segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Malas prontas

Estamos de malas prontas. A torcer para que não sejam precisas pelo menos nas próximas três (vá, quatro) semanas. Ainda não tirámos as fotografias da praxe, grávidas e com o filho a dar beijinho na barriga e coisas dessas. Não sabemos quando teremos oportunidade de o fazer. Temos tido contrações. A dor ciática voltou. Andamos a passo e a gemer. Tudo nos custa, até dormir. Começamos amanhã uma maratona de aulas (em que damos as que era suposto e antecipamos algumas por conta da licença de maternidade) e arguições de mestrados. Vamos passar a dormir fora uma vez por semana, sozinhas, a cento e alguns quilómetros de casa. Haverá aulas ao sábado, também. Temos a nossa Lúcia de férias até ao final de Setembro. As camas, no entanto, não se fazem sozinhas, o chão não se limpa, a louça não se arruma, as casas de banho não se lavam, enfim...  Pequeno F. começou a andar. Ainda não passou dia nenhum, desde essa altura, sem cair. Pede colo. E está pesado. Há muitas, mesmo muitas, ocasiões em que o único colo por perto é o nosso. Não há mais ninguém em casa. Tenho dias em que me sinto a super mulher. Noutros acho só que devo pouco à inteligência. 

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Etiqueta da visita

Desde que fui mãe, a minha regra de ouro é NUNCA visitar uma grávida em fim de tempo ou uma recém mamã sem ser convidada. Deixei de visitar as pessoas no primeiro mês de vida dos filhos. Passou a ser uma falta de educação para mim. Abro uma excepção, lá está, se a mãe me convidar. A mãe. Não é o pai, nem a sogra, nem a prima, nem o piriquito, que sabem tanto de como se sente a mãe como eu sei sobre o fim do mundo. Se a mãe não me chama, eu não vou. Se a mãe for muito, mas muito, mas muito, mesmo muito, muito íntima, visito-a na maternidade. Se não, envio uma mensagem "Amiga, estou à distância de um telefonema. Dispõe para o que precisares. Sei que os primeiros tempos não são fáceis e precisam todos de se adaptar, aí em casa, ao bebé. Beijinhos grandes. Custa um bocado, mas vais ver que é o melhor do Mundo."

Amor é

organizar a roupa de uma pessoa. Pensar nas calças que ficam melhor com aquela camisa ou se é melhor manga curta ou comprida. Tirando a minha mãe, e só quando era mais pequena, nunca tive ninguém que me fizesse isso. Nem quero. Mas se isto é o tipo de coisa que as mães fazem, como é que alguém pode duvidar que seja amor?!

Desabafos

Hei-de criar um blog absolutamente anónimo, penso para mim tantas e tantas vezes. Um daqueles em que quem escreve não é (re)conhecido por ninguém que lê. Um daqueles em que se pode dizer tudo e mais um par de botas sem delicadezas. Um daqueles em que até os desabafos mais insuspeitos têm lugar. Se já me calo por meia dúzia de pessoas, imagino quem tem blogs públicos. Aquilo há-de cumprir, que cumpre, uma missão importante de entretenimento, quer para quem escreve, quer para quem lê, mas, quanto mais público, menos fiel ao que se passa no dia a dia das pessoas. Parece-me a mim. Não vão aborrecer os seguidores e assustar as marcas com desabafos cinzentos, às vezes negros, dos dias piores, daqueles em que já não se pode ver ninguém e a vontade é mandar meio mundo à merda. Há dias desses. No meu caso, tenho alguns. Ando numa fase em que são frequentes. Estou cansada que me perguntem pela barriga e se esqueçam que tenho um filho que também é bebé. Estou cansada que opinem sobre a retenção de líquidos que faz os meus pés incharem e parecerem balões. Estou cansada que se imponham, em presença, numa fase em que quero é paz e sossego. Estou saturada de gente que acha que estar grávida é igual a ter um ligeiro desconforto. Fico tristíssima quando a ideia parte de quem tinha obrigação de saber que estar grávida dói. Que estar grávida no verão e a pegar num filho de 12 quilos dói mesmo para caralho (nunca escrevi esta palavra, mas aqui assenta que nem uma luva), que virar na cama implica sentir que a anca se vai desconjuntar a qualquer momento e que calçar sapatos, enfiar as cuecas, lavar a cabeça ou apertar os fechos de trás de vestidos são tarefas que implicam algum suor para serem executadas. Estou mesmo cansada de quem não ajuda. De quem pede compreensão e se esquece que está a falar para uma pessoa a semanas (quem sabe dias) de parir. Estou tão triste com quem pede doçura e não é doce.