E do trabalho que ela dá, caramba!
Mantenho-me muda e queda, à espera que passe. Que passe o dia e se vão as noites povoadas de pesadelos. Há um que me atormenta particularmente e que descreve os Capelos como um palco de um teatro, com muitas pessoas (algumas bastante más) a assistir à peça. Sei mal o papel porque me esqueço muito e depressa das coisas. Não há ponto e eu que me desemerde, que é mesmo assim. Suo em bica que me dou mal com os bafos do estio e nos meus olhos bailam imagens bonitas de sandálias e vestidos de linho. Isso e gente de sorriso, não de tromba de metro apontada a mim. Digo-vos ainda que o palco da cena, lá no meu pesadelo companhia, é de tábuas fracas, intermitentes e cheias de bicho. Se erramos, deslizam-nos os pés de uma cadeira meio coxa, como gelatina em garfos, para os bocados sem tábuas. E uma pessoa não dá parte de apoucada de orgulhos, pelo que passa o resto do tempo com a força toda posta nos joelhos, a latejar, fingindo que a triste cadeira perneta é pouso de entronização. Caem-me aos pés as dores de pernas e de costas e sobe-me até uma picada pelo pescoço acima até chegar rente ao olho direito que treme e me desfoca tudo. Falo de cor e mal. Gaguejo como se houvesse prometido a voz ao Diabo e aquilo não mais tem fim. É, aos meus olhos fechados do sono pesado, mas também a estes abertos de pânico, uma prova de resistência física e emocional que não perdoa meninos. Sinto-me uma caganeta de cão zarolho e coxo almejando ser confundida com trufa. Estou de rastos. Em pé. Que é como, fiquem a saber, custa mais, porra.