aturar cromos daqueles. Ponho pernas ao caminho, para subir a rua. Como sei bem que as filas em restaurantes demoram a andar, ainda tenho tempo de passar no estaminé de uns amigos. Beijinhos à família e coisa e tal. Estou bem e recomendo-me. Pois, então a família também vai boa. Sim, em Coimbra. Não foi bem questão de sorte. Farto-me de trabalhar. Mas pronto. Já nem ligo. Quase a chegar ao restaurante, sou abordada por uma das minhas últimas "clientes" sazonais. Lá pergunto se está tudo em ordem e se o namorado da filha já se mancou que não, não tem direito a metada da casa da moça só porque lá dorme. Hello, tá tudo tolo?! Que sim, mas aquilo ficou tremido. Pudera. (Homem da minha vida, se no meio do amor me perguntares se podes ficar com o faqueiro que a minha tia A. me deu, acredita que a nossa relação também vai ficar tremida. Gosto do faqueiro. E tem valor estimativo. Percebes?!) Chego finalmente ao destino. Uns cinco minutos de espera a torrar ao sol e lá entramos. TODA a santa hora de almoço com um galinhaço insuportável. Na mesa atrás da nossa, um tipo armado ao pingarelho que berrava (atenção: berrava) que se não o deixassem pagar a conta fazia um escândalo e atirava um sapato a quem fosse a passar na rua!!! (Primeiro momento sério de choque!) O peixe é demorado. Foi uma hora à espera. Gritos. Conversas com a mesa do lado oposto da sala, onde, pelos vistos, estava alguém conhecido. O restaurante todo parado. As meninas a pedirem que se contivesse. O dono a lembrar o estúpido que não estava sozinho. Uma hora nisto. Uma hora, pessoas. Uma hora. E que "lá" (lá é aquela entidade estranha a que eles se apegam para indirectamente nos chamarem atrasados mentais) é que é. Estava a passar-me. Na minha mesa estavam emigrantes de há mais de 30 anos. E que eu adoro. Portanto, não me ponham a cabecinha em água (mais do que ela já está)... que o meu problema não é com os emigrantes. É com gente parva. Por acaso, estes eram emigrantes. Por acaso, muitas vezes, são. Por acaso. Pois bem. Uma hora naquilo. Até que decide aumentar ainda mais o volume, ao ponto de eu não ouvir a pessoa à minha frente, da minha mesa. Estão a ver o filme?! Começo a passar-me. Muito. E digo para mim mesma que ou se cala ou eu vou lá. Toda a gente a fazer shiuu... mas escondido. Que parece mal ir por o dedo no nariz ao alterado. Até que... vejam bem... a criatura, com, pelo menos, a minha idade (reconheço que a adolescência é cada vez mais tardia, mas quase 30 já são anos suficientes para se ter algum juízo) decide por açucar no café, encher de ar os pacotinhos da mesa e pôr-se a rebentar aquilo como se fossem bombinhas, aos ouvidos dos companheiros. Pequena R., interrompendo a difícil degustação do seu peixe espada, levanta-se e dirige-se ao caramelo. Com o meu melhor ar de gaja compreensiva, de "está tudo na boa, só te estou a pedir"... digo-lhe que, se não se importasse, agradecia muito que fizesse menos barulho porque, caso ainda não tivesse reparado, estava há uma hora a incomodar os clientes de um restaurante inteiro. E obrigada. Acenou-me que sim, mas porque não devia estar a contar. Até que, pessoas... e isto é que me irrita... quem é que decide vir em defesa da honra do seu musculado macho franciú?! A pirosa da mulher, ou companheira, ou namorada, ou o raio que a parta... E começam as pérolas. Que a gaja não está boa da cabeça, acompanhado do movimento de desaparafusação de neurónios, que há gente que não sabe viver, que Portugal é um país livre e... a melhor de todas... que vivemos numa (atenção aos acentos) demócrácia! Pequena R. é rapariga, sabe quem a conhece, para desatar a rir-se na cara da triste visitante da demócrácia, relembrar-lhe que se lá é que se está bem, a malta de cá agradece que não venham estorvar em Agosto e que é mau exemplo para aquelas pobres criaturinhas que estão ali à mesa falar como se estivessem a tentar ver se alguém percebia que tinham caído numa gruta no meio do deserto do Shara em mês em que lá não passa o rali. Mas não. Pequena R. nem tem tempo de reagir. Lei de Murphy a actuar e a empregada decide deixar cair uma bandeja de louça, o que faz um estardalhaço só superado pelos gritos que se seguiram. Até que a barbie (em mau) decide acrescentar ao seu (segundo ela) ainda pouco rico leque de disparates que aquele barulho não tinha sido o marido a fazer (tão kika... a defendê-lo... mereciam-se). Pequena R., num tom sereno, voz baixinha (técnica de quem tem de dar aulas em salas com 200 pessoas... às vezes, nem sai som da minha boca... até que dizem que não estão a ouvir e eu faço que não ligo e então lá decidem calar-se de uma vez para pescar alguma coisa... Resulta especialmente em fase de dicas para os exames... adiante...) apressa-se a corroborar que "nem sempre, nem nunca". Frases assim densas dão nós cegos nas cabeças de barbies em mau. Portanto... o argumento seguinte é de uma categoria equivalente ao "mas eu quero" de uma criança de 3 anos. Diz ela que "quem está mal, muda-se". E é aqui que, sempre baixinho, pequena R. informa que já perdeu o treino para discussões com argumentos tão rasteiros. Ou a criatura se esforça por nos mantermos ao nível do que uma demócrácia merece, ou eu desisto... ou melhor... deixo-a levar a bicicleta (piada do meu irmão que, quando já não está para aturar alguém, remata os assuntos com um "fica lá com a bicicleta". Tem sentido de humor. É meu irmão.) Barbie e Ken pagam a continha e vão à vidinha deles, fazendo uma barulheira pelas escadas a baixo. Todo o restaurante respira de alívio. Saboreio o resto do meu peixinho. Como sobremesa (estraguei tudo... uma alimentação tão correcta e depois... isso... mas estava tensa). Chego ao chapéu, deito-me para uma sesta (Sim... pareço uma idosa.... Eu durmo sestas na praia. Às vezes, até me tapo com uma toalha... Têm sorte de não levar meias...) e ouço a vizinha perguntar à neta se quer "água seca". Penso que já devo estar a dormir... Mas então passam duas pitas com um rádio que fazia abanar a areia de tão alto que estava. Nisto, só comento com os meus "Ah... já sei. Devem ter aberto as portas do Sobral Cid e a paragem da carreira é na Praia de Mira". E deito-me. E durmo.
Só comigo
Eu: Tenho a certeza que o conheço. Tu não?
Ela: Não.
Eu: Pode ter sido nosso colega de curso.
Ela: Talvez.
Eu: Mas de onde é que eu o conheço, pá?! Estou a ficar nervosa de não saber!
Ela: Esquece.
2 horas depois
Eu: Ai, pá... Eu conheço-o. Acredita em mim.
Ela: Ainda nisso?! Eh pá, vai lá e pergunta.
Eu: Oh... não. Uma menina não faz essas abordagens.
Ela: Só lhe vais perguntar se não se conhecem. Não o vais pedir em casamento.
Eu: Simpático, ele, não é?
Ela: Siiimmm?! O que é que ainda estás aí a fazer?! Vai lá falar com ele.
3 horas depois
Eu: Não aguento mais. Vou perguntar-lhe se não fomos colegas de curso. Não dá muita bandeira.
Ela: Faz isso. Pode ser que depois acalmes.
Inspira, expira (Não tenho jeito para isto...)
Eu: (Engolindo em seco) Não nos conhecemos? (Parva. Não era nada disto que tinhas de dizer. Não nos conhecemos? Que tótó! Naba!)
Ele: Sim. Primeiro chumbou-me, depois fez-me prova oral para acabar o curso.
Eu: Aaaaah, tá...!!! (Tótó. O que tu és, R. Maria, é uma grandessíssima tótó! Melhor ar de parva) Bem me parecia! Então e a vida? Vai boa? (Tótó, R. Maria. Grande tótó...)
Amo-te
Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um fruto
ao passar o vento que a mereça.
Eugénio de Andrade
Como é que eu sei?!
O momento de a dizer.
O olhar que a merecer. A gente que a guardar. A voz que a repetir. A coragem que a abraçar. O mimo que a curar. A serenidade que a sustentar. A vida que a viver. Como é que eu sei?!
Como é que eu acerto?!
No momento do preciso olhar da gente que ma repetir com coragem de me abraçar para me curar com uma serenidade que me viva na vida para sempre?! Como é que eu acerto?!
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